Cacá Diegues e o Brasil
Obra de Cacá Diegues, casado com a musa da bossa nova, tem sido objeto de uma enorme controvérsia no que diz respeito à interpretação do Brasil
Filho do antropólogo alagoano Manuel Diegues, estudioso dos engenhos de açúcar em Alagoas, a obra de Cacá Diegues, casado com a musa da bossa nova, tem sido objeto de uma enorme controvérsia no que diz respeito à interpretação do Brasil.
Particularmente, a chamada modernização do Brasil por obra dos militares pós-64. Há obras que suscitam enormes controvérsias entre esquerda e direita. Um exemplo: o filme "Bye, Bye Brasil", muito aclamado pela crítica. Qual o foco desse filme: as consequências ditas modernas da Ditadura Militar ou a crítica da devastação operada pelo regime no país como um todo? Afinal, a ênfase é na paisagem ou na trupe de palhaços, mágico, bailarina, sanfoneiro etc.? São leituras possíveis. Uma é enfatizar o efeito da modernização do país exemplificada pelas novas tecnologias, estradas e os negócios milionários; outra é a pobreza, a devastação ambiental, a prostituição, o jogo etc. Afinal, o que prevaleceu?
Quanto à recuperação da ancestralidade afro-brasileira, em alguns filmes, a interpretação pode estar próxima das teses da miscigenação racial de Gilberto Freyre. É preciso considerar ainda dois atores coadjuvantes: a Embrafilme e a Rede Globo de televisão. Ambos ajudaram muito a divulgar e massificar o consumo dessas obras.
Três diretores do Cinema Novo foram objeto de críticas e especulações: Glauber Rocha, Arnaldo Jabor e Cacá Diegues. Houve releituras, revisões e adaptações ao ambiente político-cultural da ditadura numa fase de assimilação e tolerância. Sobretudo, depois da morte de Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho e o início da abertura política.
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