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Dom Orvandil

Bispo Primaz da Igreja Católica Anglicana, Editor e apresentador do Site e do Canal Cartas Proféticas

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Carnaval 2017, do clamor dolorido à esperança popular

O "fora Temer" saído de sambas, dos gritos de arquibancadas e das ruas é percepção revolucionária que saem das almas de nosso povo

O "fora Temer" saído de sambas, dos gritos de arquibancadas e das ruas é percepção revolucionária que saem das almas de nosso povo (Foto: Dom Orvandil)
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Caríssimo Prof. Wilson Santos, Campo Granade, MS

O carnaval deste ano é absolutamente atípico, meu amigo prof. Wilson.

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Como escrevi aqui, nunca pulei carnaval, primeiro, porque na juventude, ao ser obediente equivocado de orientações religiosas preconceituosas tive resistência ao carnaval, sem que meus orientadores espirituais conseguissem defini-lo como coisa mundana, mas com ódio ensinaram que, por ser do mundo, esta festa carnal deveria ser evitada por pessoas "espirituais". Depois, porque sempre aproveitava o feriado longo depois das férias de verão para organizar retiros com o objetivo de oferecer ferramentas de reflexão e profundidade para as pessoas de igreja. Avaliei ao longo do tempo que pessoas tradicionais igrejadas não pensam, não refletem nem são humildes para mudar posições e tornarem seu cristianismo mais sensível ao projeto apresentado pelo Jesus da Palestina.

Pelo contrário, neste carnaval de 2017 vi muito mais de Jesus de Nazaré do que viria em retiros e ações para engordar egos de igrejeiros.

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Nesta noite assisti por uma TV as escolas de samba do Rio de Janeiro.

Meus Deus, me comovi espiritualmente às lagrimas carnais quando entrou a Imperatriz Leopoldinense com sua proposta carnavalesca "Xingu".

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Nela se misturaram a arte em profusão de modo inteligente e agradável aos sentidos. Apesar de minha catarata, que me faz quase cego, ao me aproximar bem do televisor me permiti ser um sambódromo com o brado Xingu. Todas as suas cores e sons me fizeram membro da avenida.

A comunhão entre indígenas, negros, brancos, intelectuais como Darci Ribeiro, o idealizador do Parque Nacional Xingu, dos irmãos Vilas Boas, que levaram, arquitetaram e protegeram nossos irmãos e Cahé Rodrigues, que "enfiou" o "Xingu" no sambódromo e na TV da família Marinho, foi verdadeiro grito profético.

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Na contradição da proposta Cahé Rodrigues mostrou uma letra que exalta o espírito guerreiro de nossos irmãos ameríndios brasileiros na defesa de suas terras, matas, água, sua liberdade e sua sabedoria milenar.

O Parque Nacional do Xingu é ao mesmo tempo a eloquência de intelectuais que não mofam sentados em poltronas e salas refrigeradas da academia arrogante, mas que, como Darci Ribeiro, que viveu 10 anos morando e saboreando a cultura indígena para realmente entender nossa origem, como os irmãos Vilas Boas que usaram sua vasta intelectualidade na defesa efetiva de nossos primeiros irmãos brasileiros e na sua integração respeitosa ao Brasil, mesmo quando a ditadura militar furiosamente de tudo fez para destruir nossas origens até Cahé Rodrigues, que estudou e viveu no parque para compreender toda essa história e fazê-la caber no enredo da escola de samba.

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A reação do agronegócio e dos assassinos dos rios, lagos, matas e gente, industriários da morte através dos agentes agrotóxicos, que visam primordialmente o lucro, mesmo que envenene e mate, ao respeito pelo outro – indígenas, água, matas, frutos e ar – é o grande sinal de que a Imperatriz foi profética e, por isso, vitoriosa.

O enredo Xingu denunciou artisticamente mas revelou a esperança que a história, como num filme, guarda para quem quer aprender suas lições. O Parque Xingu une os intelectuais, a inteligência acadêmica e artística ao original nascido da "Marcha para o Oeste", idealizado pelo governo Getúlio Vargas.

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O que aconteceu através dessa grande escola transcende a beleza e limites da arte para nos recordar de que o Brasil só se salvará com um projeto nacional inteligente e eticamente harmônico entre nossas origens e futuro, mas com a inspiração inalienável de nossa soberannia enquanto nação.

O chororô do agronegócio, principalmente de setores representados pelo Malafaia gritão da direita partidária, estúpida, egoísta e burra, o "seo" Ronaldo Caiado, e dos assassinos da indústria e do comércio antiecológico de insumos inseticidas, apenas reforçam que a Imperatriz Leopoldinense trilha o caminho certo, que nos dá muita esperança. Esta escola já é vencedora do carnaval de 2017 pelo valor cultural e político de sua grandiosa obra!

Que orgulho eu sinto de ser brasileiro!

Outro rasgo de esperança que nos animará nas lutas nos próximos dias foi o grande e generalizado "fora, Temer" que tomou conta das ruas e clubes brasileiros.

A Imperatriz e o grito "fora, Temer" soam como uma conjuntura de esperança, que muitos julgavam morta e sem perspectiva.

Nosso povo se dá conta da bandalheira do golpe que colocou no governo uma quadrilha que parece superar os delinquentes que a Coroa Portuguesa tirou das cadeias para lhes "doar" no Brasil sesmarias de modelo capitanias, formadas pelas terras de nossas indígenas e quilombolas, daí produzindo uma casta ególatra e perversa, geradora de discriminações sociais e econômicas. A quadrilha Michel Temer doa e vende o Brasil descaradamente.

O "fora Temer" saído de sambas, dos gritos de arquibancadas e das ruas é percepção revolucionária que saem das almas de nosso povo.

Muitos dos que se enganaram e, manipulados, gritaram "fora Dilma" e por intervenção militar em nome de um discurso moralista e fascista contra a corrupção lavam a alma, descongestionando-se das mentiras impostas pela mesma mídia que engoliu o Xingu, mas que ignora o povo no seu grito pelo"fora Temer".

Vem agora o pós-carnaval embalado pela energia que nele apareceu. As mobilizações de 08 e de 15 de março envolverão vastas multidões, que em vez de tambores, cuícas e letras inteligentes dar-se-ão as mãos para, com seu sangue e seu suor, lavar o Brasil da sujeira intensa de detritos que invadem o executivo, o parlamento e o judiciário brasileiros com os venenos pulverizados pelos canalhas e pelos comprados golpistas.

No ano em que se comemora o primeiro século da Revolução Russa o Brasil começa a germinar a sua revolução.

Aleluia!

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