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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Caiu a máscara de Moro

"O primeiro efeito da aceitação  de Moro ao convite para ocupar o Ministério da Justiça será o seu afastamento da Operação Lava-Jato, porque está claro que ele se tornou suspeito para julgar Lula. Na verdade ele já era suspeito desde o início da operação, mas a mídia o apresentou como um magistrado isento, o que convenceu parte da população. Será que hoje alguém ainda tem dúvidas de que o tempo todo ele agiu politicamente, com escandalosa parcialidade, no julgamento e condenação do ex-presidente para beneficiar Bolsonaro?", diz o colunista Ribamar Fonseca

Caiu a máscara de Moro
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Por que ninguém se surpreendeu com o convite de Bolsonaro ao juiz Sergio Moro para ocupar o Ministério da Justiça no seu governo? Simples: porque era natural que ele premiasse, com um cargo elevado, o principal responsável por sua eleição para a Presidência da República. Moro, todo mundo sabe, pavimentou, com a prisão de Lula, a estrada que levaria o capitão ao Palácio do Planalto, pois o ex-presidente petista seria eleito com facilidade ainda no primeiro turno. Na verdade, tudo isso fez parte da trama arquitetada, com a participação dos Estados Unidos, para impedir a Esquerda de voltar ao poder e permitir à Direita ascender pelo voto à Presidência do maior país da América do Sul, após algumas tentativas fracassadas, abrindo caminho para o domínio nos demais países do Continente.  Nada mais justo, portanto, que o juiz de Curitiba fosse recompensado por sua decisiva contribuição para tornar Jair Bolsonaro Presidente, até porque os dois tem uma coisa em comum: o amor pelos Estados Unidos. 

O primeiro efeito da aceitação  de Moro ao convite para ocupar o Ministério da Justiça será o seu afastamento da Operação Lava-Jato, porque está claro que ele se tornou suspeito para julgar Lula. Na verdade ele já era suspeito desde o início da operação, mas a mídia o apresentou como um magistrado isento, o que convenceu parte da população. Será que hoje alguém ainda tem dúvidas de que o tempo todo ele agiu politicamente, com escandalosa parcialidade, no julgamento e condenação do ex-presidente para beneficiar Bolsonaro? E  como ele poderia continuar à frente do julgamento de um homem que o Presidente eleito disse que deve apodrecer na cadeia? A verdade é que a máscara de magistrado isento de Moro caiu estrondosamente, assim como a dos membros dos tribunais superiores, incluindo o Supremo, que endossaram todos os seus atos, mesmo conscientes da sua vergonhosa parcialidade. Será que vão dar prosseguimento à farsa denunciada por juristas nacionais e internacionais de renome? 

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O fato é que o Presidente eleito, que não mudou o seu discurso após proferido o resultado das urnas – o que cria expectativas sombrias para os próximos quatro anos – esqueceu  de fazer justiça também à mídia e ao Supremo Tribunal Federal, que tiveram igualmente  uma participação muito importante na trama para elegê-lo, a primeira estimulando o sentimento anti-petista no seio da população, com uma campanha sistemática contra o PT; e o segundo mantendo Lula no cárcere e o impedindo de concorrer às eleições presidenciais. Ao invés de premiá-los, ele intimidou os dois, sendo visível o medo nas declarações de ministros do STF, nos editoriais dos jornais e no comportamento dos apresentadores dos telejornais, especialmente da Globo. O presidente do Supremo, ministro Dias Tóffoli, por exemplo, manifestou-se de modo quase servil ao dizer que Bolsonaro era um doce, “alegre e bem humorado”. Nada mais natural, depois da ameaça de fechamento do STF apenas com um cabo e um soldado. 

Ao contrário de Lula e Dilma,  que tiveram na imprensa um adversário feroz mesmo bem aquinhoados com verbas publicitárias, o novo Presidente não pretende ser condescendente com as críticas da mídia. Ele já avisou à “Folha de São Paulo”, por exemplo, que ela não receberá um centavo do seu governo, porque teve a ousadia de denunciar a indústria de fakenews que assegurou a sua eleição. Não há dúvida de que seus opositores na mídia, no Judiciário, no Legislativo ou em qualquer lugar vão sentir o peso da mão de ferro do seu governo, embora ele tenha afirmado no discurso após eleito que respeitaria a Constituição. Se Lula e Dilma também tivessem endurecido com o Supremo e a mídia, inclusive ignorando a decisão do ministro Gilmar Mendes que proibiu o ex-presidente de assumir a Casa Civil, talvez hoje a situação do país fosse outra. Afinal, Gilmar contrariou a Constituição, o que virou rotina entre os ministros do Supremo, porque a Carta Magna estabelece que a nomeação de ministros é atribuição exclusiva do Presidente da República. 

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O Supremo, aliás, continua usando de dois pesos e duas medidas em suas decisões, evidenciando sua posição política. Recentemente o ministro Edson Fachin negou pedido da defesa de Lula para suspender o inquérito sobre a suspeita de recebimento de propina de Odebrecht, ao mesmo tempo em que atendeu idêntico pedido da PGR e suspendeu o inquérito sobre a suspeita de propina ao presidente ilegítimo Michel Temer.  Será que eles terão coragem de tomar alguma medida contra o Presidente eleito? Circulam rumores de que Bolsonaro poderia ser impedido de tomar posse porque é réu num processo que tramita na Suprema Corte, decisão que caberia aos ministros do STF. Alguém por acaso acredita que eles terão coragem de impedir o capitão de ocupar o Palácio do Planalto? Os homens de toga, a julgar pelo seu comportamento nos últimos anos, parece que só são valentes quando decidem contra Lula e o PT, contando com o suporte da mídia. Contra Bolsonaro não terão esse suporte, porque a mídia também já foi intimidada e não é besta em fazer com ele o que fez com Lula, consciente da sua disposição em usar o poder do Estado para inibi-los. 

Ninguém se iluda: mesmo jurando respeitar a Constituição, Bolsonaro, cercado de generais, passará por cima de quem ousar contrariá-lo. Provavelmente evitará a fujimorização do país, mantendo o Congresso funcionando para dar a aparência de normalidade democrática,  mas não hesitará em impor medidas de força para atingir seus objetivos.  Para isso ele contará não apenas com os militares no seu governo mas, também, com a colaboração de Sergio Moro que, como ministro da Justiça, se sentirá mais à vontade para atropelar a Constituição. Se como juiz de primeira instância ele usou e abusou do seu poder, inclusive afrontando decisão superior sem ser sequer incomodado pelo CNJ, como ministro da Justiça ele vai olhar o STF de cima para baixo, simplesmente ignorando os membros da Suprema Corte, alguns dos quais já ousou criticar. Tudo indica que no Governo Bolsonaro, por conta do autoritarismo e do clima de medo que toma conta do Judiciário e da imprensa, ele e Moro serão a Justiça. E teremos um novo tipo de democracia, uma democracia à brasileira... 

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