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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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Candidato a já ir de presidente a presidiário

"Uma hora a conta chega: é melhor jair se acostumando", escreve a historiadora Carla Teixeira

(Foto: REUTERS/Carla Carniel)
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Por Carla Teixeira 

As notícias de que a família Bolsonaro comprou ao menos 51 imóveis em dinheiro vivo trouxe à baila o tema que o Jornal Nacional não mencionou durante a sabatina com o candidato à reeleição, na semana passada: a corrupção da família presidencial. De acordo com reportagem do UOL, os imóveis adquiridos foram registrados nos cartórios com pagamento “em moeda corrente nacional”, somando um total de R$ 13,5 milhões. O valor atualizado corresponde a R$ 25,6 milhões. Outros 30 imóveis foram comprados mediante transferência bancária, totalizando R$ 13,4 milhões (atuais R$ 17,9 milhões).

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O levantamento patrimonial revelou que quase metade dos imóveis dos três filhos mais velhos, da mãe, das duas ex-mulheres e de cinco irmãos do presidente Jair Bolsonaro foram constituídos nos últimos 30 anos – desde que Jair se tornou parlamentar. Os 107 imóveis foram negociados em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal a partir de 1990. Desse total, pelo menos vinte e cinco foram alvos do Ministério Público do Rio de Janeiro e do Distrito Federal por suspeitas de irregularidades.

Perguntado sobre o tema, Bolsonaro disse “não ver problemas” nas compras. Sabemos de sua miopia. Ele também disse que não vê “pessoas pedindo pão na porta de padaria”. Não vê, coitado! O JN, parcialmente sócio do facínora, também não vê.

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Na entrevista que concedeu ao Jornal Nacional, Jair Bolsonaro não foi perguntado sobre os casos de corrupção envolvendo sua família, tampouco sobre o aumento da fome e da miséria no país. Depois, o portal Metrópoles publicou que a condição imposta por Bolsonaro para comparecer à bancada era que não houvesse questões sobre os casos de corrupção envolvendo sua família. O JN nega (óbvio!).

Pronto para o confronto – cuja memória retorna às eleições de 2018, quando Bolsonaro no mesmo JN lembrou o apoio das Organizações Globo e de Roberto Marinho ao golpe de 1964 e à Ditadura Militar – o nome de “Dário Messer” pôde ser lido em sua mão esquerda enquanto respondia às perguntas. Vale a pena ver de novo: Messer, “o Rei dos doleiros”, não apresentou provas, mas afirmou  em delação premiada que fazia repasses em dinheiro aos filhos de Roberto Marinho.

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Apesar do lembrete literalmente à mão, Bolsonaro não citou Dário Messer em sua entrevista ao JN. Em contrapartida, também não teve de responder a William Bonner, Renata Vasconcellos e aos milhões de telespectadores (e potenciais eleitores) sobre os casos de corrupção envolvendo sua família. Plim Plim: pacto da mediocridade jornalística renovado, esquemas (e patrimônios) familiares frutos de corrupção preservados.

Na outra ponta, consta que Bolsonaro usou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para atrapalhar uma investigação envolvendo Jair Renan Bolsonaro, o filho 04. Subordinado a Alexandre Ramagem, então chefe da Abin, a operação visava “prevenir riscos à imagem do chefe do Poder Executivo”. De acordo com o inquérito da Polícia Federal (PF), Renan Bolsonaro é acusado de receber um carro elétrico, avaliado em R$ 90 mil, para facilitar o acesso de um empresário do Espírito Santo ao governo.

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O relatório parcial da PF apontou que a interferência da Abin pode ter estimulado os investigados a combinarem versões a respeito dos fatos e que “não há justificativa plausível” para a interferência da agência no caso (isso que é pai!, diriam os eufóricos).

Convém lembrar que a sabatina de Lula, no JN, teve o tema da corrupção colocado desde a primeira pergunta. Acusações semelhantes foram utilizadas por Jair Bolsonaro durante o debate presidencial da Band, ocasião em que se referiu a Lula como “ex-presidiário”. A resposta dada por Lula (paz e amor) foi boa “eu fui preso em 2018 para que Bolsonaro fosse eleito”, mas sequer chegou perto de revelar ao telespectador (e potencial eleitor) o mar de lama que afoga a família Bolsonaro.

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De crimes comuns a crimes contra a humanidade, as denúncias explicam o desespero de Jair Bolsonaro e os latidos de golpe (dia sim, dia também) ameaçando as eleições. Sob a perspectiva de perder para Lula em outubro e não poder mais interferir na PF ou na Abin para salvar a si e aos seus, o candidato à presidência também é forte candidato a presidiário. Uma hora a conta chega: é melhor jair se acostumando.

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