Brasil, potência criativa e sustentável, um sonho mobilizador de país
A esquerda e o governo precisam oferecer à juventude e ao nosso povo um sonho de pais soberano
A esquerda e o governo precisam oferecer à juventude e ao nosso povo um sonho de pais soberano. Um sonho democrático, revolucionário, generoso, solidário e criativo.
Volto a esse tema a partir da entrevista de José Dirceu a quem já critiquei em meu pequeno livro “O Sentido Perdido da Revolução” principalmente em relação a “Carta aos Brasileiros” como a primeira capitulação do PT ao capital financeiro.
Devo admitir no entanto que Dirceu está certo quando reconhece que falta ao governo Lula 3 um projeto nacional de desenvolvimento “ancorado na Nova Indústria Brasil, no PAC e na transição energética e ambiental —tema no qual venho insistindo, especialmente com a necessidade do Brasil buscar autonomia tecnológica e financeira, cuja ausência pode fazer com que o país termine por perder a capacidade de construir seu próprio destino”.
É correta que a sua primeira referência a este projeto nacional de desenvolvimento seja a Nova Industria Brasileira. Afinal a NIB é, provavelmente, o único projeto estruturante do atual governo. Precisa ser ampliado e fortalecido com a inclusão das indústrias criativas e colocado no centro de uma estratégia geral que poderia ser vinculada a Economia Criativa incluindo cultura, tecnologia e sustentabilidade.
A NIB corresponde ao que chamamos no novo Programa do PSB de “renascimento criativo da indústria” termo mais amplo e preciso que a “reindustrialização”. Corresponde também a grande parte da introdução do programa socialista que tem como titulo “Brasil, Potencia Criativa e Sustentável”.
E concordo novamente com José Dirceu quando ele diz que precisamos promover uma “verdadeira revolução social” para preservar nossa liderança na América Latina e nos equilibrarmos entre a as pressões imperialistas de Trump e a ascensão da China e do Sul Global como “fenômenos emergentes no século XXI”.
É preciso oferecer à juventude brasileira uma razão para lutar e enfrentar as adversidades que já se colocam pelas vozes de uma direita autoritária e pseudorrevolucionária. Uma direita que se assume, abertamente, como representante do novo imperialismo tecnofeudal de Donald Trump e Elon Musk.
É verdade que isso não é tarefa apenas do governo, mas também dos partidos e dos movimentos sociais. O governo e as bancadas federais de esquerda podem, no entanto, propor iniciativas que se transformem em bandeiras de mobilização popular. Exemplo disso é o projeto de lei da deputada Erika Hilton para reduzir da jornada semanal de trabalho. Essa proposta vai além do identitarismo, amplia empregos e reduz desigualdades sociais.
O governo por sua vez poderia, por exemplo, incluir num planejamento estratégico alguns elementos estruturantes visíveis e naturalmente mobilizadores como um choque de economia criativa e sustentável para a Amazônia, o projeto Amazônia 4.0 pensado pelo cientista Carlos Nobre. E criar uma grande agência ou empresa, a Amazombras, que articulasse todas a estruturas cientificas, acadêmicas, sociais e culturais da Amazônia com um grande projeto nacional. A Nova Industria Brasileira criativa poderia demonstrar que é possível aproveitar todo o potencial do ecossistema amazônico sem derrubar uma só arvore ou poluir um só rio.
O governo pode também fortalecer o empreendedorismo criativo em torno da inovação tecnológica, da cultura e da sustentabilidade.
Estou certo de que a ideia de um Brasil Potencia Criativa e Sustentável pode consolidar a esquerda como defensora de uma democracia substantiva que une civis e militares, resgata pessoas de boa fé iludidas com as bandeiras falsamente revolucionárias brandidas pela direita fascista, mobiliza a cultura, a ciência, a tecnologia, as administrações públicas dos municípios e dos estados a partir da criatividade dos brasileiros.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




