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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Brasil ficou menor e mais pobre após visita

"Em dois dias de viagem ao EUA Bolsonaro comportou-se como aquele convidado que, no íntimo, considera-se um penetra e agiu como o cidadão que tem uma única preocupação: agradar ao dono da casa para não ser expulso da festa", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Marcada por tratativas comerciais ruins, que irão trazer prejuízos ao país, a visita ainda diminuiu a estatura diplomática do país, cada vez mais escondido nas asas do governo Trump"    

Brasil ficou menor e mais pobre após visita (Foto: PR)
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A permanente troca de sorrisos entre Jair Bolonaro e Donald Trump, no final de uma  visita de dois dias do presidente brasileiro a Washington, está destinada a se tornar o símbolo de um dos grandes retrocessos da diplomacia brasileira.  

"Alguém tinha de ceder," disse Bolsonaro quando deixava a Casa Branca. Ao assumir a retórica da auto-generosidade, típica de quem tenta exibir ares de superioridade para acobertar negociações desvantajosas para os interesses do país que deveria representar, Bolsonaro resumiu a sentido da visita.

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Ele não foi aos EUA para obter melhorias para os brasileiros junto ao governo da principal potência mundial, tarefa que, com graus maiores ou menores de competência, constitui a prioridade declarada da maioria das visitas diplomáticas. 

Comportando-se como aquele convidado que, no íntimo, considera-se um penetra, Bolsonaro agiu como o cidadão que tem uma única preocupação: agradar ao dono da casa para não ser expulso da festa. Essa postura foi muito além das conversas comerciais, ainda não formalizadas em acordos, já desastrosos em si. Também caracteriza o eixo de uma diplomacia ideológica, concebida para funcionar como peça de propaganda. 

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Na busca permanente de pontos de contato com o anfitrião, aquele que seu ministro de Relações Exteriores já comparou a Deus, lembrou que "é contra" o "politicamente correto" e contra a "ideologia de gênero". 

Por isso Bolsonaro tinha que ceder. 

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"No salão oval o Brasil abriu mão de reivindicações históricas", escreveu o correspondente Jamil Chade, do Estado de S. Paulo. A referência envolve um processo de mais de meio século de diplomacia, período no qual a luta anti-colonial deu legitimidade a ideia de se criar uma ordem mundial menos desequilibrada, com maiores oportunidades para os países mais pobres e os povos mais explorados.

Aplicada aos países com o perfil socio-econômico do Brasil, a justificativa ("alguém tinha que ceder") é um absurdo histórico.

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Não há razão lógica nem moral para a parte mais fraca de uma negociação abrir mão de benefícios destinados a tornar o convívio entre desiguais menos selvagem e mais aceitável.

O apoio dos EUA ao ingresso do Brasil na OCDE é um típico ouro de tolo. Implica na perda de bilhões de dólares em créditos favorecidos e tratamento comercial diferenciado, reservado a países que não atingiram um grau superior de desenvolvimento social e econômico. O acerto para importação de trigo norte-americano, altamente subsidiado, é resultado de uma mudança no comportamento que impediu, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, o avanço das tratativas imperiais em torno da ALCA, acordo de livre comercio que teria sido um desastre para o país.

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 Em dois dias, o Itamaraty renunciou ao pedido de vistas para estrangeiros em visita ao país. O presidente da República fez uma inédita visita ao escritório central da CIA. 

Dois meses e meio depois da posse, a viagem ao EUA marca a perda de estatura diplomática de um país respeitado por suas riquezas mas desprezado pela incapacidade de seu governo para defender seus interesses com firmeza.   

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