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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

632 artigos

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Brexit foge da nova revolução francesa

(Foto: REUTERS/Hannah McKay)
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Velho mundo em transe

A vitória espetacular da direita de Boris Johnson favorável ao Brexit que detonou a esquerda inglesa, vítima, segundo analistas, de fakenews, é uma fuga da sabedoria política inglesa, temerosa de explosões sociais, na Europa, como as que ocorrem na França.

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Os trabalhadores em defesa da aposentadoria digna na velhice, algo que o capitalismo deseja descartar a qualquer custo, está incendiando a França com poder de repercussão internacional, para além da Europa, no combate ao neoliberalismo.

Os conservadores ingleses, sentido cheiro de revolução, sai da União Europeia, abalada pelas incertezas econômicas e políticas, para se aproximar dos Estados Unidos, na esperança de que o continente inglês possa se sentir mais seguro, no colo do primo rico.

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Os Estados Unidos darão garantia, por meio de acordo comercial e militar, aos primos ingleses, como espera ansiosamente Boris?

Incógnitas, incógnitas, incógnitas.

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Os Estados Unidos não são mais potência mundial incontrastável; tem a China nos calcanhares e enfrentam ela em guerra comercial, cujos desdobramentos, também, são incógnitas totais. Poderão prosseguir ou dar paradas bruscas, passíveis de criar tremores na economia mundial, mais além dos que estão em curso.

Capitalismo desacelera

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O capitalismo não cresce mais que 2,5% ao ano, como reconhecem FMI e Banco Mundial, e não tem condições mais de se reproduzir pelo trabalho, onde a taxa de lucro não é mais suficiente para remunerar o capital sobreacumulado na base da especulação, nos últimos cinquenta anos.

Desde que os americanos deixaram o padrão ouro em 1974, o dólar flutua, sem garantia real, salvo as bombas atômicas; como estas todos podem ter, até terroristas mercenários, deixam de ser útil, como poder geoestratégico.  A implosão de 2008, mais forte que o crasch de 1929, acentuou as flutuações e o medo de novas implosões.

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Nesse novo cenário de instabilidade total, os ingleses se jogam nos braços dos americanos para fugir de possíveis revoluções europeias, mas não têm certeza se o primo, do outro lado do mar, segurará todas as barras. Trump quer fazer negócios com os ingleses, como quer fazer com os brasileiros e sul-americanos, se avançar a privatização em todos os setores, capazes de favorecer os capitalistas americanos.

Em troca da segurança de Tio Sam, os programas sociais estatais de saúde e educação ingleses teriam que ser privatizados; é o que quer o chefão da Casa Branca.

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Os ingleses aceitarão?

Neo Thatcher

Boris está sendo anunciado como nova Margareth Thachert, ou seja, relaciona-se com o avanço do neoliberalismo que visa desmontar programas estatais ingleses e de outros países em que as relações sociais são norteadas pelos interesses privados dos Estados Unidos.

A neo-Margareth Thatcher inglesa vende a alma para Trump para assegurar as promessas que está fazendo aos ingleses, para tocar o Brexit. Seria o melhor para a Inglaterra avançar na agenda neoliberal, quando muitas privatizações são, hoje, revertidas?

As contradições se multiplicam.

O Brexit, no fundo, é uma reação popular nacionalista inglesa, que não quer pagar os custos de manutenção da União Europeia e da OTAN; no entanto, a opção de Boris pelos Estados Unidos implica aceitação pelos ingleses da narrativa do império de Tio Sam de que a economia inglesa terá que abrir ao capital da América.

Trata-se do preço cobrado pelo império como pagamento por acordo comercial que viesse dar garantia aos capitalistas ingleses, temerosos de nova Revolução Francesa.

Inquietação europeia

A agitação em Paris e em mais de 60 cidades francesas incendeiam a alma europeia e mundial. Já vai para o novo dia e os líderes do movimento dizem que não chegou ainda a hora de parar, porque Macron insiste em piorar a qualidade de vida dos aposentados, sem oferecer garantias.

Na prática, o capitalismo francês está sob pressão dos trabalhadores, no interior da luta orçamentária nacional. É nela que os grupos sociais em confronto disputam o racha da riqueza nacional, do PIB. Os credores querem o seu quinhão para continuar comprando os títulos de estado superendividado. Contam com Macron, porta voz deles, no comitê executivo da burguesia no estado francês. Os trabalhadores se negam a continuar pagando o custo alto exigido pelos credores que se resume na privatização mais acelerada da economia e destruição de direitos sociais.

Se a resistência popular ganhar a parada, nova correlação de forças entre capital e trabalho vai se estabelecer na terra onde nasceu o socialismo. A influência histórica política  revolucionária francesa apavora liberais e neoliberais, porque surgem ameaças ao direito de propriedade e cresce discurso favorável à socialização dos lucros do capital.

A luta de classes está em cena.

Os ingleses, com o Brexit, vive a sua instabilidade histórica crucial: fazem profissão de fé pelo nacionalismo como justificativa para se afastar da União Europeia, ameaçada pela onda francesa, mas se sentem ameaçados pelas pressões americanas neoliberais, como preço de Tio Sam para proteger a velha Albion.

Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.

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