Cinema: Gaza pouco antes do apocalipse
O documentário “Gaza” fornece um retrato daquele pequeno pedaço do mundo em 2018, quando os escombros ainda não eram a maior parte da paisagem
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Enquanto Israel comete o genocídio atual contra a Palestina na Faixa de Gaza, é útil ver ou rever o documentário Gaza, produção irlandesa de 2019. Numa série de vinhetas protagonizadas por gente comum – um taxista, um rapper, uma violoncelista, um salva-vidas, um alfaiate, uma estilista, um diretor de teatro, um menino e um idoso pescadores – os diretores Andrew McConnell e Garry Keane captaram um retrato daquele pequeno pedaço do mundo em 2018, quando os escombros ainda não eram a maior parte da paisagem.
O que vemos é uma gente que tentava sobreviver numa “prisão a céu aberto” (a expressão é de um dos personagens), onde já faltava de tudo: comida, água, remédios, eletricidade, empregos e sobretudo esperança. Asfixiados entre as fronteiras fechadas de Israel e Egito, e um mar invencível do qual só podiam usufruir uma faixa de 10 quilômetros, aos palestinos só restava, além do sofrimento, a indignação que explodiria pelas mãos do Hamas cinco anos mais tarde.
Além de ouvir as razões e os sonhos daqueles habitantes, de diversas idades e estamentos sociais, Gaza acompanha um socorrista na missão de resgatar feridos nos conflitos com israelenses nas bordas do território, onde as pedras rudimentares enfrentavam tiros e bombardeios indiscriminados. As imagens da dor de 2018, por mais lancinantes que sejam, não devem se comparar com o que hoje atinge os moradores de Gaza.
O Hamas é citado como um elemento a dificultar uma eventual conciliação com Israel. Mas o quadro revelado nesse filme, se não justifica os ataques de 7 de outubro deste ano, pelo menos explica o desespero que leva grande parte dos palestinos a aprovar o revide como último recurso.
>> Gaza pode ser encontrado em sites de compartilhamento de filmes ou alugado aqui com legendas em inglês.
Trailer em inglês:
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