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Enio Verri

Deputado federal pelo PT-PR

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Combater Bolsonaro é salvar vidas

Bolsonaro é caixa de ressonância da classe dominante mais ignorante, truculenta e brejeira do mundo, a brasileira. A decisão mais sábia para quem deseja superar a pandemia, é quedar-se em casa e aguardar. Não será fácil, mas muito pior será seguir um inconsequente que só obedece a bolsa de valores

(Foto: Marcos Corrêa - PR)
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Tão importante quanto combater a pandemia de coronavírus é enfrentar, com mesmo destemor, a ignorância que aprofunda a crise sanitária. E não há, no País, alguém que promova mais a disseminação da doença COVD-19 que o presidente Jair Bolsonaro, com sua infindável e arrogante ignorância. Países mais bem estruturados que o Brasil, que desdenharam da pandemia, estão revendo seus posicionamentos, como EUA, Itália e Inglaterra. A realidade da multiplicação de corpos conscientizou os seus mandatários. O primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson, foi especialmente conscientizado depois de infectado pelo vírus.

Os governantes sabem que a maneira mais eficaz para conter o alastramento da doença e uma crise humanitária é estabelecer a quarentena, para que o índice crescente de contaminação alcance o menor número de pessoas, durante um espaço de tempo em isolamento. Quanto mais pessoas estiverem nas ruas, nos ônibus, trens, escritórios, salas de aula, espaços de lazer, causarão não apenas um morticínio, o que é o de tudo lamentável, mas um colapso no sistema de saúde do País. Um dos sintomas mais graves da doença é a insuficiência respiratória. A pessoa deixa, simplesmente, de respirar. Sem oxigênio, sem vida. É uma questão matemática. Não há respiradores mecânicos para todos, nem leitos e os demais recursos médicos e hospitalares, materiais e humanos.

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Quando se está doente, indivíduos e famílias fazem o que podem e até se endividam em busca do restabelecimento da saúde. Depois de tratado, já em condições de produzir, trabalha-se para saldar a dívida. É sabido que não é prudente comparar a economia doméstica com a dos Estados. Porém, essa comparação tem a ver com a economia dos países. Governantes esclarecidos sabem que é, além de humanisticamente, economicamente impossível manter a produção e combater a pandemia, ao mesmo tempo. Em breve, não haverá, nas fábricas, oficinas, escolas, repartições públicas, nos cafés, ou nos bancos, gente para produzir e para consumir.

Na intenção de não provocar crises humanitárias, sanitárias econômicas, nessa ordem, é que os governos estrangeiros investem na proteção geral de quem produz a riqueza das nações, a classe trabalhadora. Os EUA  vão pagar R$ 6 mil, por adulto e, R$ 2,5 mil, por criança, para as famílias ficarem em casa. Outros países, como Inglaterra e Itália, além de garantirem a subsistência dos trabalhadores, suspenderam a cobrança das taxas de água, esgoto, fornecimento de energia elétrica e de gás. Quanto mais tempo as pessoas ficarem em casa, mais diluída será a contaminação, antecipando a volta das atividades produtivas com as quais o país vai poder saldar esse momentâneo endividamento. Antes ter saúde para pagar uma dívida que morrer sem se envidar para se salvar.

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No Brasil, enquanto Bolsonaro passa o tempo mentindo, atacando o Congresso, a Imprensa e disseminando o vírus, a oposição ao governo apresentou e aprovou, na Câmara dos Deputados, um projeto de renda básica emergencial, que pagará R$ 600 a pessoas em condição de vulnerabilidade, inscritas no Cadastro Único, Bolsa Família, BPC, desempregados, trabalhadores, informais e intermitentes. O valor será de R$ 1.200 para famílias com dois adultos ou monoparentais. O Partido dos Trabalhadores tem vários projetos, como o da suspensão das taxas acima citadas, ou o pagamento de meio salário mínimo aos produtores da agricultura familiar que estão impedidos de venderem seus produtos nas feiras, fechadas devido à pandemia.

A renda básica emergencial é para uma família conseguir minimamente se alimentar. Ela não é o ideal, mas, diante da proposta de Bolsonaro, de R$ 200, foi um avanço. Acredito que a proposta poderia ter ido bem mais além, uma vez que o Brasil tem condições de oferecer. Há R$ 1,2 trilhão na conta única do Tesouro Nacional; R$ 1,2 trilhão no Banco Central e um pouco menos de R$ 1,5 trilhão de reservas internacionais. Com quase R$ 4 trilhões, não fosse a subalternidade de Bolsonaro a Chicago, o combate à COVID-19 seria com muito mais dignidade à classe trabalhadora.

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Porém, o Brasil, apesar de bonito por natureza, tem Bolsonaro. Ele não é um ponto fora da curva, ele é o principal vetor de transmissão do coronavírus. Ele faz o contrário do que fazem e recomendam países que instituíram o isolamento e diminuíram o número de novos contágios e o que determina a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, do seu governo. Bolsonaro se aproveita da desinformação das pessoas para colocá-las em risco, pressionando, inclusive, com ameaças de passarem fome porque não haverá salário. Ele sabe que não haverá vida para receber salário e que esta será prontamente substituída por outra, igualmente vulnerável à anterior, porque são pessoas pobres, que necessitam trabalhar praticamente todos os dias da semana para manter um mínimo de alimentação.

Bolsonaro, em rede nacional, disse que o Brasil deve voltar à normalidade produtiva e que a doença não passa de uma gripezinha. Às portas do Palácio da Alvorada, declarou aos brasileiros que o governo não tem absolutamente nada a ver com essa pandemia e cada cidadão que “cuide do seu velhinho”. Está a semanas em guerra com os governadores porque eles tomaram atitude. Já a imprensa, que divulga a cruel realidade dos números da COND-19, segundo ele, espalha pânico. Usou a instituição Presidência da República, a partir da qual veiculou um vídeo em que clama a 40 milhões de trabalhadores voltarem ao trabalho. São pessoas pobres, cujas condições de habitabilidade, transporte, trabalho, alimentação colocam a vida delas em risco. Não satisfeito, depois de uma reunião com o ministro da saúde, quando foi advertido da gravidade da gravidade do problema, saiu às ruas para para estimular a retomarem uma normalidade que não existe. Bolsonaro comete um crime de lesa-humanidade. Usa de um discurso messiânico, exasperado e dito patriótico para colapsar o País e matar a população.

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Há uma lógica histórica no pensamento de Bolsonaro e da classe para quem ele governa, que são os patrões, sejam eles ricos, da classe média, ou pequenos empresários e comerciantes. Ao longo de 400 anos de uma escravidão ainda não definitivamente abolida, consolidou-se a mentalidade que a vida do empregado e nada valem a mesma coisa. Haja vista a maneira como Bolsonaro tentou se referir à resistência do brasileiro, dizendo que trabalhador salta em esgoto e não acontece nada. Uma clara expressão de desprezo aos pobres. Quando o presidente diz que o País deve voltar à normalidade, ele empodera um certo tipo de empreendedor que protesta contra o isolamento, de dentro de seu carro, com vidro fechado, usando luvas e máscara, em ridículos buzinaços. Esse é o espírito dos herdeiros ideológicos da casa-grande. Além de tacanhos, são nada solidários com seus clientes, já que não se importam a mínima com os funcionários.

É vital, portanto, para evitar que a devastação no Brasil seja maior do que ela se anuncia, que Bolsonaro seja combatido como ao coronavírus. As orientações, afirmações e opiniões do presidente devem ser solenemente desqualificadas, pois ele já demonstrou inépcia, inconsequência e mau caratismo, quando invoca os mais pobres à exposição à contaminação. Ao mesmo tempo, quando permitido, deve-se esclarecer as pessoas sobre os desatinos do presidente que, sem apresentar um único argumento racional e verificável, refuta descaradamente o que os números produzidos por cientistas de todo o mundo gritam. Bolsonaro é caixa de ressonância da classe dominante mais ignorante, truculenta e brejeira do mundo, a brasileira. A decisão mais sábia para quem deseja superar a pandemia, é quedar-se em casa e aguardar. Não será fácil, mas muito pior será seguir um inconsequente que só obedece a bolsa de valores.

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