CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Paulo Moreira Leite avatar

Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

1179 artigos

blog

Ciro bate no PT porque quer atacar a Previdência

"Agora está explicado: a postura agressiva e até arrogante de Ciro Gomes em relação ao Partido dos Trabalhadores é uma forma de acobertar um projeto econômico conservador, que inclui uma proposta de privatização parcial da Previdência e admite a venda da maioria das estatais", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. Coordenador de programa de governo de Ciro, o economista Mauro Benevides Filho também "quer recriar o velho imposto do cheque para pagar a dívida pública, em vez de proteger a saúde pública e, num país como 13 milhões de desempregados, defende que o ajuste nas contas públicas é mais importante do que criar estímulos ao crescimento"

Ciro Gomes  (Foto: Paulo Moreira Leite)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Para quem demonstrou uma respeitável postura de lealdade e firmeza quando o governo Lula enfrentou as denúncias covardes da AP 470, o mensalão, a atitude agressiva de Ciro Gomes na campanha presidencial até surpreende.

Os ataques fazem sentido, porém, diante da entrevista do economista Mauro Benevides Filho, chefe do programa de governo de Ciro, publicada no Estado de S. Paulo deste domingo. O palavreado agressivo, mal-educado, de Ciro Gomes contra Lula, Gleisi e o PT, tem a utilidade de encobrir uma política econômica abertamente conservadora, prejudicial a maioria da população.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

São propostas que projetam um país sem estímulos ao crescimento, no qual os compromissos destinados a agradar ao setor financeiro permanecem como prioridade. Benevides explica que o candidato defende uma reforma da Previdência, com mudanças típicas em linha de continuidade com as ideias de Temer-Meirelles que o Congresso preferiu arquivar no início de 2018, pelo receio da fúria do eleitorado.

"Se não alterar o regime de repartição, todo governo será molestado com isso", argumenta  o economista de Ciro. A idéia é assim. Mantem-se o atual sistema de repartição, pelo qual todos contribuem com uma porcentagem mensal de seus ganhos, para receber, na aposentadoria, um pensão que hoje tem um teto máximo de R$ 5,6 mil reais. A partir dessa faixa, de R$ 5,6 mil, cria-se um sistema de capitalização individual, pelo qual cada um abre uma caderneta poupança e vai depositando seu dinheiro até o momento de pegar o boné.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Resultado: enquanto aqueles que tem maior renda reservam os ganhos mais altos para si, em contas individuais, a aposentadoria dos mais pobres ficará esvaziada. O problema é que é justamente nessa redistribuição, que retira das faixas mais altas para alimentar as mais baixas, que se encontra um dos pontos de equilíbrio de um sistema  vigor há várias gerações. Pela proposta-Ciro, começará a faltar recursos para o conjunto da Previdência e, obviamente, a carga mais pesada irá para os mais pobres. Não se trata de uma proposta original. A transformação da Previdência pública numa somatória de contas individuais foi lançada por Augusto Pinochet, o ditador chileno que derrubou Salvador Allende no sangrento golpe de 1973, deixando uma herança maligna que sobrevive até hoje. A favor do projeto Ciro-Benevides, pode-se argumentar que a projeto Pinochet entregou todas as aposentadorias para o setor privado. A proposta do candidato do PDT reserva  uma parte para o setor financeiro. É um meio-Pinochet.    

Não é só. O economista de Ciro anuncia a recriação da CPMF, aquele imposto criado pelo doutor Adib Jatene para garantir o financiamento do SUS. Seria uma ótima ideia, que defendo neste espaço desde que o Senado, numa decisão criminosa, em 2009, decidiu não renovar o chamado imposto do cheque. O problema é finalidade.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em vez de garantir a saúde pública, como na versão original, o projeto Benevides-Ciro quer usar a CPMF "com a finalidade exclusiva para o pagamento da dívida pública". Tradução: enquanto a população seguirá enfrentando as carências estruturais de recursos de um sistema público que é uma conquista inegável, o sistema financeiro pode dormir o sono dos justos porque os pagamentos da dívida serão feitos em dia.

Falando sobre estatais, Benevides é impiedoso: "o Brasil tem 144 estatais. O grosso poderá ser privatizado." Num país com 13 milhões de desempregados, sem a menor perspectiva de crescimento com a manutenção da atual política econômica, os repórteres Renata Agostini e Douglas Gavras perguntam se a melhor saída não é promover o crescimento da economia, mencionando o economista do PT, Márcio Pochmann. "Discordo.  O primeiro passo é fazer o ajuste. Disso não abrimos mão", diz Henrique Meirelles, quer dizer Mauro Benevides Filho. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Parece a reprise de muitos filmes, não é mesmo?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO