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Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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Cenas de assédio moral em um governo sem rumo

"A revelação das conversas – em áudio, via wahtsapp – entre o presidente Jair Bolsonaro e o seu ainda ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, demostra mais que o apodrecimento precoce da estrutura política e administrativa que, hoje, governa (ou não) o País", afirma Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia; "A coisa complicou e o governo entrou em parafuso, perdido em suas contradições e falta de prumo"

Cenas de assédio moral em um governo sem rumo (Foto: Ricardo Moraes - Reuters)
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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia

A revelação das conversas – em áudio, via wahtsapp – entre o presidente Jair Bolsonaro e o seu ainda ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, demostra mais que o apodrecimento precoce da estrutura política e administrativa que, hoje, governa (ou não) o País. Demonstra o nível de diálogo na atual administração, a falta de respeito com que se tratam os gestores e o despreparo dos mesmos para estarem à frente da Nação.

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A transcrição dos diálogos deixa claro a forma como as relações entre o presidente e seus auxiliares, mesmo os mais graduados, se desenrolam. Em várias partes da conversa, Bolsonaro se utiliza de expedientes que, numa empresa (privada ou pública), estariam classificados como indícios de assédio moral.

Bebianno foi exonerado nessa segunda-feira (18), depois de ser chamado de ‘mentiroso”, publicamente, pelo filho do meio e principal conselheiro do presidente, Carlos Bolsonaro. A acusação acabou sendo corroborada pelo próprio Jair Bolsonaro, que saiu em defesa do “garoto”. E uma de suas conversas pelo “zap”, o presidente tenta negar as próprias conversas. Mas o argumento é bizarro: se o papo não é presencial, ele não existiu. Uma maneira estranha de raciocinar para alguém que vive pendurado nas redes sociais e se elegeu após uma campanha virtual, via tweeter.

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Diz Bolsonaro a seu interlocutor, em uma das conversas que, segundo o presidente, não existiram: “O caso incitando a saída é mais uma mentira. Você conhece muito bem a imprensa, melhor do que eu. Agora: você não falou comigo nenhuma vez no dia de ontem. Ele esteve comigo 24 horas por dia. Então não está mentindo, nada, nem está perseguindo ninguém. ”

Bebianno devolve de maneira inquestionável: “Há várias formas de se falar. Nós trocamos mensagens ontem três vezes ao longo do dia, capitão. Falamos da questão do institucional do Globo. Falamos da questão da viagem. Falamos por escrito, capitão. ” E põe o dedo na ferida ao se referir ao vereador Carlos Bolsonaro, pivô da confusão:  “Ele (Carlos) não pode atacar um ministro dessa forma. Nem a mim nem a ninguém, capitão. Isso está errado. Por que esse ódio? (...). Vir a público me chamar de mentiroso? (...). Eu só fiz o bem até aqui. Eu só estive do seu lado, você sabe disso. (...). Isso não está certo, não, capitão. Desculpe. ”

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O constrangimento de Gustavo Bebianno fica patente por conta da convivência estreita que, aparentemente, há entre os dois. A própria forma como se refere ao chefe da República atesta essa intimidade. Em nenhum momento, Bebianno trata Bolsonaro por “presidente”. Sempre por “capitão”, “você” e termos mais amigáveis do que o protocolo exige. Bolsonaro, por sua vez, se dirige ao auxiliar com tratamentos próprios de quem pratica o assédio moral. Enquadrando o subordinado e deixando patente que, por mais que se esforce, Bebianno perderá a discussão porque assim será, e pronto.

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A grosseria atinge o ápice quando Bolsonaro acusa Bebianno de vazar informações para o site O Antagonista, onde, segundo o presidente, o ex-ministro manda e desmanda. "(...) eu sei que você manda lá no Antagonista, a nota foi pregada lá. Dias antes, você pregou uma nota que tentou falar comigo e não conseguiu no domingo. Eu sabia qual era a intenção (...), então faz o favor: ou você restabelece a verdade ou não tem conversa a partir daqui pra frente (SIC).", vocifera o presidente.

Bebianno retruca, nega ser a fonte do vazamento e mostra que O Antagonista só replicou nota da Folha de S.Paulo. E Bolsonaro, nem aí: "Bebianno, olha como você entra em contradição. Que seja a Folha. Se foi uma tentativa tua pra mim e eu não atendi... Eu não liguei pra Folha, eu não ligo pra imprensa nenhuma. Quem ligou foi você, quem vazou foi você. Dá pra você entender o caminho que você está indo? E você tem que fazer uma reflexão para voltar à normalidade. Deu pra entender? Vou repetir: se você tentou falar comigo, um pra um, se alguém vazou pra Folha, não fui eu, só pode ser você. Tá ok?”

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A coisa complicou e o governo entrou em parafuso, perdido em suas contradições e falta de prumo. No mesmo instante, Bolsonaro levava uma surra na Câmara dos Deputados e via ser derrotado o projeto de ampliar o sigilo de documentos oficiais, matéria da qual o vice-presidente, general Hamilton Mourão é o principal entusiasta.

E o ministro da Justiça, Sérgio Moro, tirava o Caixa Dois do seu confuso “pacote anticrime”, após sofrer pressões dos parlamentares ligados ao governo. “Não é corrução”, justificava na TV, em pronunciamento inseguro e titubeante, um condescendente Moro que, até um dia desses, pensava justamente o contrário.

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Como dizia a velha música baiana, Olodum pirou de vez...

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