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Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro.

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Com ambiguidades em penca, o PT se enrola no caso Adriano

Com seu silêncio ensurdecedor diante do cadáver de Adriano Nóbrega, a direção nacional do PT acaba de dar o primeiro passo, rumo ao outro lado da calçada, com o objetivo precípuo de pisar em vistosa casca de banana, diz o colunista Gilberto Maringoni

Rui Costa e Jair Bolsonaro (Foto: Camila Souza/GOVBA | Reuters)
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POR FORÇA DE SUAS AMBIGUIDADES, o PT está metido em uma camisa de onze varas no caso do assassinato do miliciano Adriano Nóbrega. O rolo é tamanho, que o partido se arrisca a não poder emitir juízo algum sobre a entrada do crime organizado na política institucional, um dos maiores perigos que ronda a vida pública brasileira. 

Se buscar ir a fundo no que ocorreu na manhã do domingo, 9 de fevereiro, num sítio do município de Esplanada (BA), a direção do partido trombará de frente com o principal governador da legenda, Rui Costa, da Bahia. Se não fizer nada, abrirá espaço para que Jair Bolsonaro leve a melhor no duelo de argumentos sobre o caso e passará para a opinião pública a noção de desejar acobertar o caso. Vida dura.

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Adriano perdeu a vida em uma suposta troca de tiros, quando se viu cercado por mais de 70 policiais. Seria um contrassenso trocar tiros sozinho e em tamanha desvantagem numérica. Fotos de seu cadáver publicados na revista Veja revelam que alguns disparos foram feitos a 40 centímetros de distância. Ninguém troca tiros em tal proximidade. 

A MORTE DE NÓBREGA resultou de operação conjunta da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (Polícia Militar) e da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol), sob chefia da primeira. O ex-oficial da PM-RJ, como se sabe, chefiava a milícia Escritório do Crime e teria ligações com os assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

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Diante de suspeitas de queima de arquivo, o governo petista fechou-se em copas. Ignora-se o motivo. Com extrema grosseria, o Secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, deu bolo em Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, que havia solicitado uma audiência para a sexta (14), em Salvador. Somente ao desembarcar na capital baiana, Medeiros soube que o Secretário havia desmarcado o encontro. O PSOL e o PT são aliados em diversas iniciativas no Congresso nacional e devem selar alianças para as eleições municipais. A aresta em caso sensível não é bom sinal.

RUI COSTA PERMANECEU MUDO durante a semana, mas soltou a língua no sábado (15) para engambelar o distinto público. Em seu twitter, afirmou que o governo baiano “não vai tolerar nunca milícias, nem bandidagem” e que no estado “a determinação é cumprir ordem judicial e prender criminosos com vida. Mas se estes atiram contra pais e mães de família que representam a sociedade, os mesmo têm o direito de salvar suas próprias vidas, mesmo que os marginais mantenham laços de amizade com a Presidência”. Hã-hã...

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Com esperteza além da conta, Costa consegue a proeza de abrir enorme flanco e se colocar na defensiva diante da família Bolsonaro, que tem mais do que claras ligações com o submundo da milícia carioca. O presidente da República partiu com os dois pés para cima do peito do chefe do Executivo baiano: “A atuação da PM-BA, sob tutela do governador do estado, não procurou preservar a vida de um foragido, e sim sua provável execução sumária, como apontam peritos consultados pela revista Veja”. Costa nada retrucou.

O PT GOVERNA A BAHIA ininterruptamente desde 2006. Não se tem notícia de nenhuma tentativa de controlar de fato a Polícia Militar, diante de seus mais que denunciados excessos. Ao contrário. Há exatos cinco anos (06.02.2015), Rui Costa elogiou o comportamento de policiais que teriam participado de uma chacina no bairro do Cabula. O resultado foram 12 mortos, todos civis.

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Segundo suas palavras, um policial diante de um suspeito deve agir “como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol, pra fazer o gol”. Trata-se da versão acarajé do “mirar na cabecinha”, propalada por Wilson Witzel em terras cariocas.

HÁ ANOS, O PT NÃO CONSEGUE ter posição clara sobre nenhum assunto relevante. Não pode falar do desemprego, por ter decidido dobrar a taxa de desocupação entre 2015-16, no segundo governo Dilma, legando 12 milhões de trabalhadores na rua. Não pode falar da Globo por ter abastecido a rede com R$ 10 bilhões em publicidade entre 2003-13. Não pode falar do STF por ter indicado 7 dos 11 membros daquela colenda corte. Não pode falar de desenvolvimento, pois fez a economia encolher quase 8% há quatro anos. Não pode falar de rentismo por ter praticado juros estratosféricos na maior parte dos 13 anos à testa do Executivo federal.

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Com seu silêncio ensurdecedor diante do cadáver de Adriano Nóbrega, a direção nacional do PT acaba de dar o primeiro passo, rumo ao outro lado da calçada, com o objetivo precípuo de pisar em vistosa casca de banana.

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