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Luiz Claudio Cunha

Jornalista

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blog

Carta a um vizinho bolsonarista

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Jô, o Baita-Guarda do Bolsonaro,

Meu caro, aos fatos: 

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Vou dar aqui, Baita-Guarda, as respostas às perguntas capciosas que fizeste ao Valmor, no sábado, 5. 

Antes, quero apontar o cinismo descarado de teu post das 21:53 no grupo da rua do WhatsApp , comentando candidamente: “Eu pensei que não era pra falar em política no grupo, pelo visto só os canhotos podem...”. Era tua resposta enviesada ao oportuno vídeo postado três minutos antes pelo Valmor, onde um jovem que não conheço coloca, de forma educada e certeira, as contradições mais pontiagudas desse capitão rombudo que tu louvas e mitificas. 

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Não era uma intromissão indevida e aleatória do Valmor, mas uma resposta justa ao teu vídeo anterior (Carvalho Emanuel) das 21:40, com uma colagem safada de imagens editadas e fora de contexto, atacando a postura do governador de SP, com uma fala antiga e depois corrigida pelo próprio Dráuzio Varela. No título do vídeo, há uma definição cretina: “Antes do Carnaval ele [Dória] falou isso pra o dinheiro entrar”. 

Ou seja, de novo, a fábula bolsonarista – e, portanto, idiota – de que todos os 27 governadores do país, não só o Dória, inventaram toda essa pandemia assassina só pra ganhar dinheiro!... Tu continuas fora da caixinha, hein Baita-Guarda?, orgulhosamente embretado em tuas bobocas obsessões bolsonaristas. 

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Com a elegante postagem subsequente do Valmor, tu tentaste aquela fingida surpresa: “...pensei que não era pra falar em política...”.  

Valmor te desmascarou na pleura, Baita-Guarda: “Você é um notório postador de mensagens políticas. Esta última sobre os governadores é extremamente explícita, sempre na defesa de um psicopata/genocida”.

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 Na tua cabeça maldosa, Baita-Guarda, políticos são todos os outros e tu não passarias de uma virgem imaculada.... Ninguém aqui é otário, Baita-Guarda!

Às 22:02, sete minutos depois da certeira pancada do Valmor, vieste com tua indignada defesa do capitão: “Genocida por quê? Vc não tem noção do que está falando? Acredito que não... e psicopata por que? Por que não compactua com a robalheira (sic) dos canhotos?”

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 Valmor nem perdeu tempo pra te responder. Pois eu pego este encargo, com prazer, e, como Jack, o Estripador, vou fatiar minha contestação às tuas bobagens obscenas, Baita-Guarda. 

 Ao sofismar que ‘pelo visto só os canhotos podem falar em política’ no grupo, tu me colocas uma primeira dúvida, Baita-Guarda. 

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‘Canhoto’, aqui, é sinônimo de esquerda? Imagino que, sempre inocente, não estás pensando em alguém que, por mera instrução genética, prefere instintivamente usar mais a mão ou o pé esquerdo para suas habilidades. No teu estilo trevoso, ‘canhoto’ deve ser aquele que pensa e age pelos valores ideológicos da esquerda. É isso, Baita-Guarda? 

Por simetria, na condição de ‘canhoto assumido’, eu posso te definir como um ‘destro enrustido’. É isso, Baita-Guarda? Ou direita escancarada, para ser mais claro e franco, coisa que, pelo jeito, não te envergonha. E nem deveria, porque tua pétrea postura ideológica regressista e anti-humanista já te define com precisão milimétrica. 

Baita-Guarda, devo te lembrar que em 2011 teu mítico messias cumpria o sexto e baldio mandato de sua inócua carreira de 28 anos como obscuro parlamentar do baixíssimo clero na Câmara dos Deputados, largo período em que aprovou apenas três de 171 projetos de sua pífia autoria. 

Então, o tosco Capitão foi perguntado por um jornalista distraído se ele era de direita. Mal-educado, o repórter não indagou se ele era ‘destro’. Perguntou, na lata, se era de direita. O Bozo ficou indignado: “Direita, não! Eu sou extrema-direita!”, esclareceu, com orgulho. Ou, para seguir teu roteiro ameno, Baita-Guarda, o Bolsonaro se definiu como um ‘extremo-destro’. Por simetria, portanto, deves ser igual ao teu mito – um bolsonarista da extrema-direita. É isso, Baita-Guarda? Nesse caso, bom proveito!

 Digo pra ti privadamente, Baita-Guarda, o que já disse e escrevi publicamente, num texto largamente difundido na internet, exatamente um ano atrás, em junho de 2019. [Se te interessar, busca no Google, “Bolsonaro é o primeiro presidente brasileiro a admitir a Operação Condor”]. Lá, eu tasco, sem rodeios: “Pelo que diz reiteradamente – sem vergonha – nos últimos anos, Bolsonaro é provavelmente o governante mais letal, estúpido e grosseiro do planeta”. 

 Digo ali que ninguém definiu melhor a grotesca figura do presidente brasileiro do que o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, liderando a rejeição da maior cidade americana à presença do capitão, em abril de 2019, onde seria homenageado com um jantar de gala: “Jair Bolsonaro é um ser humano perigoso. Seu racismo evidente, homofobia e decisões destrutivas terão um impacto devastador no futuro de nosso planeta”, definiu De Blasio.

  Em 2017, quando já era candidato a presidente, Bolsonaro participou de um evento com empresários em Porto Alegre e, lá, produziu sua frase definitiva de psicopata: “Sou capitão do Exército, a minha especialidade é matar”. Ou isso não é coisa de psicopata, Baita-Guarda? Só um militar ignorante e matador como Bolsonaro desconhece a definição clássica de Exército, que existe para defender as fronteiras de um país contra um inimigo externo e para proteger, não matar, o seu povo. Essa sua doentia atitude mental é que explica, bem, a sintonia do capitão serial killer com a morte e a falta de empatia pela vida em um país enlutado que sofre com a perda de um brasileiro por minuto pela Covid-19, que ele desdenhou como ‘uma gripezinha’. Um ‘resfriadinho’ de psicopata que hoje, domingo, 14 de junho, marca exatas 42.791 mortes e 850.796 casos confirmados. Só pra refrescar tua indulgente memória, Baita-Guarda. 

Uma projeção indica que, dentro de um mês e meio, mantida a curva de aceleração da pandemia, o Brasil vai superar o campeão mundial de mortes, os EUA. No próximo dia 29 de julho, o Brasil teria 137,5 mil mortos, contra 137 mil dos EUA. Serão cerca de 4,4 mil mortes no Brasil, o dobro do recorde mundial norte-americano, que chegou a 2.262 mortes em 14 de abril passado. Tu pensas que isso é conta de ‘canhoto’, Baita-Guarda? 

Errado, índio velho!...

É uma projeção do respeitado Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde da Universidade de Washington. Sabe quem usa essa projeção, Baita-Guarda? A Casa Branca do teu idolatrado – por simetria – Donald Trump, o psicopata do Grande Irmão do Norte.

Aliás, o Grande Psicopata do Sul, que se espelha em tudo o que faz, pensa e diz seu mito ianque, levou uma lambada pública do Trump, dias atrás, nos jardins venerados da Casa Branca: “Se os EUA tivessem agido como o Brasil, teriam até 2,5 milhões de mortos...”, disse Trump, numa entrevista à imprensa. Isso não te vergonha, Baita-Guarda?

Uma prova definitiva sobre o psicopata Bozo veio nesta quinta-feira, 11, quando o capitão, em sua live semanal, a pretexto de combater o ‘uso político’ dos dados da pandemia, conclamou seu rebanho bolsonarista a cometer um crime: “Se tem um hospital de campanha perto de você, dá um jeito de entrar e filmar”. 

A conclamação insana do capitão ameaça a integridade dos hospitais e põe em risco a saúde dos próprios invasores dispostos a correr esse risco. Baita-Guarda, tá na hora de decretar, não a prisão, mas a interdição do Bozo por absoluta incapacidade mental e flagrante insanidade. Só uma camisa-de-força para conter um maluco perigoso como esse!...

Bolsonaro, indiferente à dignidade do cargo que ocupa e que deveria respeitar, sempre que pode exibe sua devoção extrema, seu rebaixamento desenfreado, seu servilismo explícito. Em setembro de 2019, em Nova York, ele cruzou no prédio-sede da ONU com Trump, que discursou logo após o brasileiro na abertura da Assembleia Geral da entidade. 

Ao se deparar de repente com sua paixão conspícua, o teu ídolo, Baita-Guarda, o hétero, viril e másculo Bolsonaro não se controlou ao ver aquele macho alfa espadaúdo, de penetrantes olhos azuis e impecável cabeleira laranja, e declarou-se com seu parco inglês de Rambo de Hollywood, afrontando a indeclinável liturgia do cargo de um presidente: 

I love you, derreteu-se o lânguido Bolsonaro para seu colega da Casa Branca. Trump não se deixou seduzir pela inesperada e doce declaração de amor do capitão, e respondeu secamente: Good to see you again!   

 O saudável distanciamento social e político que Trump adota, agora, em relação a seu leproso amigo capitão reforça o consenso mundial de que temos, no Palácio do Planalto, um sintomático, evidente psicopata aferrado a suas ideias fixas, sempre estúpido e cada vez mais teimoso. “Sou preconceituoso, com muito orgulho”, dizia o capitão em 2011, nove anos antes de assumir o seu posto de maior ameaça à saúde pública dos brasileiros.  

Bolsonaro, em vez de seguir os especialistas da ciência e os técnicos exonerados do Ministério da Saúde, gasta o seu tempo inútil e sua agenda oca xingando a OMS. Ela já errou, como fez várias vezes desde o início da crise, mas reconhece os erros e sempre se corrige — coisa que o capitão psicopata nunca faz. Ele está sempre certo e o mundo – ora o mundo! – está todo errado...  

Pior. Em vez de prestigiar a Saúde, Bolsonaro demite dois ministros em plena pandemia, no espaço de um mês, e bota lá um rústico general de logística, que foge das entrevistas coletivas para não responder a perguntas incômodas e, no cercadinho protegido de uma reunião ministerial, tenta puxar para baixo a Linha do Equador para enfiar no Hemisfério Norte a quente Amazônia e o tórrido Nordeste brasileiro, suscetíveis ao seu imaginário maluco de inverno transplantado. 

Bolsonaro, com o seu general e os 25 militares convocados para suprir o pelotão de cientistas e especialistas que desertaram desse governo de aloprados, transformou o Ministério da Saúde num ‘puxadinho’ do Exército. Como já explicou o capitão-presidente, essa gente é treinada para matar, não curar. 

“Minha especialidade é matar, não curar ninguém”, lembrou o presidente psicopata em Porto Alegre. “Aprendi a atirar com tudo que é tipo de armas, sou paraquedista, sou mergulhador profissional. Sei fazer sabotagem, sem mexer com explosivos. Vocês [brasileiros] nos treinam, nos pagam para isso”. Se o capitão acha isso, o que esperar das habilidades do general e seus camaradas de farda na Saúde, segundo a filosofia serial killer de Bolsonaro? Matar, não curar... Entendeu, Baita-Guarda, ou quer que desenhe?

O nosso capitão genocida, antes que me esqueça, é um bom parâmetro com o cabo genocida do III Reich, Baita-Guarda. Feito chanceler alemão em 1933 em eleições limpas como as que elegeram nosso capitão, Adolf Hitler nunca matou pessoalmente ninguém como Führer da Alemanha nazista. Mas, ninguém duvida que as diretrizes de Hitler e de seu entorno da Gestapo, comandado por ele com mão de ferro, engendraram o mecanismo de morte que permitiu o genocídio em bases industriais de 6 milhões de seres humanos nos campos de morte como Auschwitz — um pouco menos do que os 7,8 milhões de pessoas infectadas no mundo pelo Covid-19, na atualização de hoje (14/jun) da Johns Hopkins University. 

 Bolsonaro no Planalto não matou ninguém pessoalmente, Baita-Guarda, mas sua crônica, endêmica irresponsabilidade e seu desapreço exemplar pelas normas sanitárias internacionais são fortes indutores das mortes crescentes que vive o Brasil, numa escalada sem controle que ainda não atingiu seu pico. Isso lhe dá, com justiça, as credenciais de genocida, Baita-Guarda. As cidades e estados que precipitaram o fim do isolamento, como quer o capitão, viram seus índices disparar outra vez e muitos foram obrigados a recuar, restabelecendo as restrições e o lockdown.

O instinto genocida de Bolsonaro fica claro, Baita-Guarda, na resposta sem compostura que deu, em julho de 2016, numa entrevista na rádio Jovem Pan: “O erro da ditadura foi torturar e não matar”. Pois a ditadura louvada sempre pelo capitão fez as duas coisas erradas, Baita-Guarda – torturou e matou. Um instinto matador que atravessa fronteiras e consciências, Baita-Guarda: “O general Pinochet devia ter matado mais gente no Chile”, disse teu amado Capetão em 1998.

Em maio de 1999, quando nem ele sonhava em ser presidente, Bolsonaro deu uma entrevista ao ‘Câmera Aberta’, da TV Bandeirantes, e escancarou a face genocida que tanto te espanta, Baita-Guarda. Disse ele, no Governo FHC: “Através do voto você não muda nada neste país, nada... Só vai mudar, infelizmente, no dia que nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro... e fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil. Começando com o FHC.... Matando! ”. 

 O psicopata e genocida Bolsonaro, sempre que pode, louva o seu maior herói: o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), o mais notório torturador da ditadura sempre celebrada pelo demente capitão. Construiu e comandou, no Governo Médici, o DOI-CODI da rua Tutoia, no II Exército de São Paulo, o mais sangrento e letal centro de tortura e morte do regime militar. Em seus 40 meses de gestão, entre setembro de 1970 e janeiro de 1974, o herói bolsonariano Ustra deixou um rastro de dor e sangue: em seu local de trabalho morreram 40 pessoas (uma por mês) e ecoaram 502 denúncias de tortura (uma a cada 60 horas), segundo o Projeto Brasil Nunca Mais, da Arquidiocese de SP, liderada pelo bravo cardeal D. Paulo Evaristo Arns — que pra ti e para o capitão, Baita-Guarda, não deve passar de um reles ‘canhoto’ da Igreja. 

Naqueles anos terríveis, os dedicados patriotas que serviam no DOI-CODI dos quatro comandos de Exército eram sempre majores e não usavam seus nomes reais em seus malignos locais de trabalho. Usavam codinomes, por exigência dos comandantes. O codinome do então major Brilhante Ustra, o herói de Bolsonaro, era ‘Dr. Tibiriçá’. 

Cada DOI-CODI tinha uma seção de interrogatórios com 36 pessoas, divididas em seis turmas que se revezavam. Torturar, pelo jeito, dá uma tremenda canseira.... Os chefes de interrogatório eram sempre oficiais com posto de capitão. Lembremos, Baita-Guarda, que a cruel especialidade de um capitão é matar, como já dizia o velho e bom capitão Bolsonaro...

Baita-Guarda, para não pensares que isso é achismo de ‘canhoto’, te passo os dados da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014), que investigou os crimes da ditadura. Os DOI-CODI das duas maiores capitais brasileiras, Rio e SP, registram a morte sob tortura de 81 presos (51 em SP, 31 no RJ), o que significa ¼ (ou exatos 23,8% das 339 pessoas assassinadas durante o regime favorito de Bolsonaro. 

Enquanto tu te esfolas para defender o indefensável, Baita-Guarda, o teu ídolo é moído, trucidado, enxovalhado pelos maiores e mais influentes formadores de opinião do mundo, que tratam Bolsonaro com escárnio, debocham de suas declarações canalhas e lamentam a imagem de decadência política e moral a que o Brasil está sendo arrastado por esse palerma que finge ser presidente. Vou te dar alguns exemplos terríveis do retrato que o Brasil do pérfido Bolsonaro tem no mundo, hoje:

Ian Bremmer, presidente do EURASIA GROUP, de Nova York, a maior consultoria de risco político do mundo: “Bolsonaro é o pior presidente democraticamente eleito a lidar com a crise do coronavírus, pessoalmente responsável pela atenção internacional negativa que o país tem recebido. Mesmo quando você o compara com Trump, que é controverso ao máximo nos EUA, é preciso admitir que Bolsonaro é pior, e isso não é pouca coisa”.

FINANCIAL TIMES, Londres, o mais importante jornal de economia do mundo: “Pode soar exagerado, mas poucos presidentes eleitos considerariam participar de uma manifestação na qual manifestantes pedem que o Congresso e a Suprema Corte sejam fechados e substituídos pelo regime. Foi o que Bolsonaro fez – não uma, mas várias vezes”.

THE NEW YORK TIMES, Nova York, o mais importante jornal do mundo: “As mortes por vírus no Brasil são agora as mais altas do mundo. Os investidores estão fugindo do país. O presidente, seus filhos e aliados estão sob investigação. Sua eleição pode até ser anulada. A crise que o país enfrenta contrasta fortemente com o histórico do Brasil de respostas inovadoras e ágeis aos desafios da assistência médica, que o tornaram um modelo no mundo em desenvolvimento nas décadas passadas... Jair Bolsonaro é o menor, o mais maçante e o mais insignificante dos líderes”.

LE MONDE, Paris, o mais influente jornal da França no mundo: “Depois de negar o Holocausto, elogiar a ditadura, negar os incêndios na Amazônia e a gravidade da pandemia de covid-19, Bolsonaro e sua tentação autoritária correm o risco de levar o Brasil a uma perigosa aventura inconsequente... O Brasil de Bolsonaro habita um mundo paralelo, um teatro do absurdo onde fatos e realidade não existem mais. Nesse universo sob tensão, nutrido por calúnias, incoerências e provocações mortíferas, a opinião é polarizada em uma nuvem espessa de ideias simples, mas falsas. O negacionismo alimentado pelo poder (…) e a aposta política inacreditável de Bolsonaro, que pensa que os efeitos devastadores da crise na saúde serão atribuídos a seus opositores, mostra que esse obscuro ex-deputado de extrema direita não tinha nada de um homem de Estado”.

THE GUARDIAN, Londres, um dos mais respeitados jornais mundiais: “Bolsonaro está arrastando o Brasil para uma calamidade... Bolsonaro é um dos quatro líderes mundiais que ainda subestima a ameaça do coronavírus, ao lado dos presidentes autoritários da Nicarágua, Bielorrúsia e Turcomenistão”.

EL PAÍS, Madrid, um dos jornais mais influentes da Europa: “Bolsonaro, que sempre foi um político sem relevância, célebre pelas grosserias contra os diferentes e as mulheres, é hoje examinado sob os traços obscuros de sua personalidade. A psicologia o descreve como um paranoico com complexos de inferioridade e fúrias destrutivas de morte.... É urgente que o Brasil e suas forças democráticas se unam para deter o cavalo descontrolado das velhas saudades autoritárias.... Nele não existem limites e cercas capazes de distinguir entre civilização e barbárie. E ainda acreditando-se enviado e iluminado por Deus...”

BBC, Londres, a rede pública de TV mais importante do mundo: “Pelo que se pode ver, quando se fala da resposta à Covid-19, ou à falta dela, Bolsonaro tem uma categoria própria, como o líder de ultradireita mais ignorante e isolado do mundo”, diz o cientista político holandês Cas Mudde.

THE ECONOMIST, Londres, a revista conservadora de economia mais respeitada do mundo: “Para BolsoNero, o coronavírus é apenas uma gripezinha... Nos 15 meses desde que ele se tornou presidente, os brasileiros se acostumaram com suas bravatas machistas e ignorância em questões que vão desde a conservação da floresta amazônica até a educação e o policiamento. Mas desta vez o dano é imediato e óbvio: Bolsonaro associou a provocadora retórica à sabotagem ativa da saúde pública... Até mesmo para seus próprios padrões, a violação do principal dever de Bolsonaro de proteger vidas foi longe demais... Grande parte do governo o trata como um parente difícil que mostra sinais de insanidade. Bolsonaro é apoiado por um pequeno círculo de fanáticos ideológicos, que inclui seus três filhos, pela fé de evangélicos e pela falta de informações sobre a COVID-19 entre alguns brasileiros. Os últimos dois fatores podem mudar à medida que o vírus atingir seu sulco fatal nos últimos meses... O presidente pode não ser capaz de se blindar da culpa pelo impacto econômico. Por sua imprudência com a vida dos brasileiros, Bolsonaro jogou a possibilidade de sua própria saída para cima da agenda política. É provável que isso permaneça depois que a pandemia desaparecer... O isolamento de Bolsonaro pode ser o começo do fim de seu mandato”.

Sabe qual a resposta do Bolsonaro a essa enxurrada de críticas sensatas e certeiras, Baita-Guarda?

É essa mesma que te passou pela cabeça: “A imprensa mundial é de esquerda”, respondeu Bolsonaro, ao ser perguntado no cercadinho do Alvorada. 

O capitão poderia sacudir os ombros e fazer um muxoxo: “E daí? Não faço milagres...”

Só uma cabeça desarranjada e uma paranoia congênita, que o faz xingar e destratar de forma recorrente repórteres, jornais e redes de TV, é que explicam essa imbecilidade militante de Bolsonaro, ao botar o Times, Le Monde, BBC, The Economist, El País, Guardian e Financial Times , entre outros, num balaio de ‘canhotos’ – como diria o Baita-Guarda, na sua incondicional e cúmplice submissão às besteiras que o capitão faz e diz todo santo dia.   

Tem mais, Baita-Guarda. Descobri, na tua página de Facebook, que teu cinismo é um poço sem fundo. Num dos post, tu cravas uma pergunta indignada: “Meu Deus! Por que cada atitude desse governo se torna uma discussão? Onde estava essa gente quando o país era saqueado pelo PT?”

Pois eu devolvo e atualizo a tua pergunta, Baita-Guarda. Onde estavam esses bolsonaristas escancarados de hoje, enquanto os filhos travessos do Capitão estavam enrolados com ‘rachadinha’, o sumiço escandaloso do Fabrício Queiroz, a lavagem de dinheiro, o crime continuado e o terror de milicianos sobre populações pobres e vulneráveis, as condecorações indecorosas de Flávio 01 para PMs encarcerados e a produção frenética de fake-news geridas pelo gabinete do ódio de Carlos 02 incrustado no Palácio do Planalto? 

Onde estão os fanáticos do rebanho bolsonazista para repudiar as tentativas verticais e oblíquas de Bozo para amansar a Polícia Federal e evitar que continuem no rastro dos filhos encrencados e envolvidos com enriquecimento ilícito e produção de fake-news? 

Em outro post no teu Facebook, com um comparativo entre nazismo, esquerda e direita, tu avalizas uma patifaria bolsonária, que consagra uma desonestidade intelectual e uma falsidade histórica, ao tentar nivelar esquerda e nazismo. O próprio Capitão, sem receio de sua pública imbecilidade, fez isso na visita oficial que cumpriu em Israel, em abril de 2019, onde repetiu esse pensamento idiota. Foi espancado, imediatamente, pelo próprio governo da Alemanha e por historiadores sérios, universidades respeitadas e entidades e acadêmicos reconhecidos de Israel e da Alemanha. 

Como a cereja do bolo desse festival de ignorância, dias depois, num encontro com evangélicos no Rio, Bolsonaro trovejou: “Nós podemos perdoar o Holocausto, mas não podemos esquecer”. O capitão imbecil foi duramente contestado pelo presidente de Israel, Reuven Rivlin, e pelo Museu do Holocausto, que lembraram ao Bozo que o genocídio de 6 milhões de judeus não se esquece e não se perdoa. No dia seguinte, o capitão teve que mandar uma carta pedindo desculpas aos ‘amigos judeus’... 

Bolsonaro não percebeu, Baita-Guarda, que nenhum judeu e nenhum ser humano consciente do mundo, diante da barbárie nazista, tem o direito e o desplante de sacudir os ombros e dizer: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagres...”. Se não é milagreiro, Baita-Guarda, bem que o teu messias poderia começar tentando não fazer besteira, nem dizer tolices. 

 Mais corajoso no Facebook, Baita-Guarda, tu escancaras na tua página um pouco mais as sandices e despautérios dos malucos e fanáticos com que compartilhas, lépido e fagueiro, as ideias mais cavalares e bárbaras da tua facção do ‘extremo-destro’. Para quem prefere viver fora da caixinha, deve ser uma posição confortável. 

Corajoso, ma non troppo, Baita-Guarda. Na tua página do Facebook, tu expões os nomes e as fotos de 126 amigos, que devem simpatizar com tuas posições radicais e disparatadas. Mas, de ti, nada se sabe. Não tem tua foto, substituída por um valente círculo todo preto, e não tem ali as informações básicas que todo mundo estampa, sem receio, em suas páginas do Facebook: onde nasceu, onde morou, onde trabalhou, onde estudou, quais os sites, links e informações para contato. Não mostra, nem exibe nada. Zero. Parece até um daqueles capitães dos porões do DO-CODI, que viviam sob a proteção do anonimato calculado de um codinome... 

Eu tenho a graça de saber que vives em Brasília porque, por acaso, sou teu vizinho de rua, aqui no Lago Norte. Só sei isso de ti.    

 Eu, ao contrário, não tenho Facebook, ferramenta que detesto, como o Twitter e outras geringonças. Me contento com o Gmail e o WhatsApp. Apesar disso, não me escondo como tu, Baita-Guarda. 

Minha cara feia, minhas fotos, minha biografia na Wikipedia, meu e-mail, minhas posições e minhas opiniões estão expostas, há décadas, em centenas, talvez milhares de textos, vídeos de palestras e entrevistas, artigos de seminários e palestras replicados aqui e no exterior, na minha condição de jornalista com meio século de atividades nos mais importantes órgãos da grande imprensa do país. Entre eles, Zero Hora, Veja, Jornal do Brasil, IstoÉ, O Globo, O Estado de S.Paulo, Rede Globo e Correio Braziliense. Nenhum deles, para teu conforto, pode ser definido como ‘canhotos’ ou algo parecido. 

Só no site do Observatório da Imprensa, existem mais de 100 artigos meus. Qualquer checagem rápida no Google vai te provar que falo a verdade. 

Em todos eles está presente minha incondicional, aberta e transparente defesa da democracia, das liberdades e dos direitos humanos, o que envolve a proteção ao meio ambiente e o pleno exercício da liberdade de opinião e de expressão – coisas sempre ameaçadas pelo teu capitão de fé e seu governo de celerados e de valores enxovalhados pela ditadura e pelo arbítrio sempre louvado pelo teu capitão psicopata e genocida. 

Por obrigação moral, sensatez política, consciência histórica e dever de ofício como jornalista, ao contrário de ti, Baita-Guarda, sempre fui contra a ditadura, contra a tortura, contra a censura, contra a violência, contra a estupidez, contra o negacionismo, contra o fundamentalismo religioso. 

Combato sempre a ignorância dos que atentam contra a ciência, o conhecimento, a sabedoria e a universidade e os marcos universais da civilização. E denuncio o ridículo e a cegueira de quem acha que a Terra é plana, contrariando o que nos ensinam e comprovam há milênios os livros, os cientistas, os satélites e até os astronautas que mais recentemente circundaram o nosso esférico planeta, como o brasileiro Marcos Pontes, por acaso ministro desse governo iletrado, boçal e grosseiro como teu capitão-presidente. 

Espero que, de todos esses pecados, Baita-Guarda, tu pelo menos ainda resista ao terraplanismo desses idiotas...

Gastei um bom número de adjetivos para dar uma pálida ideia de como vejo essa cavalgadura do Bolsonaro, uma tragédia que nos assola junto com o Covid-19. O Brasil não merecia essa dupla calamidade. Precisamos nos livrar de uma e de outra.

Mas, faltou um adjetivo. Uma palavra que define, resume, sintetiza à perfeição o que é e o que representa esse inacreditável Bolsonaro e seu vasto arsenal de sandices e patifarias, renovadas diariamente, assustando o Brasil e os brasileiros. O adjetivo foi achado pelo promotor Paulo Brondi, do Ministério Público de Goiás, e revelado ao mundo em março passado no blog do Juca Kfouri. 

Define o promotor, certeiro e contundente: “Bolsonaro é um cafajeste. Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia... Bolsonaro reflete à perfeição aquele lado mequetrefe da sociedade. Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes.... Muitos se arrependeram, é claro. No entanto, é mais verdadeiro que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina e vagabunda do imbecil-mor”.

Resumindo. É isso, Baita-Guarda. Bolsonaro é um tremendo, um baita cafajeste!

Baita-Guarda, obrigado por chegar até aqui. Acho que é o bastante. É a primeira e última vez que te escrevo, sem muitas esperanças de te trazer de volta para a caixinha do bom senso ou te converter à razão do conhecimento. 

Eu, como tu, tenho coisas mais importantes e saudáveis para me ocupar. 

Como bom polemista, estarei sempre aqui, atento a qualquer agressão, absurdo ou abuso autoritário e bolsonarista que contrarie o bom senso, o progresso, a razão e as liberdades. 

Este é o meu lado da trincheira, Baita-Guarda. Infelizmente, já escolheste o teu. 

Não voltarei a te importunar, Baita-Guarda. Mas voltarei ao batente, sempre que necessário, dependendo de tua reação e disposição. 

 Até a próxima. 

 Saudações democráticas, antifascistas... e canhotas. 

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