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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Cassação, a melhor maneira de por fim ao pesadelo Bolsonaro

"O fato é que ninguém mais aguenta o pesadelo Bolsonaro e, à exceção dos seus fanáticos seguidores, a esmagadora maioria do povo brasileiro deseja que ele seja defenestrado do Palácio do Planalto. E isso só acontecerá através da cassação da chapa que disputou as eleições presidenciais de 2018", escreve Ribamar Fonseca

Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Com o banimento, pelo Facebook, de mais de 80 perfis falsos usados no Brasil para atacar membros do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, além de disseminar notícias falsas no país, a máquina de fakenews de Bolsonaro foi descoberta, expondo uma verdadeira organização criminosa que agia sob as asas do poder. E, mais grave, ela funcionava no próprio Palácio do Planalto e nos gabinetes dos  filhos do Presidente, nos parlamentos,  paga com dinheiro público, pois seus operadores ocupam cargos de  assessores. Um deles, Tércio Tomaz, tem até gabinete no terceiro andar do palácio, próximo do gabinete de Bolsonaro. E agora? Congresso,  Supremo e mídia vão encarar esse fato, gravíssimo, com naturalidade? E o Tribunal Superior Eleitoral, onde tramita ação pedindo a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão justamente pelo uso de fakenews na campanha eleitoral de 2018, vai ignorar a atitude do Facebook? Ou incorporar as novas informações ao processo? Alguém precisa fazer alguma coisa. 

O fato é que, diante da  falta de medidas concretas para  desmantelar essa máquina de disseminar mentiras, instalada para eleger o capitão,  ninguém mais se julga no dever de respeitar a Suprema Corte, cujos membros são diariamente agredidos e ameaçados até de morte. Alguns parlamentares acusados de integrarem essa organização criminosa, que antes se escondiam covardemente nas sombras do anonimato, já disseram que desobedecerão qualquer ordem judicial e não comparecerão para prestar depoimento, numa afronta ao STF. Afora a operação da Polícia Federal, que fez buscas e apreensão em vários endereços de operadores da máquina de mentiras,  o que deflagrou uma onda de ódio de bolsonaristas contra a Corte, nenhuma outra medida foi tomada até agora para punir os criminosos,  que se habituaram a usar a  internet para destruir reputações e atingir seus objetivos, fazendo a cabeça dos tolos que acreditam em tudo o que é veiculado nas redes sociais.  

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Depois da descoberta da máquina de fakenews de Bolsonaro e da identidade dos seus operadores parece que não há mais como impedir a queda do capitão, cuja gestão desastrosa está destruindo o país e matando os seus habitantes com a ajuda do coronavirus. A cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, pelo TSE, surge hoje como a melhor solução para por um fim neste período doloroso de nossa história política, porque implicará na realização de novas eleições até o final do ano. Se houvesse o impeachment, o que está praticamente descartado, o vice Hamilton Mourão assumiria o governo, o que seria o mesmo que trocar seis por meia dúzia, pois o general só é diferente do capitão no físico, já que as idéias são as mesmas. No início do governo ele até ensaiou descolar-se do Presidente,  cultivando uma imagem de equilibrado e chegando a conquistar simpatias, mas depois desnudou-se na defesa do titular e, mais recentemente, elogiou a desastrosa política ambiental de Ricardo Salles, que vem destruindo a Amazônia e espantando os investidores estrangeiros.  

É preciso ficar atento, porém, para o oportunista Sergio Moro que, nos seus sonhos de Presidente, tenta faturar em cima da atitude do Facebook, cumprimentando a empresa americana por ter banido os perfis falsos que, segundo ele, o atacavam com frequência.  O  ex-juiz  muda de acordo com o vento: em fevereiro do ano passado, na condição de ministro da Justiça de Bolsonaro, ele se manifestou contrariamente à CPI das fakenews, sob o argumento de que era preciso preservar a “liberdade de expressão”. Não é dificil concluir que se a chapa Bolsonaro-Mourão for mesmo cassada  – se o TSE tiver coragem para tanto – o ex-juiz certamente sairá candidato à Presidência, com o apoio da Globo, que o celebrizou na Lava-Jato. Obviamente ele ainda tem seguidores, conquistados pela massiva campanha da televisão dos Marinho, mas dificilmente seria eleito: hoje todo mundo sabe que ele é entreguista, tendo atuado  na força-tarefa de Curitiba em favor dos interesses dos Estados Unidos. O raciocínio é  simples: se como juiz de primeira instância ele destruiu as maiores empresas brasileiras de engenharia e fragilizou a Petrobrás para atender aos interesses norte-americanos, como presidente da República certamente anexará o Brasil ao território dos Estados Unidos, já que ele é tão subserviente a Tio Sam como o capitão.

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O fato é que ninguém mais aguenta o pesadelo Bolsonaro e, à exceção dos seus fanáticos seguidores, a esmagadora maioria do povo brasileiro deseja que ele seja defenestrado do Palácio do Planalto. E isso só acontecerá através da cassação da chapa que disputou as eleições presidenciais de 2018 montada nas fakenews. Esperto, no entanto, embora despreparado para ocupar o mais alto cargo da Nação, Bolsonaro montou o seu governo dividido em duas partes: metade transformado em quartel, ocupado por generais; e a outra metade transformada em templo protestante, ocupada por pastores.  Colocou um general até no comando do Ministério da Saúde, justo no momento em que uma pandemia mata milhares de brasileiros e precisaria de um técnico para coordenar o combate ao vírus, razão porque o acusam de genocídio. Ele provavelmente imaginou  construir uma barreira em torno de si, com uma guarda pretoriana e uma força religiosa. Esqueceu, porém, que nem toda a população é militar ou protestante e, por isso, sua permanência no poder está ameaçada.  

De qualquer modo, não se deve subestimar a capacidade do capitão de produzir crises, o que pode se constituir em instrumento para retardar as ações destinadas a catapultá-lo do poder. Prova disso é que, ao envolver as Forças Armadas em seus discursos para insinuar ter o apoio delas, acabou provocando uma crise institucional entre militares e a Suprema Corte. Diante da falta de um posicionamento dos comandos militares negando apoio às loucuras de Bolsonaro, particularmente quanto à pandemia do coronavirus, o ministro Gilmar Mendes, do STF, criticou a postura da tropa, que reagiu através do Ministério da Defesa. O clima ficou tenso. Apesar da situação de instabilidade, porém, o episódio talvez produza um resultado positivo, obrigando as Forças Armadas a se posicionarem publicamente sobre o governo Bolsonaro. Não custa aguardar.

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