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Hélio Rocha

Repórter de meio ambiente e direitos sociais, colaborador do 247

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Brasil e China esperam novo ciclo de desenvolvimento

Brasil e China; bandeiras (Foto: Agência Brasil)
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Desde o início deste século, as relações bilaterais entre Brasil e China ganharam corpo e se tornaram uma das mais importantes do mundo. O marco inicial desta nova relação foi a viagem do presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2004, em seu primeiro mandato, para visitar o então presidente chinês, Hu Jintao. Daquele momento resultaram ganhos robustos para a economia brasileira, que se aproveitou da valorização da soja e do minério de ferro, graças às demandas chinesas.

O crescimento econômico brasileiro chegou a mais de 7% em 2010, mas perdeu fôlego nos anos seguintes e a recessão chegou em 2016. Hoje, no entanto, o Brasil tem razões para se esperançar na melhora conjuntural. O presidente brasileiro é o mesmo daquele período, agora em seu terceiro mandato, mantendo sua visão sobre a prevalência dos interesses estratégicos nas relações com países emergentes, como a China. E a economia chinesa voltou a crescer e apresentar fortes demandas por alimentos e minérios.

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Por isso, a Rádio International da China (CRI) ouviu três especialistas para entender que caminhos ambos os países devem percorrer, para retomarem as relações de ganha-ganha. Um deles é a coordenadora de cooperação internacional Brasil-China do Instituto Lula, Melissa Cambuhy. Ela diz que a China tem muito a crescer na construção civil. “Ainda existe um amplo espaço de acumulação proporcionado pelo avançado, mas ainda incompleto processo de urbanização chinês, que conta com alta demanda de jovens e famílias ainda interessados em adquirir imóveis.”

Ela afirma que, para retomar a construção civil, o país tem implementado diversas medidas de incentivo à compra de imóveis, como alteração na política de um imóvel por casal, linhas de créditos generosas e flexibilização das hipotecas. “Considerando este potencial e as medidas de estabilização do mercado imobiliário e ativação econômica da urbanização e dos seus potenciais consumidores, as políticas estatais vão criando um cenário favorável para o setor”, explica Cambuhy.

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Já diretor do curso de pós-graduação em China Contemporânea da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Javier Vadell, ressalta a importância da transformação social chinesa nesse processo. “A perspectiva é vermos, nos próximos anos, a classe média saltar de 400 para 800 milhões de pessoas. São quatro ‘brasis’ inteiros, só de pessoas consumindo alimentos e outros bens, derivados de minério. A economia brasileira vai se beneficiar com isso.”

Ele alerta, no entanto, para a necessidade de não acomodação. “As relações econômicas com a China estão bem. Durante o governo Bolsonaro, os contratos foram cumpridos, as exportações e importações aconteceram normalmente. A questão é quem o Brasil vai ser nessa relação, ser vendedor de soja e de minério ou colaborador no desenvolvimento de produtos de alto valor agregado. A China pode ajudar, mas quem toma as principais escolhas sobre isso é o Brasil. O rumo que o setor produtivo escolher vai definir se a China compra soja, ferro ou semicondutores, aviões, robótica.”

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Cambuhy é crítica em relação a parte do setor produtivo brasileiro. “Outro desafio para a sofisticação das relações produtivo-comerciais Brasil-China se ampara concomitantemente nas contradições internas de classe – em que acabam por prevalecer os interesses de curto prazo do agronegócio, em detrimento de táticas de maior alcance temporal”. Vadell, por sua vez, adverte que há concorrência nesse setor e que a Argentina já tem na China o seu principal parceiro comercial. “Os argentinos não estão se limitando à cultura bovina, que é o produto internacional histórico do país. Estão fabricando baterias de lítio para carros elétricos, por exemplo.”

O pesquisador Marco Fernandes, do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, explica que o crescimento chinês é sólido. “O FMI (sigla para Fundo Monetário Internacional) já apontou que a China deve crescer mais de 5% neste ano, em meio a uma média mundial de menos de 3%, com um crescimento estadunidense de 1,5%. As empresas chinesas captaram 8 bilhões de dólares nas bolsas de valores, enquanto as norte americanas ficaram em torno de quatro bilhões.”

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Fernandes é taxativo ao afirmar a dependência da economia ocidental em relação aos países emergentes. “O Ocidente e seus países aliados criam todo tipo de polêmica, mas, na hora de ganhar dinheiro, recorrem à China.

Ele conclui que a relação Brasil-China é uma das grandes promessas para 2023. “A visita do Lula à China deve ocorrer em março, para o primeiro encontro com Xi Jinping. Será importante para o avanço das relações econômicas. Trocas comerciais que transcendam o minério de ferro, petróleo cru, soja e carne, que hoje são 90% das exportações do Brasil para a China. Tem que elevar a qualidade das exportações”, complementa Fernandes.

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