Carta aberta ao presidente Lula
Por um militante da Articulação Unidade na Luta de Brasília
Muito além dos livros e debates acadêmicos, suas ideias encontram eco concreto no cotidiano daqueles que enfrentam os efeitos do imperialismo moderno, da desigualdade e da dominação econômica imposta por grandes potências sobre países autônomos que estão em pleno desenvolvimento. Em pleno século XXI, quando o colonialismo já não se apresenta com exércitos ocupando territórios através das espadas, mas sim com ameaças comerciais abusivas, políticas de austeridade, controle tecnológico e financeiro, a sua posição enquanto Presidente do Brasil mostra sua relevância ao propor uma alternativa democrática baseada na soberania popular e na solidariedade internacional dos trabalhadores.
A luta contra o imperialismo, central ao pensamento da minha corrente política, é também a luta de quem defende que os povos tenham o direito de controlar suas riquezas, de decidir seus rumos políticos e econômicos sem a tutela de quem quer que seja.
Em um mundo onde a extrema direita avança e tenta normalizar a desigualdade, o racismo e a retirada de direitos, nós, progressistas, reafirmamos que a transformação só pode vir das mãos dos próprios trabalhadores, organizados de forma democrática, com protagonismo das bases. A defesa da revolução permanente, da democracia operária e da luta anticolonial se conecta diretamente com as do presente. Nas periferias das grandes cidades, nas ocupações de terra, nos sindicatos combativos e nas universidades públicas, há exemplos vivos de práticas que carregam o espírito da liberdade política e social, ainda que não tenham o nome de um movimento: contestação da ordem, organização coletiva e internacionalismo do livre pensamento.
Frente ao avanço de projetos autoritários e à guerra comercial que serve de pano de fundo para a desestabilização de democracias, muitas vezes patrocinadas por interesses escusos e/ou golpistas, nós, brasileiros, defendemos a união dos povos contra o extremismo e principalmente contra o colonialismo contemporâneo. Penso que a luta por soberania não pode ser confundida com nacionalismo burguês, mas deve ser parte de uma estratégia mais ampla de emancipação dos povos, com justiça social, igualdade e distribuição da riqueza através de políticas públicas que reduzam o IRPF do trabalhador comum e façam justiça frente aos desmandos dos rentistas. Nesse cenário, as ideias que fundamentam a criação do PT permanecem não como memória, mas como horizonte político urgente para quem deseja não apenas resistir, mas transformar radicalmente o mundo.
No complexo processo de transformação, é essencial reconhecer que as grandes corporações tecnológicas, as chamadas big techs, não podem ser as únicas vozes a definir os rumos da sociedade. Elas ainda concentram dados, controle de informação, algoritmos e capacidade de influenciar narrativas políticas, econômicas e culturais. A pauta deve ser progressista, baseada na soberania informacional, na inclusão digital consciente e no uso ético da tecnologia. Não devemos ser pautados, devemos pautar um país mais justo, plural, igualitário e livre do domínio de qualquer coisa que não tenha convergência com o interesse popular.
Presidente, sua luta é pela soberania nacional, pela construção coletiva de um projeto público de emancipação e caso, não seja possível pelo Itamaraty, não se abata, lembre que na sua retaguarda tem uma militância aguerrida e pronta para a disputa.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

