Cadáver insepulto
"Conseguimos abrir a saída de 2013 neste ano, mas os autores daquela rave alucinada tentam nos trancar de novo no círculo da burrice", diz Eduardo Guimarães
Olhar e enxergar, ouvir e escutar parecem redundâncias, mas são capacidades das quais muitos abdicam em prol do senso de pertencimento a grupos que suprem inseguranças ou que garantem apoios automáticos a quaisquer loucuras que lhes forem propostas.
Falo incessantemente, há uma década, sobre junho de 2013, porque pude ver, naquele mês maldito, centenas de milhares abdicarem de pensar em prol de algo que nunca souberam o que era.
O Brasil vivia um momento de estabilidade, prosperidade e com um futuro promissor pela frente. A desigualdade tivera uma queda jamais vista em tào curto periodo. O país caminhava para um patamar superior. A extrema-direita, de triste memória, estava morta. E a direita agonizava.
No ano seguinte haveria eleição. Dilma Rousseff tinha um nível de apoio inacreditável. No fim de março, pesquisa CNI/Ibope lhe dera incríveis 79% de aprovação pessoal.
Investimento estrangeiro pagava uma miríade de programas sociais. O Brasil era a bola da vez do crescimento. A revista Financial Times transformara o Cristo Redentor em foguete.
O que poderia dar errado? Ora, estamos no Brasil. Este país não permanece atolado na miséria, na pobreza, na ignorância e em um atraso cultural de extração medieval à toa. Se temos a pior elite do mundo, temos a esquerda mais burra da galáxia.
Um misto de burrice sobrenatural e arrogância descomunal.
Alçaram garotos quase imberbes à condicão de gurus e saíram quebrando tudo o que viam pela frente em nome de pautas genéricas que já estavam na ordem do dia da governança ética e responsável de uma gerente que odiava a política.
Melhor só Lula, o mâgico. Mas ele voltaria...
Acabaram com tudo a troco de nada. Os 79% virarariam 8% três anos depois, após 13 anos de um petismo invulnerável e promissor que consertava o Brasil em ritmo frenético.
Ah, não era o ideal? Talvez não, mas trocaram por algo incrivelmente pior.
Quem enxergou a BOSTA que estavam fazendo virou alvo de cancelamento. Eu. Anos depois, a fila de pedidos de desculpas só crescia. Ganhei muita voz, mas incomodava muito quem dissera tanta asneira...
Enfim conseguimos abrir a porta de saída de 2013 neste ano, mas os autores daquela rave alucinada e demoníaca tentam fechar e nos trancar de novo no círculo infernal da burrice mais impiedosa de que se tem notícia.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

