Cisão na burguesia intensifica o isolamento de Bolsonaro
O governo do capitão covid, do genocida, do fascista Jair Messias Bolsonaro é um cadáver ambulante. Não consegue dar nenhuma solução para os problemas nacionais
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O governo do capitão covid, do genocida, do fascista Jair Messias Bolsonaro é um cadáver ambulante. Não consegue dar nenhuma solução para os problemas nacionais. A pandemia continua a ceifar vidas de maneira cada vez mais rápida. O Brasil deve alcançar 300 mil vítimas fatais pelos próximos dias. Governadores e prefeitos decretam lockdown e o governo do genocida recorre à justiça contra esses decretos, ao invés de apoiá-los, sob a falácia de que esta medida prejudicará a economia. A economia vai de mal a pior e o próprio Paulos Guedes, superministro da Terra do Nunca, já admite que não tem como a economia crescer sem o controle da pandemia, sem que haja vacinação em massa.
O ano de 2020 assistiu a uma queda de 4,1% no PIB e economistas preveem que este cenário se repita no primeiro trimestre de 2021. O desemprego alcançou 14%. Cerca de 5,5 milhões de brasileiros perderam seus empregos entre fevereiro e dezembro de 2020. Desesperados e sem apoio do governo genocida, micro e pequenos empresários e trabalhadores precarizados resistem a apoiar e adotar as medidas recomendadas para o controle da pandemia e se agarram a Bolsonaro como um náufrago se agarra a uma pedra de gelo no meio do oceano antes que ela derreta completamente e o deixe desamparado.
Boicotada desde o início pelo governo genocida, a vacinação caminha a passos lentos. Pazuello, a mando de Bolsonaro, recusou ofertas de compra de vacinas que, nas quantidades propostas, teriam permitido que mais de 50 milhões de brasileiros já estivessem vacinados e milhares de vidas tivessem sido poupadas.
Bolsonaro vê o apoio de parte do mercado se esvair rapidamente. Na semana passada, de maneira equivocada e surpreendente, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) presenteou o mercado com um aumento de 0,75% na taxa de juros anual, na tentativa de reconquistar as parcelas do capital que se afastaram do governo. A economia em frangalhos, a sociedade em colapso, a política nas mãos de milicianos genocidas e os juros passaram de 2% para 2,75% ao ano. O aumento foi de mais de 30%. Fato raro na história, um governo aumentar a taxa de juros em uma conjuntura de recessão econômica.
A incompetência, inabilidade e grosseria de Bolsonaro gerou uma cisão na burguesia neocolonial que controla o país. No dia 21 de março banqueiros e empresários divulgaram um documento chamado Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia, assinada por gente como Pedro Malan, Armínio Fraga e as famílias controladoras do Banco Itaú.Em seu primeiro parágrafo a carta reconhece que "o Brasil é hoje o epicentro mundial da Covid-19, com a maior média móvel de novos casos.” Semana passada, 20% de todas as mortes por Covid-19 ocorridas no mundo naquela semana, ocorreram no Brasil.
A carta aberta faz uma análise da recessão que nos atinge, concluindo que ela e suas consequências são resultado da pandemia que só pode ser controlada por meio de uma ação competente do governo brasileiro. Este trecho omite que o crescimento do PIB brasileiro em 2019 foi de 1,1%. Isso significa que antes da pandemia, porém depois que os governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro terem realizado algumas reformas propostas pelo projeto neoliberal, a economia já vinha com crescimentos pífios. A carta aberta omite que a pandemia acirrou o que já vinha mal das pernas.
O texto prossegue com análises econômicas e defende a vacinação em massa. Segundo o documento, “vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade. Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020. Vacinas têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo.” Não conseguindo esconder o seu viés tucano neoliberal, como prova de capacidade e eficiência, a carta recorda que 48 milhões de crianças foram vacinadas contra o sarampo em um mês em 1992. Em 2010, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vacinou mais de 80 milhões de brasileiros contra a H1N1 em três meses, mas os banqueiros preferiram recordar o longínquo feito do governo tucano. Eles continuam com a proposta de tentar relegar Lula ao esquecimento. Se esqueceram de combinar isso com o povo.A carta acusa o governo Bolsonaro de negligência, cuja consequência é uma recessão econômica que causou uma perda de cerca de 58 bilhões de reais, em torno de 6,9% de arrecadação de impostos federais. Prevê que “o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em 2021, supondo uma recuperação retardatária em 2 trimestres.”
O texto defende uma coordenação nacional de combate à pandemia que apoie governadores e prefeitos, bem como que implemente incentivos e políticas públicas nacionais que incentivem o uso de máscaras e o distanciamento social.
São propostas quatro medidas para superar a crise:
1. Aumentar a oferta de vacinas com a aquisição do maior número possível seja de que fabricante for. Aqui também há uma crítica ao governo por ter optado por centrar esforços na fabricação de vacinas.
2. Distribuir, gratuitamente, máscaras “de melhor qualidade”, com orientação sobre seu uso correto, tendo como público-alvo principal a população de baixa renda. A carta mostra que seria necessário cerca de 1 bilhão de reais por mês para fornecer máscaras suficientes para os cerca de 68 milhões de pessoas atendidas pelo auxílio emergencial. A distribuição de máscaras seria concomitante ao pagamento do auxílio emergencial.
3. Implementar medidas locais de distanciamento social, sob coordenação nacional. Nesta proposta, a carta defende também a abertura das escolas, fazendo referência a uma pesquisa mundial que mostraria que a volta às aulas presenciais não gerou um aumento da contaminação (a realidade brasileira tem mostrado que houve aumento na contaminação de professores e funcionários nas escolas nas quais as aulas presenciais voltaram). Este argumento a favor da volta às aulas defende que as crianças na escola teriam acesso à alimentação e liberariam “os pais – principalmente as mães – para o trabalho”. Desconsidera que os pais podem se contaminar ou servirem de vetores para contaminar seus colegas de trabalho, patrões e passageiros que dividem com eles os transportes coletivos.
4. Criar uma coordenação nacional de combate à pandemia feita a partir de informações fornecidas por comitês científicos que assessorariam as decisões desta coordenação.
Esta carta surge em uma conjuntura na qual as políticas neoliberais associadas à incompetência de Bolsonaro estão levando o país a um abismo cada dia mais profundo. Ela foi publicada com alguns meses de atraso. Seus assinantes, em grande parte banqueiros, não reclamaram quando lucraram mais de 100 bilhões em 2020 graças a Bolsonaro e Paulo Guedes. Também não reclamaram quando Paulo Guedes os presenteou com 1,2 trilhão em março de 2020. Brincaram com fogo. Agora que as UTIs dos hospitais de luxo estão lotadas e poucos países aceitam turistas e pacientes brasileiros, agora que não há mais para onde fugir, eles se moveram e se manifestaram contra o governo que ajudaram a eleger.
Por outro lado, a volta de Lula à cena política acendeu o sinal de alerta na burguesia neocolonial, sobretudo após o ex-presidente enviar uma carta ao primeiro ministro chinês, conversar com os russos e com Joe Biden, visando a aumentar a oferta de vacinas para os países mais pobres do mundo. Lula também subiu o tom nas críticas a Bolsonaro e as pesquisas de intensão de votos mostram que ele se cacifou e entrou, definitivamente, na corrida eleitoral com larga vantagem sobre os outros concorrentes.
Lula amedronta a burguesia e Bolsonaro a tal ponto que alguns segmentos já defendem a candidatura de Michel Temer, outro morto-vivo, porém mais confiável, em 2022. No mesmo dia em que a carta aberta foi publicada, o Datafolha liberou uma pesquisa segundo a qual 57% consideram justa a condenação de Lula e 51% acham que Edson Fachin se equivocou ao anular as decisões da Lava Jato.
A burguesia neocolonial tenta criar fatos novos para retomar o controle do jogo político. Ainda não conseguiu descobrir uma estratégia eficaz. Alguns juristas alertam que esta estratégia seria tornar Lula novamente inelegível. Para isso, seria necessário Fachin conseguir que o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgue sua decisão a favor da anulação dos processos contra Lula, ocasião em que ele, Fachin, mudaria seu voto e revalidaria as decisões da Lava Jato. Com esta mudança de voto, a maioria contra Lula no plenário do STF estaria assegurada.
Embora carreatas a favor de Bolsonaro e do golpe militar tenham se realizado no fim de semana, Bolsonaro sente que está cada vez mais isolado. De maneira atabalhoada e desesperada ameaça com estado de sítio e com golpe de estado, se escudando no apoio que possui das alas mais reacionárias das forças armadas brasileiras. No momento, está segurando na brocha sem a escada para se apoiar. Mas ele é esperto e a oposição não pode lhe dar tempo para elaborar uma estratégia para se reaprumar. Tempo é o que ele mais deseja. Faz-se necessário pressioná-lo fortemente, fustigá-lo o tempo todo com todas as armas possíveis. Hoje, Bolsonaro ainda não tem apoio suficiente para um golpe (golpe sem ter quem o financie é muito difícil de ocorrer). Contido, ele ainda tem forte apoio entre as camadas mais reacionárias da sociedade brasileira que incluem militares, policiais, fazendeiros, agronegócio, setores do capital financeiro e fundamentalistas religiosos. Isso significa um contingente razoável de apoio.
Bolsonaro é um morto-vivo. Mas os mortos-vivos ainda se movem.
P.S.: Precisamos defender uma reforma constitucional que substitua o impeachment, instrumento utilizado pela burguesia neocolonial para retomar o controle do poder, pelo recall, instrumento que coloca nas mãos do povo a destituição daqueles que ele mesmo elegeu.
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