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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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China assombra o mundo e tira 850 milhões de pessoas da pobreza

O colunista Gustavo Conde comenta os dados impressionantes da economia chinesa diante do fracasso do Ocidente em responder questões urgentes como a fome e a miséria. Ele diz: "a China está próxima de extinguir a pobreza. Os dados são espetaculares. E os chineses são mais rigorosos que o Banco Mundial na definição de 'linha da pobreza'. Isso, em um governo oficialmente 'comunista'"

Vestibular chines (Foto: BBC)
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A China está próxima de extinguir a pobreza. Os dados são espetaculares. E os chineses são mais rigorosos que o Banco Mundial na definição de 'linha da pobreza'. Isso, em um governo oficialmente "comunista".

E pensar que Lula realizou praticamente a mesma proeza em um país capitalista selvagem, infestado por uma elite predatória e apátrida, com forte corrupção empresarial e dono da imprensa mais desqualificada do mundo.

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Essa imprensa brasileira celebra a China neste momento, até para fazer doer mais ainda sua indiferença com o combate à pobreza bem sucedido dos governos Lula e Dilma.

A China tirou 850 milhões de pessoas da pobreza desde 1978. É a maior economia do mundo no índice 'Big Mac' (Paridade do Poder de Compra): seu PIB de 2017 foi de 23.159 bilhões. A União Europeia vinha em segundo lugar, com 20.989 bilhões e os EUA só em terceiro, com 19.391 bilhões.

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Hoje, a diferença deve ser muito mais elástica, porque a China cresce muito mais que seus principais concorrentes.

Sim, a China, um país comunista.

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Talvez, tenha chegado a hora de atualizar as configurações sobre o sentido de "comunismo". Aquele comunismo do passado que produzia pobreza e escassez me parece extinto.

Esse é o dilema político deste momento: a China se tornou a maior potência econômica mundial, com seu comunismo 4.0 que, para desespero dos capitalistas, não deixa de ser comunismo.

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Muitos economistas liberais se negam a aceitar que a China seja comunista, justamente porque não têm argumentos para admitir o sucesso econômico do país. Eles travam uma batalha semântica. Dizem que "aquilo" não é comunismo.

Ora, e quem define o que é comunismo, cara pálida?

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Na verdade, o comunismo não ficou parado no tempo, como o capitalismo, essa máquina de produzir pobreza social.

Duvidam?

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Os EUA têm 140 milhões de pessoas na pobreza, diz a ONG Poor People's Campaign. É importante dizer que a linha da pobreza estadunidense é diferente da linha da pobreza do Banco Mundial (lá são US$ 31/dia, no mundo, US$ 1,9).

Mas não deixa de ser um escândalo. O berço do capitalismo com 43% da população em condições de miséria é uma senhora pedra no meio do caminho do liberalismo.

E os EUA não têm SUS nem universidade pública.

O mundo vive essa tensão conceitual. Com a internet, houve uma onda de informações mentirosas que espalharam o pânico em leitores preguiçosos (que não sabem checar informações), mas também uma tsunami de informações diretas, sem o filtro editorial das agências internacionais pró-Ocidente, que também espalharam um pânico, só que o pânico de se deparar com a verdade pela primeira vez na vida.

Esse volume colossal de informações, sob o crivo de milhões de usuários de rede que sabem ler (que são a melhor checagem e significam a 'sobrevivência' da informação nas redes não instrumentalizadas), amenizou o isolamento de regimes supostamente "fechados".

Isso explica em parte o fenômeno chinês de crescimento, distribuição de renda e produção das tecnologias, estas últimas que, ao que tudo indica, irão dominar o mercado internacional nos próximos anos (a tecnologia 5G, por exemplo).

Eu diria: o capitalismo nunca esteve tão em xeque como no presente momento. E a opção a ele não é mais o comunismo obsoleto dos anos 50, mas o comunismo chinês de 2020, que produz uma soberania tecnicamente irretocável, uma diplomacia inteligente e protege seu povo e sua força de trabalho de maneira obsessiva.

É praticamente a antítese dos EUA, que empesteiam o mundo com ódio e violência.

E pensar que Lula promoveu essa engrenagem virtuosa de produção de riqueza dentro dos parâmetros capitalistas.

Seguindo esse raciocínio, Lula seria a última esperança do capitalismo, pois ele construiu um governo capitalista que deu certo e que seguiu princípios humanistas de combate à pobreza e à desigualdade.

Tristes tempos em que nós, brasileiros, temos de lamentar a proscrição criminosa de uma das maiores experiências de governança pública da história - para erigir o mais abominável dos seres e maior destruidor de futuro que a humanidade já teve a infelicidade de testemunhar.

Talvez o PT seja a eterna vacina contra a procrastinação estrutural da sociedade brasileira: nos tempos de Lula e Dilma, o Brasil era o país do presente, incensado pelos principais analistas internacionais como uma espécie de ponto de equilíbrio econômico global.

Tinha superado a síndrome de "país do futuro".

Com Temer e Bolsonaro, o Brasil sequer volta a ser o país do futuro, do presente ou do passado. Não há tempo verbal que se permita conceder algum significado a "isso" que assistimos por aqui.

O Brasil mergulhou na solidão geopolítica e na devastação moral interna para ser o "país da humilhação".

Hoje, posso dizer com frieza de um cético: é uma humilhação ser brasileiro.

Lula e o PT, no entanto, são as nossas reservas de esperança. São entidades que convivem democraticamente com a complexidade brasileira, teimosos feito a Dona Lindu.

Eles reforçaram a democracia brasileira enquanto ela existiu. Perderam eleições, sofreram ataques covarde, mas tiveram a decência e a dignidade de travar um debate civilizado com toda a sociedade brasileira até chegarem ao governo e demonstrarem uma gigantesca capacidade técnica, conceitual e moral para conduzir o país, com resultados absolutamente impensáveis nos tempos sombrios de FHC, para lembrar o mais apagado dos antecessores.

Para eles, nada nunca estará perdido. São os inimigos reais do sistema (e os mais perigosos, pois usam o próprio sistema para vencê-lo).

Esta semente ninguém pode desplantar.

Assista à Live do Conde sobre a China: 

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