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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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Cinema: Em busca da transparência

"A Ruptura" combina documentário, performance teatral e artes visuais para analisar as dinâmicas e os efeitos da corrupção em várias partes do mundo

(Foto: Divulgação)
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O Brasil tem pouca tradição de filmes com temática universal. Em documentários, muito menos. Daí um interesse especial recai sobre A Ruptura, que se propõe analisar as dinâmicas e os efeitos da corrupção não apenas no Brasil, mas na Europa, EUA, África e Oriente Médio. Onze personalidades, a maioria ligada à organização Transparência Internacional, comentam o assunto em abordagem macro, entre o desabafo, a crítica sócio-política e o raciocínio filosófico ou psicossocial.

O filme foi produzido em 2020, quando Trump e Bolsonaro ainda estavam no poder. A extrema-direita tanto podia usar o discurso anti-corrupção a seu favor, quanto apoiar abertamente a prática do suborno, como fazia Trump. Mas há também menção a Lula, da parte de Peter Eigen, ex-dirigente do Banco Mundial, amigo e admirador do presidente ex-metalúrgico, que não sabia bem como se posicionar frente à própria corrupção da Lava Jato. "A pauta anti-corrupção é frequentemente adotada por gente muito ruim", admite.

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Putin também leva sua cota de acusações, assim como líderes de países africanos e do Oriente Médio, cuja instabilidade é aproveitada pela corrupção ativa da Europa e dos EUA. No Brasil, Bruno Brandão lembra a impunidade dos culpados pelo desabamento do edifício Palace II e Yvonne Bezerra de Mello cita casos de obscurantismo religioso que prejudica a vida de pessoas pobres. 

Os efeitos nocivos da corrupção incluem perpetuação da miséria, levas de refugiados, tráficos de todo tipo, degradação ambiental, riscos à democracia, etc. Em função disso, fala-se de tudo um pouco no filme. 

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Fala-se também de arte. Marina Lima pontua o filme com um monólogo inspirado no Fausto de Goethe, interpretando alternadamente Deus e o diabo. Na cena de abertura, o ator britânico Damian Lewis encarna o monólogo de Marco Antonio no Julio César de Shakespeare. O tema dos interesses corrompidos e da compra do outro aflora com garbo cênico nessas passagens.
A Ruptura é também um curioso ensaio que combina documentário, performance teatral e artes visuais. A cenografia, assinada pelo diretor Marcos Saboya e a artista Giselle Licht, procura ampliar os sentidos da "conversa", juntamente com imagens de Berlim. Uma cena de forte apelo simbólico, ainda que um tanto desconectada do tema central, mostra uma cadeira em chamas diante da casa de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista.

A trilha musical de Aluisio Didier é mais um trunfo desse filme esteticamente ousado, embora um tanto árido e generalista no seu tratamento de um tema complexo e cheio de armadilhas.  

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>> A Ruptura está nos cinemas.   

O trailer:

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