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Heraldo Campos

Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

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Ciências da Terra: para que estudar isso?

Nesses dias de hoje, onde o assunto é a COP 26, o que passa nosso país pelo descaso do governo federal ao meio ambiente, nos remete à memória de 25 anos atrás, o tempo de uma geração inteira, onde tivemos a oportunidade de coordenar, com muita honra, o “Curso de Especialização Ciências da Terra e Meio Ambiente”

Jair Bolsonaro e queimada no Pantanal (Foto: Alan Santos/PR | REUTERS/Amanda Perobelli)
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Nesses dias de hoje, onde o assunto é a COP 26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021), que está acontecendo em Glasgow, Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro, o que passa nosso país pelo descaso do governo federal ao meio ambiente, nos remete à memória de 25 anos atrás, o tempo de uma geração inteira, onde tivemos a oportunidade de coordenar, com muita honra, o “Curso de Especialização Ciências da Terra e Meio Ambiente”, com bolsas de estudo da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

 

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O ano era 1996 e estava trabalhando na UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. A história desse Curso está relatada no livro 

“Ciências da Terra e Meio Ambiente: Diálogos Para (Inter) Ações no Planeta”[1] que conta como foi concebida a sua montagem visando, com os assuntos abordados nos seus dez módulos, proporcionar o equacionamento teórico e prático de problemas ambientais. Dirigido a profissionais de nível superior, como geólogos, agrônomos, geógrafos, engenheiros civis, arquitetos, entre outros, depois de mais de três meses de aulas ministradas por professores gabaritados da área ambiental, esse Curso contou, quase ao seu final, com a participação do professor Aziz Ab’Saber, que ministrou o nono módulo, intitulado “Metabolismo Urbano”.

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Dessa maneira, como se fosse um encerramento dos temas ambientais discutidos nos oito módulos antecedentes, o conteúdo apresentado pelo ilustre geógrafo brasileiro, e que seria muito atual nos dias de hoje em qualquer grade de ensino de universidades brasileiras, foi o seguinte: “Introduzir os conceitos de hidrogeomorfologia, sítios urbanos e metabolismo urbano no contexto de regiões insulares. Apresentar os estudos de caso das cidades de São Luis, Cubatão, São Vicente e Florianópolis. Mostrar urbanização densa e seu impacto nos recursos hídricos, com exemplos de metrópoles brasileiras. Apresentar os megaprojetos de aproveitamento de recursos hídricos e seus impactos, como transferência de água do Rio São Francisco e a hidrovia Paraguai-Paraná. Abordar aspectos dos métodos de estudos de impacto ambiental.”   

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Além da figura humana que era o professor Aziz Ab’Saber, esse convívio com ele por uma semana inteira em sala de aula é memorável. A lembrança de um bloco-diagrama do Estado do Rio Grande do Sul que ele desenhou, à mão livre, na lousa, de uma região que conhecia como poucos, com a identificação dos diferentes domínios geomorfológicos, continua marcante até hoje e, muito provável, sem existir um registro fotográfico daquele momento, em tempos que se dedicava a atenção aos fatos e não às fotos.

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Ciências da Terra: para que estudar isso? - deve ser uma pergunta que deve rolar diariamente nos corredores palacianos. Um governo federal que deu uma “verdadeira banana” para seu povo no combate a pandemia do coronavírus está pouco se lixando para a questão ambiental, como são os casos apresentados pelos cientistas e pela mídia quando estão envolvidos desmatamentos, garimpos em terras indígenas e contaminação das águas superficiais e subterrâneas, para ficarmos nesses assuntos sensíveis para a maioria das pessoas.

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Parece que o negócio dessa “brava gente” é armar parte da população e contaminar com o coronavírus uma outra parte para, de forma bem planejada, poder governar por pelo menos uma geração na base da truculência e do deboche. Com esses “nossos compatriotas” não tem essa de “meio ambiente” e muito menos de um “terço ou de um quarto de ambiente”, pois seu objetivo final é governar com eles, para eles e por eles, ou seja, dentro de um mesmo clã ou de uma “famiglia”, num ambiente de zero compaixão e de esperança para as próximas gerações.

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A pífia participação do governo brasileiro na COP 26 está mostrando o cenário que temos pela frente se não ficarmos atentos para essa força destruidora que nos ameaça a todo instante. Assim, nunca é demais lembrar e citar, novamente, as palavras do Chefe Índio Seatle que diz “... ensinai a vossos filhos aquilo que ensinamos aos nossos; que a Terra é nossa mãe. Dizei a eles que a respeitam, pois tudo que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. A Terra não é do homem. O homem pertence à Terra. Todas as coisas são dependentes. Não foi o homem que teceu a teia de sua vida; ele não passa de um fio dessa teia. Tudo que ele fizer a essa teia, ele estará fazendo para si mesmo.”  

 

Se tomarmos apenas o ensino superior, como uma das referências para a discussão em salas de aula das questões ambientais do planeta, pode-se dizer, até com certa tranquilidade, que existem quadros de docentes e de alunos capazes de promover estudos nessa área fundamental para a qualidade da vida humana e dos seres terrestres que vivem do nosso lado. Porém, sem política pública adequada e voltada para a maioria da população fica difícil remar contra a “maré negra”. Insistir no âmbito e nos corredores das universidades por maior apoio à pesquisa, sem dúvida, faz sentido como instrumento de pressão no curto e no médio prazo. Ao longo prazo, eleger os candidatos para nos governar que estão preocupados com a nossa casa maior, o planeta Terra, continua sendo o melhor caminho. 

 

Referência

[1] Campos, H. C. N. S. & Chassot, A. I. (Org.) Ciências da Terra e Meio Ambiente: Diálogos Para (Inter) Ações no Planeta. 1. Ed. São Leopoldo: UNISINOS, 1999. v. 1. 284p.

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