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André Vargas

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Como Beto Richa conseguiu quebrar as finanças do Paraná

Volto a dizer: este governo não tem rumo, não tem identidade e nenhuma marca. Podem criticar o ex-governador Roberto Requião, por ter sido hostil ao capital, pelo seu estilo polêmico e por vezes truculento, mas ninguém lhe tira o mérito de investir em açõ

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Não é de hoje que o governo da presidente Dilma Rousseff, moldado pela gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pautou sua administração na ação social, onde melhorou e retirou da miséria extrema perto de 40 milhões de brasileiros, marginalizados por governo anteriores, vem tentando retirar da letargia os conformados do governo Beto Richa, para quem nada significa esperança e ainda pregam o imobilismo. Passaram-se três anos e o Paraná continua sem identidade, mergulhado em profunda crise financeira e sem um norte para seguir.

Passamos os olhos no relatório fiscal da execução orçamentária do segundo quadrimestre de 2013 e o que vimos foi a mesma situação que nos foi apresentada em 2011, ou seja, completa irresponsabilidade fiscal.

Na avaliação do DIEESE paranaense, o Estado apresentou crescimento das receitas, inclusive acima da inflação, mas as contas despencaram e o Paraná passa por um dos piores momentos de sua situação fiscal e financeira, com ficha suja – inadimplência – junto ao Tesouro Nacional, onde não aplicou o percentual mínimo constitucional na área da saúde e aumentou para mais de 45% os gastos com pessoal, o que fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Agora o governador Beto Richa retira recursos de investimentos da Sanepar, da ordem de R$ 1 bilhão, para fazer caixa, visando o pagamento do décimo terceiro salário. Foi buscar empréstimos no governo federal, mas como não possui lastro junto ao Tesouro Nacional, encontra dificuldades para obter recursos e tentar salvar o barco, cujo principal comandante, o deputado federal pelo PSDB e então secretário de Finanças, Luiz Carlos Hauly, o abandonou em meio à tormenta.

Será que o único membro do secretariado ligado ao senador Álvaro Dias não percebeu o caos há tempo? Já há membros próximos ao governador reconhecendo que a responsabilidade pelo caos e intransferível.

Richa não sabe qual rumo tomar. Ainda se alimenta por um discurso vazio, tentando vender ao povo paranaense, investimentos de R$ 25 bilhões do capital interno e externo, na grande maioria em função de inventivos federais. Para termos uma ideia do parafuso em que entrou esse governo, lembremo-nos da busca de recursos dos depósitos judiciais, numa moeda de troca, cujo tiro saiu pela culatra.

São os conformados, portanto, que fecharam os olhos para o futuro do nosso Estado, preferindo apenas o recebimento do salário no final do mês, sem qualquer preocupação com nossa gente. Este é o foco do Partido Social Democrata Brasileiro: falir o Estado e abandonar o povo.

Vamos lembrar ainda que o governador anunciou medidas de cortes de gastos, através de tal “Choque de Gestão” que poucos sabem definir, mas todos vão arcar com as trágicas consequências. Medidas, aliás, justas, porém, sem efeito, porque acabou aumentando em 25% os gastos de custeio em 2012 e no balanço de 2013 o aumento superou 40%, contabilizados até agosto.

Essa é a situação nua e crua do governo paranaense, cuja estratégia, tanto do seu ex-secretário de Finanças, Luiz Carlos Hauly, como do próprio governador, é transferir suas responsabilidades para o governo federal, acusando-o de boicotar empréstimos. Uma pergunta que vem à tona. Um governo que arrecadará 30 bilhões ao ano depende tanto assim de empréstimos? Por quê?

Não seria justo, da minha parte, apenas criticar a atual gestão sem, contudo, dizer que Beto Richa contratou perto de três mil policiais para tentar colocar um basta na onda de criminalidade que assola Curitiba e região metropolitana. Mas a desorganização e a falta de autoridade jogam por terra estes esforços. Aliás, no momento em que eu redigia este artigo tomei conhecimento de que mais 34 pessoas foram assassinadas na capital e seu entorno durante o final de semana.

Volto a dizer: este governo não tem rumo, não tem identidade e nenhuma marca. Podem criticar o ex-governador Roberto Requião, por ter sido hostil ao capital, pelo seu estilo polêmico e por vezes truculento, mas ninguém lhe tira o mérito de investir em ações sociais, como o Leite das Crianças, o Luz Fraterna, sua benevolência para com o funcionalismo, em especial o Magistério, e sua intransigência em relação ao pedágio.

Ainda nas duas últimas décadas de governo, Jaime Lerner também teve sua marca, que foi a atração de novos investimentos no Paraná, um ciclo industrial que veio para ficar. Perguntamos: o que Beto Richa fez a não ser gastar mais recursos em consertos de veículos do que em manutenção de estradas e vias?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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