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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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BRICS ensaia aumento de sua importância no Índico e nas Novas Rotas da Seda (BRI)

A importância dos exercícios Mosi II está na posição geoestratégica da África do Sul na defesa das Rotas da Seda Marítima (BRI) no Oceano Índico

BRICS ensaia aumento de sua importância no Índico e nas Novas Rotas da Seda (BRI) (Foto: Telesul)

A defesa sul-africana anunciou a realização de exercícios navais em colaboração com a China e Rússia. Um aumento no peso geopolítico do Brics em um novo mundo multipolar emergente oposto ao domínio dos EUA e sua crescente pressão por liderança no continente africano.

As atividades navais ocorrerão de 17 a 24 de fevereiro no Oceano Índico, próximo à costa leste da África do Sul. O exercício Mosi II objetiva fazer com que os navios das três marinhas, do Exército de Libertação do Povo Chinês (PLAN), dois navios da Marinha Russa (RFN) e um navio de guerra da Marinha Sul-Africana (SAN), ajam como uma única força.

Segundo o anúncio, o Exercício Mosi II não terá o mesmo objetivo das simulações de combates realizados recentemente, em dezembro, pela China e Rússia no mar meridional chinês, onde se buscava mostrar as capacidades conjuntas para se combater ameaças marítimas, defender a paz e a estabilidade internacionais e regionais. Mosi II envolverá busca e salvamento de embarcação em perigo, manobras de oficial de guarda, artilharia, proteção de força e exercícios de defesa aérea.

A importância dos exercícios está na posição geoestratégica da África do Sul na defesa das Rotas da Seda Marítima (BRI) no Oceano Índico, incluindo a proteção contra a pirataria muito comum na região. Ademais, permitiria uma rota alternativa ao vulnerável Canal de Suez.

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Com a recente aceleração na construção do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul (INSTC), ligando por rios e ferrovias o Irã ao Mar Cáspio até São Petersburgo, consequentemente circum-navegando toda a Europa, do Mar Báltico ao Mediterrâneo [Leia aqui], ao término da INSTC, somada à rota alternativa contornando o continente africano pelo sul, qualquer interferência atlanticista nas Rotas da Seda, seria virtualmente impossível.

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No entanto, os EUA consideram os exercícios navais como de baixa importância, pois a África do Sul é um membro dependente da Otan, faz regularmente exercícios com a marinha francesa e precisa da Alemanha, a construtora de suas fragatas e submarinos, com quem faz exercícios conjuntos de combate marítimo rotineiramente. Quanto à costa oeste da África, os EUA têm uma localização privilegiada para controlar todo o comércio marítimo no Atlântico Sul, a Base de Alcântara no Brasil.

Enquanto isso, a China aumenta seu soft power na África. Nesta semana (9 a 16), o novo Ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, está em visita a 5 países africanos, Etiópia, Gabão, Angola, Benin e Egito - sede da União Africana e da Liga Árabe. Na Etiópia, terça-feira (10), Qin Gang anunciou ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, o cancelamento parcial da dívida de US$ 13,7 bilhões da Etiópia com a China. Xi Jinping declarou que a cooperação sino-africana é uma parceria entre iguais, pautada em sinceridade, resultados reais, amizade, boa-fé, compartilhamento de interesses e a busca do bem comum. 

De volta à África do Sul, será nesse ano que ocorrerá no país o mais importante encontro do Brics desde sua criação, onde será discutido a expansão do Brics em Brics Plus, o aceite da Argélia, Argentina e Irã e quais serão os requisitos à aprovação de novos membros. Mais de 12 países mostraram interesse. O que fará com que o Brics Plus seja o novo G20 e mais relevante que o G7,  ver-se-á.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.