Cirurgia de Bolsonaro precisa ser um sucesso: a cadeia apenas começou
Bolsonaro morto não serve à Justiça. Ele precisa viver e ter saúde para cumprir a pena e responder, em vida, pelos crimes cometidos contra o país
Cumprindo pena de 27 anos de prisão por tentativa de golpe contra a democracia, o ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro deve deixar a carceragem da Polícia Federal em Brasília na próxima terça-feira e se internar no hospital DF Star, para realização de uma cirurgia. O líder da extrema-direita brasileira foi diagnosticado com uma hérnia inguinal bilateral e, segundo o laudo médico feito pela PF, há indicação de cirurgia para correção do problema.
Durante toda sua trajetória política, Bolsonaro protagonizou cenas de desprezo pela vida e pelos direitos humanos. Enquanto deputado, disse a uma colega parlamentar que não a estupraria por ser “muito feia”. Como candidato a presidente, falando a uma plateia de judeus, se referiu a pessoas quilombolas como animais, cujo peso é medido em arrobas. Na condição de presidente da República, enquanto o Brasil protagonizava a pior crise de saúde pública da história, com a morte de mais de 700 mil pessoas por Covid, Bolsonaro imitou pessoas morrendo sufocadas por falta de oxigênio.
Embora tenhamos hoje um país fraturado pela extrema-direita, as pessoas que se identificam com o campo progressista e democrático não deveriam empreender energias devolvendo a Bolsonaro o que ele enviou para a população brasileira.
Precisamos torcer para a cirurgia de Bolsonaro ser um sucesso. Que sejam eliminados os principais obstáculos e ameaças ao prosseguimento de sua vida. Menos por empatia e espírito solidário. E mais porque ele precisa de saúde para continuar na prisão, para pagar em vida tudo o que fez e desejou de mal para o povo.
Bolsonaro morto num procedimento cirúrgico mal sucedido seria frustrante para quem lutou para vê-lo na prisão. Como ele mesmo disse ao debochar de milhares de mortes na pandemia, não somos coveiros. Queremos Bolsonaro vivo e com saúde suficiente para sentir em seu corpo as consequências de seus atos criminosos nos 27 anos de prisão que ele tem pela frente.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

