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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”. https://noticiariocomentado.com/

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Carlos Nobre: reduzir o efeito estufa ou dizer adeus à vida na Terra

"Não é filme de ficção: a Terra pode estar perto do fim. Junto com ela caminha para seus derradeiros momentos a vida humana", escreve Paulo Henrique Arantes

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Carlos Nobre e seca na Região Nordeste (Foto: Agência Brasil)
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O cientista brasileiro Carlos Afonso Nobre agora é um dos Planetary Guardians, compondo o coletivo global de lideranças dedicadas a salvar o planeta. Não é filme de ficção: a Terra pode estar perto do fim. Junto com ela caminha para seus derradeiros momentos a vida humana. “Não temos opção. Precisamos reduzir o risco futuro a partir de ontem”, disse o climatologista ao colunista no último sábado (25), um dia agradavelmente chuvoso no interior de São Paulo.

Chuvas refrescantes e amenas, contudo, perdem espaço para temporais como os que causaram a tragédia do Rio Grande do Sul, antes a do Litoral Norte de São Paulo, e todo ano a da serra fluminense, e tantas outras Brasil afora, sem que o Poder Público tome qualquer iniciativa efetiva para prevenir o caos. O modelito “fim do mundo” veste os mandatários dos países que deveriam se ocupar de reverter a devastação da natureza antes de qualquer outra coisa. 

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Doutor em Meteorologia pelo MIT (Massachussetts Institute of Technology), pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP, Nobre ganhou em 2021 o prêmio “Science Diplomacy” da Associação Americana para o Avanço da Ciência, que não se deve traduzir simplesmente como “Diplomacia Científica”, como a mídia fez, mas algo como “Diplomacia em Prol da Ciência”. É procurado por nove em cada 10 jornalistas que querem aprender um pouco sobre riscos climáticos e Amazônia. Seu alerta é contundente: parem imediatamente de emitir gases de efeito estufa.

“Nós temos o enorme desafio de salvar o planeta. Já vimos os riscos pelos quais estamos passando pelo aquecimento global no nível a que chegou. Agora, em 2024, as temperaturas globais já atingiram um aquecimento de 1,5 grau em comparação com 1850-1900. É também o momento de mais alta temperatura dos oceanos – o Atlântico está muito quente, partes do Pacífico e do Índico também”, adverte.

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Esse aquecimento é responsável pelo aumento de eventos meteorológicos extremos, sejam secas ou chuvas muito intensas. Também por ondas de calor, fenômenos muito graves, extremamente prejudiciais à saúde. “Tudo isso já acontece com muito mais frequência do que antes. As emissões dos gases de efeito estufa, responsáveis por todo esse enorme aquecimento, são quase 70% humanas – queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural). Cerca de 23% devem-se à agricultura e aos desmatamentos”. 

Só que ninguém se assusta. As emissões continuam a aumentar, aponta o pesquisador. Em 2022 os níveis foram recorde. Os dados de 2023 ainda não foram compilados, mas estima-se um aumento de 1 a 2% em relação a 2022. “Nós estamos caminhando num cenário muito perigoso, num cenário em que o aumento da temperatura pode passar de 2 graus. Se pensarmos nas metas que os países colocaram na COP 27, no Egito, em 2022, a temperatura pode chegara um aumento de 2,5 graus em 2050 - isso é um risco enorme, uma tragédia climática”,  

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Não há saída para o planeta Terra a não ser remover uma grande quantidade de gás carbônico da atmosfera, o que é viável mediante projetos – gigantescos - de restauração florestal. “Temos a obrigação de fazer a maior restauração de florestas tropicais do mundo. O Brasil lançou na COP 28 (Dubai, 2023) o projeto Arco da Restauração, para recuperar 24 milhões de hectares na Amazônia até 2050, 6 milhões dos quais até 2030”, lembra Nobre. Que seja um compromisso de Estado a sobrepor-se às vontades do governo de turno.

Fato é que o mundo está bem perto do ponto de não-retorno. Já passou da hora de todos aqueles que, de certa forma, geram orçamentos terem como prioritária a causa climática. Donos privados do dinheiro, como o megalomaníaco Elon Musk, precisam despejar parte de sua fortuna em iniciativas que preservem a vida na Terra, não que almejem levar agraciados a viver em outro planeta.

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