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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Carnaval midiático celebra decisão irrelevante no STF

"Aliados da Lava Jato podem até fazer um carnaval para celebrar a derrota de um recurso já caducado de Lula que tentava impedir sua prisão antes do transito em julgado da sentença de Moro", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247; "Mesmo assim não poderão esconder o que é realmente grave: até agora o STF não julgou e quem sabe nunca venha a julgar as ações de constitucionalidade que garantem a presunção da inocência, que há seis meses aguardam a chance de ir a plenário"; para PML, essa omissão "prejudica o país e o Estado Democrático de Direito mas, como já sabemos, esta não é a prioridade de quem dirige o país no momento"

Carnaval midiático celebra decisão irrelevante no STF
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Prevê-se que ao longo do dia de hoje a 2a. Turma do Supremo encerre a votação daquele recurso apresentado pela defesa de Lula para impedir a prisão antes do transito em julgado.

Só falta um voto, do decano Celso Mello. Se ele votar a favor do recurso, o placar final será de 4 a 1. Se votar contra, o debate termina em 5 a 0.

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Pelas regras do plenário virtual, caso Celso Mello fique quieto, a votação será encerrada à meia noite e seu voto será contabilizado, automaticamente, como alinhado ao do relator Edson Fachin.

 Em qualquer caso, podemos prever o carnaval que será promovido pelos aliados da Lava Jato.

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 Em busca permanente de uma nova camada de  verniz de legitimidade ao encarceramento de Lula, a máquina de amigos de Sérgio Moro fará o possível para dar a decisão uma importância que ela não possui.  Não faltarão comentaristas para celebrar o resultado em tom de euforia.

Vamos apostar qual será o primeiro usar a expressão "goleada"?

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Mas é uma festa sem motivo real além da propaganda política anti-Lula.   

Na prática, este recurso da defesa de Lula foi debatido e votado quando se tornara matéria vencida, em função do 6 a 5 contra o pedido de habeas corpus de Lula,  em 4 de abril.

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Seria implausível -- até pela cronologia -- imaginar uma decisão oposta.

Gilmar Mendes foi o primeiro a chamar a atenção para a futilidade do debate e da decisão.  Usou o termo "matéria prejudicada". Cheguei a duvidar mas Luiz Moreira, um dos juristas mais competentes do país, me garantiu, quando a votação se encontrava no início, que não havia a menor base técnica para uma decisão oposta. "Nenhuma", assegurou.

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O carnaval previsto para esses dias destina-se a esconder um fato grave: até agora o STF não tem uma posição sobre a antecipação da pena em segunda instância do ponto de vista do mérito da discussão, que permitiria apontar regras gerais para os 210 milhões de brasileiros submetidos a Constituição.

É aqui que se encontra o debate realmente importante.  

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Desde novembro de 2017 que ações sobre essa matéria estão prontas para serem votadas pelo Supremo. Já estamos em maio de 2018 mas, até agora, Carmen Lúcia não colocou o tema em pauta, coisa que só ela tem a prerrogativa de fazer. Há pouco, chegou ao STF uma nova ação, assinada pelo professor Celso Bandeira de Mello, um dos grandes juristas do pais. Ninguém sabe quando e se será colocada em votação. Quem sabe nunca.  

 E enquanto isso não acontecer, jamais saberemos a opinião da mais alta corte do país sobre a antecipação da pena a partir da segunda instância, algo que contraria  frontalmente o parágrafo XVII do artigo 5o. da Constituição.

 É um silêncio que convém a Lava Jato e àqueles adversários de Lula que, para evitar uma disputa nas urnas, praticam uma seletividade ao contrário. O absurdo é que, para tentar deixar um inimigo político fora da campanha,  prejudicam milhares de brasileiros que, nas carceragens e penitenciárias do país inteiro, também não têm acesso ao transito em julgado, base na presunção da inocência.

 A omissão também protege conforta ministros do STF que não querem ser obrigados a reconhecer, publicamente,  que abandonaram a obrigação principal de suas funções, que é a zelar pelo cumprimento da Constituição.

 A decisão prejudica o país e o Estado Democrático de Direito mas, como nós sabemos, esta não é a prioridade de quem dirige o país, vamos combinar.

 

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