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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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Cinema: lembranças que ganham vida

Conectando a Guerra do Líbano à atualidade, "Caixa de Memórias" é inspirador quanto ao tratamento que se pode dar a artefatos de memória no cinema

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O casal Joana Hadjithomas e Khalil Joreige é um expoente das artes visuais libanesas. Eles têm um currículo farto em filmes de ficção, documentários, instalações de vídeo e fotográficas, esculturas, palestras performáticas e textos. Já abordei um de seus filmes, Je Veux Voir, estrelado por Catherine Deneuve, no meu site-livro Paisagens do Fim (leia aqui). Algumas de suas múltiplas habilidades aparecem no cativante longa-metragem Caixa de Memórias (Memory Box). 

O trabalho se inspira – e às vezes usa diretamente – na correspondência de Joana com uma amiga que trocou o Líbano em guerra pela França na década de 1980. O material só voltaria às mãos de Joana 25 anos depois. Nesse sentido, o filme é inspirador quanto ao tratamento inventivo que se pode dar a artefatos de memória no cinema. 

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Na história ficcional, a libanesa Maia (Rim Turki) vive com sua filha Alex (Paloma Vauthier) em Montreal. Na véspera do Natal elas recebem uma uma caixa cheia de diários, fotos, textos e cartas que Maia trocava com uma velha amiga do Líbano na época da guerra, quando eram adolescentes. Maia hesita em abrir a caixa, mas a filha insiste, invade a privacidade da caixa e pede à mãe que lhe conte o que estava enterrado naquele passado. 

É através da pesquisa clandestina de Alex que nós também começamos a compreender: uma grande amizade e um grande amor, alguém envolvido com a guerrilha, um romance interrompido, o exílio. O mais interessante de tudo é a forma como essa história se vai nos revelando através de belíssimas manipulações de fotos e inserções de diário. Fotos ganham vida, textos viram filme, lembranças se tornam imagens em movimento. Há também inserções muito bonitas de imagens da mãe jovem no Líbano em guerra através de efeitos gráficos. Os tempos vão se comunicando por uma espécie de túnel, sugerindo a vivência de Alex enquanto mergulha no passado da mãe.

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O filme se conclui na Beirute reconstruída com um comovente reencontro, testemunhado pela filha, pertencente a um geração para quem não há mais lugar para segredos. Mas tampouco há os preconceitos e ressentimentos que poderiam germinar em gerações passadas. 

Sem qualquer estardalhaço, Caixa de Memórias acumula emoções progressivamente e ao final nos conquista com uma delicadeza e uma perspicácia muito femininas.

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>> Caixa de Memórias está na Amazon, Google Play, ClaroTV, Vivo Play e AppleTV 

O trailer:

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https://www.youtube.com/watch?v=a4Z_ye5fXIg

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