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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Cirurgia de Lula adia sabatina de Wadih Damous para a ANS

"Para a ANS, Damous contou não só com a simpatia do presidente à ideia, mas também com sugestões de peso", escreve Denise Assis

Wadih Damous (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A sabatina a que seria submetido, no Senado, nesta quinta-feira (11/12), o atual titular da Secretaria Nacional do Consumidor, Wadih Damous, com vistas à sua aprovação para o cargo de diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), foi adiada. A sessão estava prevista para acontecer nesta quinta-feira (11/12), mas não pôde ser realizada devido à internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É provável que ainda aconteça na semana que vem. Do contrário, ficará para fevereiro, no retorno do recesso.

Antes de ser internado para passar por uma cirurgia para drenar um hematoma na cabeça, que surgiu ainda em decorrência da queda que sofreu no banheiro de casa em outubro, na madrugada de domingo para segunda, o presidente Lula teve tempo de bater o martelo na indicação de Wadih Damous para o cargo, há cerca de cinco dias. Damous ficou próximo de Lula durante o processo da Lava Jato e no período da prisão, quando atuou como um dos seus advogados, tendo feito várias visitas ao então ex-presidente na prisão.

Para a ANS, contou não só com a simpatia do presidente à ideia, mas também com sugestões de peso, como a da secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

O advogado, com carreira na Justiça do Trabalho, é filiado ao PT e presidiu a OAB do Rio de Janeiro. À frente da Secretaria Nacional do Consumidor, Damous enfrentou situações tensas, como o apagão que deixou São Paulo às escuras. O secretário chegou a ameaçar impor multas pesadas à Aneel e criticou a privatização, no auge da crise:

"Estou falando do meu ponto de vista pessoal, não é uma posição do governo", disse ele. "Os episódios mostram que, quando se fala de privatização, é preciso refletir melhor. O governador de São Paulo [Tarcísio de Freitas, do Republicanos] hoje defende cassação de concessão [da Enel], mas, meses atrás, patrocinou a privatização da Sabesp”, disse, à época.

Além de ser um dos atores contra a crise do apagão paulista, Damous agiu também contra o descontrole das bets, que atuavam sem registro no país, levando vários jogadores ao desespero com dívidas onerosas e ao vício, envolvendo crianças e adolescentes. Também atuou nos abusos contra os planos de saúde, daí o convite.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.