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Calma, o povo está atento!

É hora de perguntar se continuaremos a ter como expectativa um julgamento justo das instituições da “justiça” brasileira? Continuaremos a falar dos prazos e da admissibilidade de tal ou qual recurso? Continuaremos a acreditar que a inércia levará a candidatura de Lula ao lugar que lhe cabe na disputa de 2018?

Lula (Foto: Luiz Cláudio Machado dos Santos)
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Não devemos assustar-nos por as vozes que denunciam politicamente serem tão débeis e tímidas. A razão desse fato não é, de forma alguma, uma resignação geral face a arbitrariedade

O Que Fazer. V. Lenin

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Em artigo recentemente publicado, aqui mesmo no Brasil 247, “Lula, a inércia e as forças da natureza”, chamei a atenção para o fato de que, embora muitos, de maneira perigosamente otimista, dessem como certa a admissão final da candidatura Lula, pois em situação de normalidade, provavelmente, só em agosto o TRF 4 se pronunciaria, argumentei contrariamente, entendendo que o tribunal de Porto Alegre decidiria antes, talvez em março. Foi pior! Deixando às claras seu engajamento no golpe, para quem ainda tinha dúvidas, o tribunal marcou a data de 24 de janeiro para a apreciação dos recursos interpostos pela defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao se deparar com a notícia da desabalada carreira do TRF 4 rumo à castração da vontade popular através da inelegibilidade do principal candidato à presidência da República, a primeira pergunta que passou pela cabeça dos militantes e defensores da liberdade e da democracia foi, tenho certeza, o que fazer? Título de famoso opúsculo de Lênin, publicado em março de 1902, que recomendava a organização e educação das massas operárias no processo de agitação política contra a opressão tzarista.

Então, tantos anos depois repetimos, o que fazer? Sem prejuízo das ações judiciais, até mesmo para denunciar ao mundo o Estado de exceção que vivemos, é hora de perguntar se continuaremos a ter como expectativa política concreta um julgamento justo das instituições da “justiça” brasileira? Continuaremos a falar dos prazos e da admissibilidade de tal ou qual recurso? Continuaremos a acreditar que a inércia levará a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ao lugar que lhe cabe na disputa eleitoral de 2018?

Se nisso insistirmos, o máximo que conseguiremos será popularizar o conhecimento sobre como um processo vai da primeira à segunda instância, quais recursos são cabíveis, quais decisões podem ser questionadas e, no fim, como tudo isso representa única e exclusivamente os desejos e os interesses das classes dominantes. Pois, no limite, essa justiça está aí para defender os valores, os interesses e a própria existência do sistema de poder.

Isso quer dizer que não há mais nada a fazer? Pelo contrário, isso nos indica o caminho a percorrer para impor a vontade e a soberania popular. O velho Lênin preconizava que a agitação política permanente e sem descanso, ocupando todos os espaços possíveis e imagináveis era a melhor forma de pressionar os adversários e, ao mesmo tempo, educar e organizar as massas populares.

Reafirmo que a candidatura Lula só estará de pé se o povo estiver nas ruas! É hora de nos livrarmos de nossas ilusões e trabalharmos para efetivar a ação popular.

Sindicatos, organizações profissionais, associações de bairro, organizações não governamentais, centrais sindicais, partidos políticos devem acionar suas engrenagens e constituir núcleos organizativos para debater o momento político e planejar ações de rua para barrar o Golpe Longo. Ainda mais porque, se reação não houver, teremos, seguramente, uma escalada sem precedentes na destruição das possibilidades de um projeto nacional para o Brasil, bem como, a desconstituição das liberdades individuais e coletivas tão duramente conquistadas.

Essencial, ainda, nesse processo é organizar uma ampla frente de esquerda em torno de um programa mínimo e alicerçada em dois pilares básicos: o compromisso de não agressão durante a campanha e a imediata junção de forças em torno do candidato do campo popular e progressista que vier a chegar ao segundo turno das eleições presidenciais do próximo ano.

Esse compromisso, se pactuado, teria a vantagem de diminuir as arestas entre os partidos, na medida em que carrega consigo o respeito às diferenças e a noção de que todos tem um papel a desempenhar na defesa da democracia e no aprofundamento da politização das organizações de massas e, do ponto de vista eleitoral, constituiria poderosa sinergia na atração de eleitores a partir do discurso e especificidade das mais diversas organizações sociais, de forma a multiplicar a adesão dos militantes de cada agremiação como partícipes de um projeto de país e não como eleitores descompromissados, forçados a votar, muitas vezes, com expressa má vontade, naquele que entendem ser o menos pior dos candidatos na segunda rodada do pleito.

Dessa forma, contraditoriamente ao difuso sentimento de frustração e surda revolta que nesse momento ronda os que se reivindicam da democracia, podemos estar diante de um ano extremamente rico em mobilização e conscientização da população. E aqueles que descreem da capacidade de reação da população e criticam asperamente sua aparente inércia, vale a pena recordar, “traduzindo” para os nossos dias, o alerta de Lênin já aqui citado: “Calma, companheiros. Apesar das aparências o povo não está resignado. Está alerta, indignado, esperando o chamado para a ação.”

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