Cinema: Gritos visuais da cidade

“Pele”, de Marcos Pimentel, descortina obras de arte que se conjugam com os sentimentos da cidade.

"Pele"
"Pele" (Foto: Reprodução)


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Animais fantásticos, mulheres imensas, seres mitológicos, rostos e caveiras gigantes, casais monumentais – disso e muito mais se compõe o bestiário dos grafites urbanos, a nova pele das cidades. Marcos Pimentel, com seu senso de observação quase zen, juntamente com a diretora de fotografia Giovanna Pezzo, coletou imagens primorosas pelas ruas de Belo Horizonte, Rio e São Paulo. 

Mais que simplesmente exibir essas obras, ele procurou integrá-las aos fluxos urbanos: gente que passa, se encosta ou faz alguma performance, além do movimento dos carros que forma uma espécie de segunda pele móvel entre a câmera e seus objetos. 

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Os enquadramentos e a montagem criam diálogos e provocam surpresas constantes ao descerrar as pinturas em ruas, viadutos, edificações, favelas, lajes e muros. São os novos muralistas, muitos dos quais ficam pouco a dever aos grandes muralistas mexicanos.

Em Pele, Pimentel retorna a seu primeiro cinema, escasso em oralidade. Até certo ponto, é uma volta a uma observação da cidade experimentada no curta Pólis, de 2009. Não há qualquer som que não venha dos ruídos urbanos, de áudios de manifestações políticas ou das sonoridades imersivas desenhadas por Vitor Coroa. 

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Não é oral, mas é verbal. Além das pinturas e desenhos, o filme recolhe frases de uma poética visceral que fala de amor, humor, política, racismo, feminismo... Poesia concreta no sentido mais concreto da palavra. Reunidas assim diante dos nossos olhos, elas expressam ainda melhor a massa de indignação que eclode nessas explosões gráficas até então esparsas. Fora Temer, Ele Não, Lula Livre, Marielle Vive. A história recente do Brasil está resumida ali, que é onde a cidade grita sem parar. 

O grafite é uma arte condenada à deterioração, ao apagamento por sobreposição ou à destruição junto com seu suporte. Nesse sentido, Pimentel nos reserva uma sequência brutal de demolição. Mas enquanto sobrevivem nas paredes, essas obras de arte se conjugam com os sentimentos da cidade. Diante delas, os personagens de Pele dançam, tocam, jogam capoeira, praticam tai chi chuan, rolam no skate e colorem ainda mais essa paisagem. 

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>> Pele está nos cinemas.

O trailer:

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