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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Caindo de maduro

"Celso Amorim tem mais credibilidade que seu caluniador", escreve Alex Solnik

Celso Amorim e Nicolás Maduro (Foto: Miraflores Palare/Reuters )

Ninguém que ainda não ficou ideologicamente cego acreditou na vitória de Maduro nas eleições de 28 de Julho, sobretudo o conselheiro para assuntos internacionais Celso Amorim, para quem Maduro garantiu, inicialmente, que apresentaria as atas com os resultados, mas depois tirou a escada e o deixou com a brocha na mão.

Contrariado com a posição brasileira de não reconhecer o resultado enquanto as atas não aparecerem, Maduro passou a agir como um ditador, e não um presidente da República legitimamente eleito. 

Em vez do diálogo e da diplomacia, escolheu o caminho da truculência e da calúnia. Decretou que suas palavras dispensavam as provas das atas. 

E subiu o tom ainda mais depois que o Brasil vetou seu ingresso no BRICS, a convite da Rússia, que tem interesses graúdos no setor petrolífero da Venezuela e está pouco se lixando para quem ganhou as eleições, contanto que suas joint-ventures com a PVDSA não sejam canceladas.

Acusou o presidente brasileiro de ser “agente da CIA”, de inventar a queda no banheiro para não ir à reunião do BRICS, de traição e culminou com a retirada de Brasília do embaixador da Venezuela.

Há dois dias, acusou Celso Amorim de ser “agente do imperialismo” e o declarou “persona non grata” na Venezuela.

Embora um de seus objetivos ao tentar derrubar a porta para entrar no BRICS fosse romper o isolamento internacional, mostrando ser bem vindo numa entidade comandada por duas grandes potências, suas atitudes autoritárias tendem a produzir consequências opostas.

Ninguém que ainda não ficou ideologicamente cego acreditou nas suas calúnias contra Lula e Celso Amorim, o que só diminuiu ainda mais a sua já tênue credibilidade.

Se consegue mentir com tanta desfaçatez sobre autoridades brasileiras, torna ainda mais duvidosas suas afirmações de que venceu nas urnas.

A credibilidade de Celso Amorim é muito maior que a dele. 

"Cair de maduro" é uma expressão coloquial que significa levar um tombo sem que alguém ou algo tenha intervindo. Por exemplo, "não tropeçou em nada, simplesmente caiu de maduro".

A expressão parece ter sido criada sob medida para Nicolás Maduro.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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