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Kleber Santos

Ativista social em defesa da democracia

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Carta aberta ao presidente Lula

Por um militante da Articulação Unidade na Luta de Brasília

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de anúncio dos projetos habilitados pelo Novo PAC Seleções 2025 - Urbanização de Favelas, no âmbito do Programa Periferia Viva - Jardim Rochdale, Osasco - SP - 25/07/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Muito além dos livros e debates acadêmicos, suas ideias encontram eco concreto no cotidiano daqueles que enfrentam os efeitos do imperialismo moderno, da desigualdade e da dominação econômica imposta por grandes potências sobre países autônomos que estão em pleno desenvolvimento. Em pleno século XXI, quando o colonialismo já não se apresenta com exércitos ocupando territórios através das espadas, mas sim com ameaças comerciais abusivas, políticas de austeridade, controle tecnológico e financeiro, a sua posição enquanto Presidente do Brasil mostra sua relevância ao propor uma alternativa democrática baseada na soberania popular e na solidariedade internacional dos trabalhadores.

A luta contra o imperialismo, central ao pensamento da minha corrente política, é também a luta de quem defende que os povos tenham o direito de controlar suas riquezas, de decidir seus rumos políticos e econômicos sem a tutela de quem quer que seja.

Em um mundo onde a extrema direita avança e tenta normalizar a desigualdade, o racismo e a retirada de direitos, nós, progressistas, reafirmamos que a transformação só pode vir das mãos dos próprios trabalhadores, organizados de forma democrática, com protagonismo das bases. A defesa da revolução permanente, da democracia operária e da luta anticolonial se conecta diretamente com as do presente. Nas periferias das grandes cidades, nas ocupações de terra, nos sindicatos combativos e nas universidades públicas, há exemplos vivos de práticas que carregam o espírito da liberdade política e social, ainda que não tenham o nome de um movimento: contestação da ordem, organização coletiva e internacionalismo do livre pensamento.

Frente ao avanço de projetos autoritários e à guerra comercial que serve de pano de fundo para a desestabilização de democracias, muitas vezes patrocinadas por interesses escusos e/ou golpistas, nós, brasileiros, defendemos a união dos povos contra o extremismo e principalmente contra o colonialismo contemporâneo. Penso que a luta por soberania não pode ser confundida com nacionalismo burguês, mas deve ser parte de uma estratégia mais ampla de emancipação dos povos, com justiça social, igualdade e distribuição da riqueza através de políticas públicas que reduzam o IRPF do trabalhador comum e façam justiça frente aos desmandos dos rentistas. Nesse cenário, as ideias que fundamentam a criação do PT permanecem não como memória, mas como horizonte político urgente para quem deseja não apenas resistir, mas transformar radicalmente o mundo.

No complexo processo de transformação, é essencial reconhecer que as grandes corporações tecnológicas, as chamadas big techs, não podem ser as únicas vozes a definir os rumos da sociedade. Elas ainda concentram dados, controle de informação, algoritmos e capacidade de influenciar narrativas políticas, econômicas e culturais. A pauta deve ser progressista, baseada na soberania informacional, na inclusão digital consciente e no uso ético da tecnologia. Não devemos ser pautados, devemos pautar um país mais justo, plural, igualitário e livre do domínio de qualquer coisa que não tenha convergência com o interesse popular.

Presidente, sua luta é pela soberania nacional, pela construção coletiva de um projeto público de emancipação e caso, não seja possível pelo Itamaraty, não se abata, lembre que na sua retaguarda tem uma militância aguerrida e pronta para a disputa.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.