Câmara age na contramão das aspirações da sociedade; “nova ordem” não combina com russos

Os últimos fatos registrados no decorrer da semana na Câmara Federal mostram com clareza o maniqueísmo e certo corporativismo comandado pela hábil condução do presidente Eduardo Cunha, que se consolida como "mão de ferro" à frente dos destinos da Casa representativa da sociedade, mas nem de longe com as medidas adotadas em torno da Reforma Política traduzindo o interesse e desejo desta mesma sociedade.

As decisões em torno do fim da reeleição, financiamento privado de campanha, etc estão longe de desfecho consensual ou de respeito à maioria dos votos porque há várias contestações, inclusive no âmbito jurídico, sobretudo no quesito que trata da reinserção de pauta vencida na noite anterior, especificamente a que tratava de financiamento de campanha, por isso emerge a tese de inconstitucionalidade da sessão da quarta-feira.

No exame frio da conjuntura comandada pelo presidente Eduardo Cunha, sem dúvidas alguma ali se instalou o mais conservador dos dirigentes da Câmara Federal pós Redemocratização, em 1986, imprimindo um nível de imposição nunca visto, embora seja necessário admitir que desengavetar projetos fundamentais à sociedade tem mérito particular do pemedebista. E somente só.

Ao longo dos tempos, Eduardo Cunha credencia a imagem de um presidente avesso aos avanços históricos dos cidadãos, em especial sobre diversas matérias de gênero humano ou de concepção sexual, ideológico e de fator financeiro, já que se aproxima e mais se identifica com setores conservadores da sociedade.

O fato é que ele insiste em estar em confronto e/ou na contramão até dos setores organizados mais consistentes, quer na representação de classes quer na contextualização mais intelectualizada, a exemplo dos setores jurídicos e advocatícios, que batem de frente com o "modus operandi" do presidente da Câmara Federal.

Em face de tudo isso, haverá algum dia de existir processo a adequar, melhor dizendo, enquadrar a postura ultra conservadora do líder do PMDB, sem que se amplie a parte do conjunto dos deputados federais já considerados como vassalos de um arremedo de Ditador em tempo e conjuntura inadequadas.

O corporativismo advindo de regalias e acordos de benefícios de parte dos parlamentares para fazer valer a supremacia da pauta impositiva de Eduardo Cunha precisa ser mais observado e combatido pelos setores progressistas do próprio Parlamento, sob pena de uma ruptura e retrocesso na agenda nacional que, certamente, não tem reagido favorável a esse conjunto de medidas na contramão.

Como tanto já se disse, a Casa Legislativa lembra bem o anedotário em torno do técnico Feola, quando instruiu Garrincha a fazer jogadas contra os russos para assegurar a vitória da Seleção Brasileira, mas o Gênio das "Pernas Tortas" de pronto o indagou se, para obter esse êxito, ele tinha combinado com os russos – o que certamente seria impossível de acontecer.

"Mutatis mutandi", a Câmara Federal não tem combinado nada com a sociedade brasileira, esta muito atenta, e isso só amplia o enorme desgaste da imagem da classe política do País porque age dissociada dos brasileiros.