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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Campanha de Lula introduziu pauta da economia popular e reuniu apoios surpreendentes

"Lula e toda a executiva sabiam da importância de introduzir no debate a fome, o desemprego, a pobreza", escreve Denise Assis

Lula (Foto: Ricardo Stuckert | Agência Brasil | Pxhere)
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Por Denise Assis, para o 247

O país que está prestes a colocar seus votos na urna tem 87% dos eleitores certos de suas escolhas. Esse contingente eleitoral, na casa de mais de 156 milhões, viu o Brasil passar por um golpe, em 2016, sofreu 680 mil perdas de vidas para a pandemia e o negacionismo, viu um ex-presidente ser conduzido para 580 dias de uma prisão política, fruto de uma luta de classes e de interesses econômicos que os fez atropelar a lei, o que recentemente restou provado: foi golpe. Todo esse quadro levou à demonização do maior partido da América Latina, o PT, que se viu encolhido nas eleições municipais de 2020, fruto de uma campanha contumaz da mídia tradicional, que contrariando o princípio da imparcialidade consolidou o antipetismo. 

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Toda essa pressão sobre a sociedade fez brotar o negacionismo também político, o ódio e um governo neofascista que   até o último minuto não se constrange em demonstrar sua frieza com relação às carências da população e sua indiferença para com suas dificuldades.  Como última medida antes do pleito, o partido de Bolsonaro, o PL, entrou com pedido para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não permita o passe livre para os eleitores carentes conseguirem chegar às seções de votação. 

Uma resposta baixa e repulsiva, aos que responderam nas pesquisas com intenções de votos para Lula, demonstrando não terem caído  nas providências eleitoreiras de Bolsonaro, de última hora. Eles sabem exatamente o que Bolsonaro quer deles: apenas o voto.  

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A forma autoritária e distante como trata o povo, ilustra bem o porquê ter ele uma rejeição na casa de 52%, enquanto Lula se manteve até aqui com 39%, subindo um ponto na reta final para 40%, um reflexo, ainda, do antipetismo arraigado no seio de uma classe média que teme ter de dividir a fileira da cadeira no avião, com os pobres que Lula promove à condição de gente, com direitos. 

Essa consciência foi sendo construída lentamente, a partir de alertas como o lançado por Mano Brown, num show na Lapa, no final da campanha do Haddad. Sua fala, apontando o distanciamento das bases calou fundo no partido, consente um dirigente. A experiência foi trazida para a campanha de Lula, que fez da necessidade de ouvir as periferias, ouvir os povos originários, os movimentos contra o racismo, enfim, todos os segmentos que na tentativa de transformar o PT em cinzas, foram ficando distantes das articulações. 

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Nas costuras feitas para a construção da grande aliança que se uniu em apoio a Lula, essas pontes foram de novo reunidas. "Era preciso ouvir e dar voz à sociedade", lembrou uma fonte da executiva do partido.

Ao mesmo tempo em que Lula os encontrava, escutava as suas queixas e reivindicações, despachava para os estados e para esse diálogo, quadros de peso da direção das diversas regiões do país. Por exemplo, para tecer o apoio dos Barbalhos no Pará, mesmo sendo esses líderes ligados ao MDB de Simone Tebet. O PT caminhou sobre cristais, obtendo  o apoio dos Barbalho, sem que precisassem largar a mão de Tebet e criar atritos com o partido. Filigranas da política que a campanha evidenciou, são necessárias.

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Como destacou um dos dirigentes, as dificuldades e a lentidão com que esses resultados foram acontecendo, geraram fatos a conta-gotas, o que se mostrou extremamente positivo. À medida que iam sendo anunciados, alimentaram o noticiário positivamente, criando um verdadeiro contágio de confiança. Não só na militância, como em outros segmentos, como o setor cultural. A ponto de na reta final da campanha, produzirem declarações de apoio surpreendentes, como o do ex-ministro do STF, Celso de Mello, da jornalista e apresentadora Fátima Bernardes, do influencer Felipe Neto e, por fim, até Luciano Huck, que no passado regeu no Maracanã um coro nada edificante contra a ex-presidente Dilma.

Durante todo esse tempo de ir e vir, falar e ouvir, a direção do PT observava e recebia "recados" das oligarquias, que forçavam o início do diálogo para tentar influir e direcionar a pauta econômica, e impor princípios neoliberais, como o ajuste fical, o superávit primário, o teto de gastos. Enquanto isso, Lula e toda a executiva sabiam da importância de introduzir no debate: a fome, o desemprego, a pobreza; os gravíssimos problemas na educação e na saúde, a carestia, enfim, tratar da economia popular. 

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Auxiliado pela disposição do vice, Geraldo Alckmin, com suas andanças e conversas pelo interior de São Paulo e do país, o partido conseguiu introduzir  esse discurso, o que foi perfeitamente entendido pela população. 

Estabelecidas as pontes com os partidos, os movimentos sociais e as centrais sindicais, ou seja, depois de construir um apoio de abrangência política e social, foi a hora de sentar com os industriais e empresários. Sabedores, enfim,  de quais eram as propostas que calavam fundo na maioria da sociedade, mostraram-se, eles também, mais abertos a aceitar, depois do isolamento mundial a que viram o país mergulhado, a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. 

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Após dar provas de sua disposição e garra para voltar ao poder a bordo da esperança do povo, Lula agora aguarda a decisão que virá das urnas, certo de que a sua caminhada foi uma construção coletiva. Foi o que disse e agradeceu na coletiva à imprensa, que encerrou a campanha, em São Paulo. E desta forma ele pretende, com a vitória que se delineia, governar para todos.

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