Ricardo Mezavila avatar

Ricardo Mezavila

Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

465 artigos

HOME > blog

Café com hambúrguer pacificam o país e elegem Lula

Entre café e hambúrguer, Lula e Trump transformam rivalidade em pragmatismo e redesenham a geopolítica com sabor econômico

Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Presidente dos EUA, Donald Trump)

Essa reviravolta na relação Lula-Trump não é apenas uma anedota diplomática; é um lembrete de como a globalização entrelaça economias. O café e o hambúrguer, símbolos de consumo diário do estadunidense, provaram ser mais poderosos que discursos inflamados.

Com as exportações brasileiras para os EUA caindo 20,3% em setembro e os EUA enfrentando inflação alimentícia, o pragmatismo prevaleceu sobre o personalismo. O encontro Trump-Lula pode não resolver tudo — questões como sanções ao Judiciário brasileiro persistem —, mas sinaliza uma trégua nas relações bilaterais.

Caso Donald Trump atenda ao que foi pedido por Lula na videoconferência e as sobretaxas caiam, será uma vitória econômica para nós; para os americanos, um alívio nos preços. E assim, em um ano de tarifas e tensões, uma xícara de café mais barata e um hambúrguer acessível se tornarão os verdadeiros pacificadores.

No espectro político-ideológico, bolsonaristas acreditam, sem convicção, que a indicação do secretário de Estado, Marco Rubio, para negociar com o governo brasileiro representa um presente dos gregos aos troianos. No entanto, queixam-se de que Lula roubou o elogio de “homem bom”, outrora atribuído por Trump a Bolsonaro.

O legado eleitoral do bolsonarismo vai sendo diluído nos gabinetes e corredores do Congresso Nacional. Potenciais candidatos à sucessão em 2026 fazem cálculos e chegam à conclusão de que Lula tem um caminho pavimentado para a reeleição — muito difícil de ser batido. Melhor não arriscar uma reeleição ao governo de seu estado. Vai sobrar, para quem já não pode concorrer, a derrota para Lula no primeiro turno.

Um analista amigo meu costuma dizer que Bolsonaro, pelo bem do país, acertou na educação de seus filhos, tornando-os fracos de caráter e fortes no servilismo, tal como o pai. Se Eduardo não fosse o espelho de Jair, com certeza se sentaria na cadeira presidencial no máximo em 2030, e o bolsonarismo perduraria por pelo menos 20 anos. Bastava parecer normal.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.