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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Câncer bolsonarista

Enquanto grupos políticos sérios se articulam para as próximas eleições, paira no ar da extrema direita a necessidade de uma bênção do condenado Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro em sua casa em Brasília onde cumpre prisão domiciliar - 03/09/2025 (Foto: REUTERS/Diego Herculano)

O bolsonarismo virou um câncer em metástase e de difícil cura no Parlamento. O que parecia ser possível extirpar por meio do voto, permanece vivo pela extrema direita, representada principalmente pelo Partido Liberal. O arquivamento da ação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética, por exemplo, foi mais um escárnio com a população e esperamos que possa ser revertido no Plenário da Câmara ou na Justiça. Por outro lado, sem ilusão, devemos tratar esse câncer com a “voto-terapia” mais intensa no ano que vem, única medida profilática que funciona.

Não podemos esquecer que está sendo sacramentada a face do novo bolsonarismo na figura do governador de São Paulo. Tarcísio de Freitas não é ambíguo, como apregoam alguns arautos da Faria Lima, mas, sim, um representante legítimo e integral da extrema direita no Brasil. Ser ou não ser candidato agora ao governo federal é apenas um detalhe momentâneo, dependente mais da capacidade de derrotar Lula do que da bênção de Bolsonaros e comparsas.

Lembremos também de que, quando dos primeiros casos de mortes por contaminação de bebidas com metanol em São Paulo, fruto muito provável de mais uma ação do PCC, o governador foi a Brasília pedir benção para o ex-presidente condenado Jair Bolsonaro, posando para foto icônica que ilustra o fundo do poço político a que ele chegou, arrastando os paulistas para lá.

Assim, o surrealismo que faz parte da extrema direita brasileira é sem igual. Enquanto grupos políticos sérios se articulam para as próximas eleições, paira no ar da extrema direita a necessidade de uma bênção do golpista e condenado ex-presidente Jair Bolsonaro. A atitude imita a caricata história de Inês de Castro, que, já morta, lhe fizeram beijar a mão e ser assim mesmo coroada.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.