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Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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Café com leite derramado

Essa anacrônica mistura já azedou, há muito, e derramou manchando a alva toalha de mesa da Casa-Grande

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A chamada "política do café com leite", aprendemos nas aulas de história em tempos idos, foi, grosso modo, um acordo do tipo "permuta", feito na República Velha, para que o poder se alternasse nas mãos de dois dos estados mais ricos e populosos da federação à época: São Paulo (o café) e Minas Gerais (o leite). Num dado momento, o presidente da República seria um paulista; no outro, um mineiro. Ou, se não, em último caso, com a "benção" destes.

Conhecemos as consequências dessa política, pois sabemos das gritantes desigualdades regionais que se perpetuam até os dias que correm pelo país, e sabemos reconhecer, à distância dos tempos, a hegemonia, patrimonialismo e compadrio de uma oligarquia que, até hoje, refestela-se com as sobras e restos do poder e da riqueza acumulada desde aquela época.

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Não à toa, note, Minas e São Paulo são estados conservadores – e ricos.

Não à toa, esses dois estados são, há muito, governados pelos PSDB. Donde se poderia deduzir, erroneamente, que nesses dois grandes colégios eleitorais, ainda se vive no tempo da República Velha. É o que parece desejar/pretender alguns. Mas ao que tudo indica já se percebe uma trinca nessa vistosa xícara cheia de café com leite – e indisfarçável bolor. Essa anacrônica mistura já azedou, há muito, e derramou manchando a alva toalha de mesa da Casa-Grande. Vamos às manchas.

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Experimenta-se hoje no estado de São Paulo, após o decorrer de praticamente 20 anos de gestão tucana, um escandaloso descalabro administrativo – muito provavelmente, efeito retardado (e deletério) do tão propagandeado "choque de gestão".

Como sabe até o mais incauto, alienado e distraído cidadão paulista, a saúde da população está em desumana situação de miséria; a educação pública é uma vergonha, um horror! No que diz respeito à segurança pública, o cidadão vive hoje uma nunca antes experimentada e tamanha sensação de abandono e insegurança; uma situação de verdadeiro descalabro, brutal, disseminada e avassaladora violência.

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Chegou-se ao paroxismo de, por inépcia dos governantes, faltar água no estado de SP neste ano!

Tudo isso, de modo óbvio e providencial, acobertado por uma cúmplice e silente mídia "amiga". Realidade semelhante repete-se em Minas Gerais.

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A situação em São Paulo é tão gritante e escancaradamente crítica que até mesmo parte dos empedernidos conservadores, hegemônicos por essas plagas, não aguentam mais a situação e já reivindicam/desejam uma mudança. Mas, por óbvio, contanto que seja uma mudança confortavelmente acomodada no campo da centro-direita – haja vista o novo consórcio conservador que já se insinua no pardacento horizonte dos paulistas, formado pela união entre Skaf, Kassab, Batochio et caterva.

Ou seja: a situação está tão ruim no estado de São Paulo, mais tão ruim, que os próprios conservadores estão buscando uma solução alternativa ao PSDB – mas também, claro, ao PT.

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E o ex-presidente da Fiesp, que foi, vale lembrar, um dos líderes do movimento que culminou com o fim da CPMF, parece ser o "café" [Puro? Expresso? Uma coisa é certa: sem leite] providencial para reaquecer a indústria e a alma de uma São Paulo antes pujante e desenvolvimentista, hoje em franca ruína e decadência.

Mas este "detalhe", digamos assim [o de ter ajudado a acabar com um imposto que arrecadava, de modo compulsório, intempestivo, bilhões de reais para a saúde e, de quebra, ainda ajudava a fiscalizar a circulação do dinheiro no país, impedindo, em grande parte, a "lavagem" ou os crimes financeiros], para o pensamento conservador, está longe de ser um demérito – ao contrário, soa como maviosa melodia e/ou providência.

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Falar mal de impostos soa como música, sobretudo aos ouvidos daqueles mesmos que reclamam da falta de saúde, educação, segurança e investimentos públicos. Soa como agradável mantra àqueles que querem um Estado anão, de joelhos, diante de uma gigante burguesia transnacional. Sim, pois os empresários paulistas, os "nacionais", quase que na sua totalidade já faliram ou transferiram seus negócios para outras plagas – onde nem o mais intrépido bandeirante ousou alcançar.

Cada um, como até os surdos sabem, escolhe a música que melhor agrada aos seus ouvidos.

Eu, por outro lado, aprecio muito o canto dos pássaros.

Mas, já se sabe, em céus infestados por gaviões, águias, abutres e inúmeros helicópteros, passarinho pia baixinho, quase inaudível.

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