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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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Coded Bias: o racismo nos algoritmos que todos estamos submetidos

Nesse momento, há 6 empresas nos EUA e 3 na China criando suas IAs. Cada uma delas, sendo alimentadas com os vieses culturais e preconceitos sociais de cada um de seus países

(Foto: Divulgação)
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Coded Bias é um documentário, dirigido por Shalini Kantayya, lançado pela Netflix em 2021. A tradução é algo como Viés Codificado, mas o nome mais apropriado seria “Racismo Codificado”.

O documentário revela os obscuros algoritmos presentes nas redes sociais e controlam o mundo virtual. Pior que isso, são também as bases no desenvolvimento das Inteligências Artificiais (IA) do futuro. 

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Tudo começa, quando Joy Builamwini, uma pesquisadora negra do Laboratório de Mídia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), trabalhava em um software de reconhecimento facial. Frustrada, pois o software não identificava seu rosto, a pesquisadora resolveu fazer um teste. Vestiu uma máscara branca, e a partir daí, o programa passou a identificar seu rosto como sendo o de um humano. Ao retirar a máscara branca, o software não a reconhecia mais. A máquina não percebia o rosto de uma mulher negra, como o sendo um rosto humano. 

Ela testou vários sistemas; IBM, Microsoft, Face++, Google; porém todos mostravam o mesmo problema. Após analisar o conjunto de dados, percebeu existir um viés racista e misógino nos algoritmos. 

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As IAs aprendem através de uma grande quantidade de dados, para assim, identificarem padrões. Ao se usar dados distorcidos, gera-se uma Inteligência Artificial com padrões distorcidos. 

Todo ser humano tem seus vieses inconscientes resultados da cultura e sociedade em que vivem. Esses dados são um reflexo histórico do momento, quanto mais as máquinas interagem com dados produzidos por humanos, mais aprendem e reproduzem esses padrões humanos.

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As estruturas matemáticas contidas na programação não são racistas, mas os dados inseridos nelas são. As redes sociais, smartphones e Google coletam uma infinidade de dados produzidos por humanos na internet.  Esses vieses racistas presentes na sociedade estão sendo incorporados involuntariamente pelos algoritmos. 

Nesse momento, há 6 empresas nos EUA e 3 na China criando suas IAs. Cada uma delas, sendo alimentadas com os vieses culturais e preconceitos sociais de cada um de seus países. 

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Hoje temos a vida controlada por esses algoritmos sob um disfarce de neutralidade das máquinas, têm-se algoritmos determinando quem receberá moradia, empréstimos bancários, renegociação de dívidas, ofertas de crédito, o valor da franquia no seguro veicular, quem será contratado, até mesmo que notícias e publicações cada um dos usuários irá receber.

A polícia de Londres está monitorando áreas urbanas através do reconhecimento facial.  Descobriu-se que 98% das identificações são erradas, inocentes estão sendo identificados como foragidos. O documentário mostra a polícia de Londres, abordando e multando pessoas que estivessem com os rostos não visíveis, uma espécie de domesticação da população para obedecer a um algoritmo.  

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Nos EUA, mais 117 milhões de pessoas têm seus dados reconhecíveis pela polícia, reconhecimento esses, imprecisos e que não funcionam bem. As Big Tech estão efetuando uma vigilância de massa às margens das leis, sem regulação, sem lei e de forma pouco clara. Estamos caminhando para uma sociedade autoritária.

Steve Wozniak, cofundador da Apple, acusou que o novo cartão de crédito da empresa discrimina quem receberá crédito pelo gênero. Mesmo ele tem conta conjunta e os registros de bens com a esposa, ela recebe menos oferta de crédito e limite de gastos menores que os dele.

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A Amazon abandonou sua IA de contratação de funcionários. Os currículos eram selecionados pela máquina, a qual rejeitava mulheres. Há poucas mulheres em cargos tecnológicos na Amazon - apenas 14% são mulheres. Por consequência, a IA replicou o mundo em que ela existe. 

UnitedHealth Group, um plano de saúde suplementar, foi investigada, pois, os algoritmos da empresa priorizavam o atendimento de pacientes brancos, menos emergenciais, em detrimento de negros, com casos emergenciais mais graves.

A comissão estadual da Pensilvânia aprovou para o uso de juízes no proferimento de sentenças uma ferramenta de avaliação de riscos. O instrumento analisa o risco de incidência, condenações prévias e antecedentes criminais. Como Resultado, os negros recebiam pontuações altas erroneamente, enquanto brancos recebiam pontuações mais baixas erroneamente.

O Facebook tem uma patente registrada, em que promete aos comerciantes, um sistema de identificação dos clientes que entrarem em suas lojas, o aparelho também dará uma nota de confiabilidade ao cliente.

Em 2010, o Facebook realizou um experimento com 61 milhões de pessoas. Para um grupo, mostrou uma mensagem escrita “Dia de Eleições”, para outro, “Dia de Eleições” e fotos dos perfis de amigos com dizeres “Eu votei!”. Com isso, levou 300 mil pessoas a se engajarem e votarem – nos EUA o voto não é obrigatório. Nas eleições de 2016, a presidência foi decidida por uma diferença de 100 mil votos entre os candidatos.

Dessa forma, pode-se fazer com que os eleitores de um determinado político votem, enquanto os eleitores de um político opositor, decidam não irem votar. Sem que ninguém nem saiba o que está acontecendo - a abstenção, até mesmo em países com voto obrigatório, vem aumentando.  Com um simples toque, essas empresas podem mudar as eleições de um país.

Quem mesmo frauda as eleições? Nicarágua e Venezuela?

A ciência de dados torna todas essas manipulações automáticas e imperceptíveis. Essas práticas na internet estão aumentando as desigualdades sociais, criando um mundo de vigilância Estatal e vigilância empresarial. E isso está sendo normalizado. O pior, é que as pessoas estão dando suas informações voluntariamente, através das postagens em rede social e apoiando essas iniciativas em nome de uma falsa narrativa de segurança.

Por fim, para os usuários pouco familiarizados com o algoritmo da Netflix, saiba que os filmes recomendados para você, não são os mesmos recomendados para seu vizinho ou amigos. A Netflix seleciona o que cada pessoa vai assistir, indica filmes para uns e não indica os mesmos filmes para outros.

As empresas de tecnologia estão construindo o mundo das distopias do gênero Cyberpunk e de literatos como Philip K. Dick., William Gibson ou Bruce Sterling.

Cyberpunk - Movimento cultural, onde a tecnologia é usada para o controle mental e vigilância dos indivíduos. Há um autoritarismo corporativo e os perigos do avanço tecnológico desenfreado, sem regulamentação ética e leis. As megacorporações exercem mais poder do que governos e parte da sociedade tem que sobreviver fazendo coisas ilícitas, seja para essas empresas ou contra elas. Há uma desigualdade social monstruosa, alta tecnologia para alguns e baixa renda para a maioria.

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