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Marcelo Zero

É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado

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Brasil saiu maior da reunião do BRICS

Os países do Sul Global perceberam que se trata de uma alternativa excelente para se ampliar a cooperação e adensar as relações multilaterais, diz Marcelo Zero

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidentes dos países amigos do BRICS, posam para foto oficial após a reunião do grupo, no Sandton Convention Centre. Joanesburgo – África do Sul (Foto: Ricardo Stuckert )
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Como era de se esperar, o êxito da reunião do BRICS e a anunciada expansão desse bloco vem atraindo a ira de quem quer ver o Brasil alinhado a um dos polos da nova Guerra Fria.

De acordo com alguns comentaristas conservadores, a China saiu “vitoriosa”, pois abriram-se as portas para a expansão do bloco. E o Brasil teria saído “menor”.

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Ainda segundo esses comentaristas, com “o sinal verde para Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Argentina e Etiópia entrarem no Brics, será mais difícil segurar a intenção da China, e também da Rússia, de empurrar o grupo de emergentes crescentemente para um foro antiocidental”.

Ora, é exatamente o contrário. São os EUA e alguns aliados que veem a China e outros membros do BRICS como ameaça. A mentalidade arcaica de Guerra Fria, que hoje circula em muitos ambientes, inclusive em nossa mídia, está sendo implementada pelo chamado Ocidente. Não pela China, pela Rússia ou pelo Sul Global.

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Saliente-se, ademais, que Brasil, Índia e África do Sul tem relações muito boas com os EUA e Europa. Mesmo a China procura manter, pragmaticamente, boas relações com o Ocidente. A hostilidade está do outro lado.

Quanto aos novos membros, à exceção do Irã, são também países que não têm relações difíceis com o Ocidente. A Arábia, Saudita, diga-se de passagem, é um dos principais aliados dos EUA no Oriente Médio.

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Há de se perguntar porque tantos países estão querendo aderir ao BRICS. Já há mais de 40 pedidos para aderir ao bloco. Não se trata, evidentemente, de imposição ou pressão da China.

É que os países do Sul Global perceberam que se trata de uma alternativa excelente para se ampliar a cooperação e adensar as relações multilaterais. Aumentar investimentos, comércio e cooperação em geral.

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E essa cooperação, ao contrário do que acontece com a OCDE e outras instituições vinculadas ao G7, não vem acompanhada de exigências ideológicas ou macroeconômicas.

Não, há, por exemplo, exigências draconianas quanto a regimes políticos.

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Esse é um limitador que restringiria a cooperação a uma meia dúzia de países, se formos levar em conta os parâmetros de publicações ocidentais.

Parâmetros, como o do último Democracy Index, elaborado, em 2022, pela The Economist Intelligence Unity (EIU).

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Segundo essa publicação, somente 24 países do mundo, entre os 167 pesquisados, seriam “democracias plenas” (full democracies). O resto se divide entre as categorias de “democracias imperfeitas” ou falhas (flawed democracies), “regimes híbridos” (hybrid regimes) e “regimes autoritários” (authoritarian regimes).

Ainda segundo a The Economist, a maior parte da população do planeta não vive em democracia. Noventa e cinco países, que somam quase 55% da população do globo vivem em regimes “híbridos” ou “autoritários”. Na África, no Oriente Médio e no resto da Ásia, as democracias, mesmo as imperfeitas, seriam raras exceções. Na América Latina, as “democracias plenas” se circunscreveriam ao Uruguai, Chile e Costa Rica.

Portanto, se nos guiarmos pelo o que dizem os EUA e aliados europeus, o Brasil teria uma política externa medíocre e extremamente limitada. Uma política alinhada automaticamente a um dos polos da nova Guerra Fria, que a maior parte do mundo rejeita. Teríamos de ter presença muito reduzida na África, no Oriente Médio e na maior parte do Sul Global. Aliás, o próprio Brasil, segundo a The Economist, não é uma “democracia plena”.

O êxito da reunião e a expansão do bloco é uma demonstração de quanto o mundo mudou.

Como bem assinalou o presidente Lula, desde a primeira Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, nossa participação na economia global vem se ampliando.

Já ultrapassamos o G7, e respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra.

Projeções indicam que os mercados emergentes e em desenvolvimento são aqueles que apresentarão maior índice de crescimento nos próximos anos.

Segundo o FMI, enquanto os países industrializados devem desacelerar seu crescimento de 2.7%, em 2022, para 1.4% em 2024, o crescimento previsto para os países em desenvolvimento é de 4% neste ano e no próximo.

O mundo mudou, ocorreram significativos câmbios geoeconômicos e geopolíticos e surgiram novos atores de relevo no cenário internacional.

Essa nova ordem é irreversível.

Países emergentes do Sul Global constituem o novo polo dinâmico da economia global. E natural, portanto, que as nações queiram a ele aderir.

O Brasil foi o principal fundador do BRICS e sempre apostou nele como alternativa para a construção de um mundo mais cooperativo, multilateral, multipolar, próspero, simétrico e pacífico.

O BRICS não é contra ninguém, ao contrário do que afirmam os que acreditam numa nova Guerra Fria. É a favor a união dos povos, assim como o Brasil.

Ao apostar no BRICS, na integração regional, na reaproximação à África e em outros vetores de uma política externa universalista e soberana, que não é hostil a ninguém, o Brasil só se engrandece. Cresce, aos olhos do mundo.

Já quem aposta na lógica arcaica, hostil e excludente da nova Guerra Fria apenas manifesta obsolescência e pequenez.

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