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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Com Mourão a democracia corre menos riscos que com Bolsonaro

Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, avalia que se o vice-presidente Hamilton Mourão assumisse definitivamente seria uma alternativa, pois "o risco de cair numa ditadura é muito maior com Bolsonaro". "Não numa ditadura imposta por patas de cavalo, como no passado, mas numa ditadura do pensamento único, de extrema-direita, que começa a tomar corpo e precisa ser barrada antes que se consuma", defende

Começa a Operação Mourão (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - Bolsonaro resistiu muito até passar o bastão ao seu vice, general Hamilton Mourão. Bateu o pé. Pretendia continuar no cargo enquanto estivesse até mesmo inconsciente, sob efeito de anestesia, na mesa de cirurgia do hospital.

Só recuou quando foi informado que se consumasse o gesto afrontaria a constituição e correria o risco de até mesmo perder o mandato.

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Mas do que ele tem medo?

O primeiro a levantar suspeitas acerca de Mourão foi o filho Carlos. Mourão estaria interessado em matar seu pai. Como é improvável que ele tenha lido Shakespeare, o enredo parece ter sido criado na sua cabeça contaminada por milhares de horas e mortal kombat. Mas enquanto seu pai estiver no hospital não corre esse risco.

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Há quem acredite que haja algum assassino em potencial em seu entorno e há quem tema que, se algo acontecer a Bolsonaro e Mourão assumir definitivamente, as coisas iriam de mal para pior.

Eu acho o contrário. O risco de cair numa ditadura é muito maior com Bolsonaro. Não numa ditadura imposta por patas de cavalo, como no passado, mas numa ditadura do pensamento único, de extrema-direita, que começa a tomar corpo e precisa ser barrada antes que se consuma.

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Nenhum golpe ou autogolpe se dá do dia para a noite. O de abril de 64 começou a ser tramado em 1954. Nenhum golpe de estado se dá sem a cooptação do Alto Comando das Forças Armadas. Nenhum golpe se dá sem apoio dos governadores.

Golpe precisa de um pretexto muito forte. É preciso convencer o público local e a comunidade internacional que ele é necessário, pois é sempre traumático.

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Getúlio só conseguiu impor o Estado Novo porque ganhou de presente o Plano Cohen. O falso plano comunista de invadir o Brasil, produzido pelo capitão Olympio Mourão Filho a pedido do comandante em chefe das Forças Armadas. Entre uma invasão comunista e uma ditadura, era preferível a ditadura.

Os generais de 64 alegaram, mais uma vez, o perigo comunista, colocaram a carapuça no presidente João Goulart. Acusação falsa, mas deu certo. Os brasileiros – e a Casa Branca - acreditaram que um latifundiário poderia vir a ser um novo Fidel Castro e deram sinal verde aos golpistas.

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Os generais também tinham a seu favor o exemplo cubano. Há apenas cinco anos a revolução comunista derrubara, de fato, o capitalismo na ilha. Era preciso evitar que acontecesse no Brasil.

Ou seja: 1) os golpistas têm que convencer a população de que o país corre perigo; 2) somente dá golpe quem tem um plano de tomada de poder e de governo muito bem estruturados; 3) quem tem muito apoio no Alto Comando do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e aprovação da maioria dos governadores; 4) quem consegue convencer os públicos interno e externo que o golpe é remédio para evitar um mal maior.

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Mourão não tem como dar um golpe de estado, mesmo que quisesse porque não tem um bom pretexto, não tem plano de golpe nem de governo, não tem apoio e nem faria sentido provocar um trauma político desse tamanho numa economia já combalida.

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