Brasil no palco das ruínas

Tudo se esvaneceu pelo ar no dia 2 de setembro de 2018. Vimos desde o mobiliário do império, uma coleção imensurável de múmias do Egito, incontáveis artefatos das nossas populações indígenas, até o fóssil do crânio humano mais antigo da América Latina, virarem apenas cinzas e lembranças. Tomados pelas labaredas de fogo um patrimônio que a humanidade toda construiu por gerações e gerações tornou-se apenas restos. Não há comparações com o que se viu de destruição no Museu Nacional.

Como vários veículos de mídia anunciaram a tragédia parecia previsível. Anos de contingenciamento tornavam a estrutura cada vez mais precária. Rebocos caiam das paredes, cupins atacavam a estrutura de madeira, faltava um sistema eficiente de combate a incêndio coisa básica em boa parte dos museus de grande porte no mundo.

Por mais incrível que possa parecer a dimensão do ocorrido, ele é apenas um sintoma indigesto da doença profunda que acometeu a nação. As chamas do Museu Nacional representam um sistema de educação, cultura e desenvolvimento em o total colapso. Aqueles que mais sentem os males são alunos, professores e cientistas. Enquanto isso, os causadores de danos irrecuperáveis aparecem somente agora contritos de piedade. O grande conglomerado midiático que se diz combativo é o mesmo que vende material da Croton, defende a reforma do ensino médio, o fim do sistema público e a ampliação das "uniesquinas" da vida.

O Governo do Estado que fala em reconstrução é aquele que deixa de pagar os combalidos salários dos professores para comprar jóias para a primeira dama. A presidência da república sendo a maior representação do governo federal é aquela que pautou o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, a mesma que fez por meio de decreto autoritário o pior retrocesso do ensino público em 13 anos.

Para agentes do atual governo e o grande capital só há um projeto para o nosso país. O projeto dos escombros, da vergonha internacional e da perda do que nos resta de soberania. Se não agirmos restará também do Brasil apenas as ruínas!