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Cesar Calejon

Jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor dos livros A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI, Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil

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Com privatização da Eletrobrás, bolsonarismo enterra definitivamente o desenvolvimentismo nacional

"O bolsonarismo enterrou, definitivamente, o projeto de desenvolvimento nacional e a já combalida soberania do estado brasileiro", escreve Cesar Calejon

(Foto: REUTERS)
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Por Cesar Calejon, do Jornalistas pela Democracia

No capitalismo, o controle da energia é um aspecto fulcral para toda a organização sistêmica. Ao longo do século XX, sobretudo, entre 1930 e 1980, período que marca o desenvolvimentismo brasileiro, diversos governos, mesmo os ditatoriais, entendiam a importância de manter empresas estratégicas sob o comando de um estado que fosse capaz de planejar e determinar prioridades e objetivos.   

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Com a privatização da Eletrobrás, que foi consumada ontem, o bolsonarismo enterrou, definitivamente, o projeto de desenvolvimento nacional e a já combalida soberania do estado brasileiro no que diz respeito a organizar o seu próprio futuro, consequentemente.  

Agora, a Eletrobrás passa a ser controlada por fundos locais e internacionais e tem o grupo 3G e o Banco Clássico como os seus maiores acionistas privados. Evidentemente, a exemplo do que historicamente aconteceu com projetos desta ordem, a população brasileira, além de ficar à mercê de um estado incapaz de usar os seus recursos para melhorar a vida dos seus cidadãos, ainda deverá pagar mais caro pela energia visando o enriquecimento de grupos que já são bilionários. Enquanto isso, 106 milhões de brasileiros sobreviveram com apenas R$ 13,83 por dia em 2021, segundo o IBGE.   

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Sob o bolsonarismo, a racionalidade neoliberal que percebe o estado como inimigo da população foi agudizada junto ao povo brasileiro. O fato, contudo, é que existe uma dimensão, material e histórica, fundamental do desenvolvimento do capitalismo sob a égide das democracias liberais que os próprios liberais sofrem demasiadamente para aceitar e a população, de forma mais ampla, sequer entende: um estado forte e planejador é um atributo elementar para a organização de qualquer país que pretenda se tornar uma potência.   

Além disso, existe outra correlação direta que pode ser estabelecida neste sentido: quanto mais à periferia do sistema capitalista global encontra-se determinado país, maior é a necessidade de se estabelecer um estado forte que consiga dar conta de tarefas estratégicas.    

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Os liberais tendem a classificar, pejorativamente, esse tipo de atuação estatal como “intervencionista”, avançando a ideia de que o “deus mercado” e a livre competição seriam capazes de organizar os melhores arranjos sociais. Invariavelmente, essas pessoas citam os Estados Unidos como exemplo e se esquecem – ou ignoram deliberadamente para avançar os seus interesses – que o regime estadunidense atua no cerne do capitalismo global, usurpando outras nações e impondo, muitas vezes por meio do uso da força, as suas determinações. Existe, o que na disciplina das Relações Internacionais, convencionou-se chamar de “role maker” (os países que estabelecem as regras do jogo) e “role taker” (os países que as acatam).   

Sem um estado forte e sem o controle de empresas estratégicas, resta ao Brasil curvar-se às determinações que nos são impostas. Exatamente o que pretende o governo Bolsonaro.   

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Neste sentido, o próximo governo deverá fortalecer, rapidamente, a capacidade de intervenção estatal na economia brasileira. Uma boa ideia seria, conforme discutido com o economista Ladislau Dowbor no programa Literatura & Pensamento Crítico, organizar uma espécie de holding, que seria ligada à Presidência da República.

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