Cassação de Glauber será indulto para quem saqueou o país no Orçamento Secreto
O que está em curso é a perseguição da extrema-direita a todos que ousam denunciar esquemas reinantes de desvios de dinheiro público
Outra forma de traduzir o esquema do “orçamento secreto” pode ser: deputados garfando o país. Quem trouxe o tema à luz do dia foi o deputado Glauber Braga, do PSOL, ao denunciar o envolvimento do então presidente da Câmara, Arthur Lira, em manobras regimentais para driblar decisões do STF e manter um esquema de favorecimento a parlamentares com dinheiro público.
O orçamento secreto pode ser comparado a outro escândalo de décadas atrás nos anos 1990, conhecido como “anões do orçamento”. Lá, como cá, o esquema envolvia as principais figuras da Câmara dos Deputados. Tempos diferentes, mas práticas iguais, numa repetição que parece ser um “modus operandi” que vem de longe, com o mesmo objetivo: apropriar-se de dinheiro público por meio de manobras ilícitas da elite que domina a cena política no país há décadas.
O deputado Glauber Braga teve a coragem de denunciar a mamata, evidenciando quem estava à frente da mutreta que beneficiava um grupo de deputados federais com dinheiro público. Disso, veio o processo de perseguição dos que se apropriaram do dinheiro público contra o deputado. A perseguição a Glauber se evidencia na origem da denúncia: suposta agressão a um membro do MBL, ou seja, a um grupo de extrema-direita que se notabiliza por desrespeitar qualquer que seja a regra de convivência política e de civilidade.
O Conselho de Ética da Câmara que não funcionou para apurar as mais de 200 denúncias que dormem nas gavetas do Conselho nos últimos 25 anos, que nada fez para punir os acusados de ordenar a morte da vereadora Marielle Franco ou punir o então deputado Bolsonaro por suas repetidas agressões à deputada Maria do Rosário e tanto outros casos, foi ágil para decidir apressadamente, em reunião virtual, a indicação de condenação a perda de mandato do deputado do PSOL.
Defender o mandato do deputado Glauber Braga é imperioso, pois o que está em curso é a perseguição da extrema-direita a todos que ousam denunciar esquemas reinantes de desvios de dinheiro público. É, ainda, compreender que o deputado do PSOL é alvo da hora. E, numa eventual saída dele da cena pública, a extrema-direita vai mirar novos alvos em lideranças que lutam por um país melhor. Para impedir que isso aconteça, é preciso derrotar o processo de cassação de Glauber de uma vez por todas.
A perseguição contra um mandato popular, que tem compromisso com a democracia, não pode ficar impune. Assim, estão certos os movimentos sindical, estudantil e associativo ao denunciar coronéis da política, como o antigo presidente da Câmara, que tentam calar vozes que cobram respeito ao povo e o fim de esquemas de favorecimento usurpando dinheiro do povo.
Parafraseando Gilberto Gil, “deputados estúpidos, deputados hipócritas”.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.