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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Cavalo de Troia no Planalto. Drama shakespeariano

A vitória da moralidade bolsonariana, fortalecida na prática da mídia eletrônica instantânea, criou fenômeno político midiático: o mito sem história. Como ficam os militares, com esse Cavalo de Troia, no Palácio, soltando merda mole e fedorenta, que não cabe no discurso da eterna conciliação entre as elites eivadas de corrupção?

Cavalo de Troia no Planalto. Drama shakespeariano (Foto: Tânia Rêgo - Agência Brasil)
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História ou farsa?

A situação complicou deveras; o príncipe filho do rei levou para dentro do palácio tremendo Cavalo de Troia. Nada mais nada menos do que o motorista/cavaleiro do príncipe, cara cheio de rolo, reconhecido pelo próprio rei, o danado do Queiroz.

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Na história, o desfecho é a derrota do rei de Troia; os soldados gregos dentro do Cavalo saem à noite para libertar Helena, prisioneira dos troianos.

Mas, sempre há as ações preventivas, desesperadas, para tentar evitar que a história se repita como farsa.

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A norma tem sido a farsa predominar, como descreve Marx em 18 de Brumário: Caussidière por Danton, Luís Blanc por Robespierre, a Montanha de 1848—1851 pela Montanha de 1793-1795, o sobrinho pelo tio; Temer pelo FHC, diria, hoje, o autor de O Capital etc.

O grotesco emerge espetacularmente na cena histórica brasileira do momento; o filho do rei suja a barra do próprio pai; destrói o capital vitorioso de sua majestade nas eleições democráticas, com o  grego dentro do Cavalo, o danado do Queiroz; por conta do novo rei, os militares voltaram ao poder legitimados pelas urnas; e, agora, cercados pelo Cavalo, que abriga o inimigo de Troia?

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Intervenção cirúrgica

Os vícios do sistema político no reino não haviam sido removidos e já jogam sujeira sobre os ombros de todos os  seus integrantes, inclusive, dos militares, se não houver uma intervenção política drástica; esta se expressaria ou não sacrifício do príncipe, cuja existência, como político, compromete a honorabilidade do rei?

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Sua majestade moderna chegou ao poder pelo voto ancorado no discurso da moralidade, no combate à corrupção, em favor da transparência total, para fazer emergir novos costumes, nova sociedade.

Essa é a demanda da nova direita, no reino, que abandonou tanto o centro-esquerda como o centro-direita, para ser, apenas, direita, com o rei; sua vitória ergueu-se sobre a própria instituição ao ser viabilizada pela nova força da comunicação comandada por inteligência artificial; partidos perderam importância.

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Os fake News foram a inteligência artificial que comandou a campanha do vitorioso; ele lançou mão, antes dos adversários, com mais profissionalismo e menos escrúpulos, de moderna tecnologia eleitoral, sintonizada com a manipulação midiática envolvida na criação artificial do fato e não no seu mero acompanhamento, sem sentido investigativo, jornalístico, como se tivesse vida própria, autônomo. 

Mito sem história

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A vitória da moralidade bolsonariana, fortalecida na prática da mídia eletrônica instantânea, criou fenômeno político midiático: o mito sem história.

Pela primeira vez, por cima das instituições, o rei seguiu carreira política à margem do espírito de conciliação burguesa, predominante na história brasileira; nos momentos dramáticos, centro esquerda e centro direita se ajustam e se revezam, historicamente, no poder.

O novo rei é reflexo do rompimento desse dualismo político tupiniquim; rasgou a fantasia para dizer que a esquerda é inimiga e o centro igualmente danoso por ser vacilante, propenso à esquerda, para ganhar eleição; posição, sempre, de conveniência.

A nova ordem política é o ressentido radicalismo discursivo da direita, no poder, com o grande rei.

Mas eis que entra no cenário, atrapalhando tudo, o príncipe, com seu imenso Cavalo com rabo de palha em chamas, herdeiro dos vícios da velha política que o rei quer exorcizar.

Shakespeare no Palácio

E agora, com o rabo todo à mostra, que fazer?

Manter o mesmo discurso, apenas, na tese, mas negando-o na prática, tentando acomodar situação inacomodável, como essa das movimentações financeiras nas contas de assessor parlamentar que geram controvérsias para todo o lado?

Como ficam os militares, com esse Cavalo de Troia, no Palácio, soltando merda mole e fedorenta, que não cabe no discurso da eterna conciliação entre as elites eivadas de corrupção?

O rei vai ou não vai se sentir cada vez mais apeado, se estiver ao seu lado o príncipe, exalando esse mal cheiro insuportável?

Já não basta a colostomia?

Mas, como evitar a morte política do príncipe?

Quem vai sacrificá-lo para salvar o rei?

Eis o dilema shakespeariano na corte do Rei Jair.

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