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Jean Goldenbaum

Músico, professor da Universidade de Música de Hanôver, Alemanha. É membro fundador do ‘Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil’ e fundador do coletivo ‘Judias e judeus com Lula’

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Como Hitler e Mussolini, Bolsonaro avança com o Nazifascismo armando a população

Para quem conhece profundamente a história do Nazifascismo, é evidente e inequívoco que os passos de Bolsonaro seguem nitida - e abertamente os de Hitler e de Mussolini - com uma roupagem contemporânea, é claro. E este capítulo das armas é um dos mais marcantes, afinal sabemos que armas são compradas para serem usadas

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A fixação de Bolsonaro e dos bolsonaristas pela violência, pela agressividade, pela intimidação é algo que sempre esteve claro àqueles que minimamente prestaram atenção aos seus comportamentos. As “arminhas” feitas com as mãos por milhões de “brasileiros e brasileiras de bem”, que se tornaram símbolo de sua campanha, evidenciavam que esta obstinada atração seria pauta constante no obscuro governo que se iniciou em 2019.

Bem, entre todas as monstruosidades já realizadas pelo psicopático cidadão que “preside” o país – já praticamente impossíveis de se acompanhar graças à diária frequência –, recentemente recebemos a notícia de que mais leis e decretos que possibilitam o praticamente descontrolado armamento da população devem agora entrar em vigor. Neste breve artigo pretendo simplesmente trazer à cara leitora e ao caro leitor o fato de que esta agenda bolsonarista nada mais é do que mais um tijolo na construção do arcabouço nazisfascista que o atual governo vêm impondo ao Brasil.

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Como coloquei acima, não deixa de ser óbvio que isto aconteceria. Estava anunciado desde 2018: ele armaria os seus mais fiéis e devotos seguidores, o núcleo duro nazifascista do país que garante sua aprovação sempre por volta dos 30%, independentemente do que ocorra. Assim, cada vez mais facilitando a aquisição de armas de diversos tipos e ampliando o número delas por pessoa, o Führer brasileiro fabrica um exército de milícia munido até os dentes e pronto para intimidar qualquer um que esteja do lado oposto.

Enfim, foi exatamente assim com Hitler e Mussolini. A famosa e emblemática frase do italiano, “Só um povo armado é forte e livre”, traduz o esgoto ideológico com o qual lidamos. Estas pessoas explicitamente associam força e liberdade a violência. Enquanto para os defensores da Democracia, da Justiça Social e dos Direitos Humanos, esta tríade é justamente a real representação de força e de liberdade, para os nazifascistas os valores são literalmente invertidos.

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Gostaria de apontar especificamente à política de armas de Hitler, para que fique claro como o líder brasileiro age de maneira calculada, como fez o austríaco/alemão. Vamos lá: na República de Weimar, que se estendeu na Alemanha do fim da Primeira Guerra Mundial à ascensão nazista, e consiste em um dos mais progressistas governos da história da humanidade, havia grande preocupação em regularizar a questão das armas no país. Devemos ter em mente que o povo acabava de sair de uma das maiores guerras que o homem já havia visto, então a produção bélica e o acesso a elas atingiram na época seu ápice. Em 1919 a questão do desarmamento alemão foi abordada no Tratado de Versalhes e o governo de Weimar se comprometeu a este princípio. Após uma década de discussão acerca da polêmica temática – afinal o Tratado não estabelecia com clareza o que era permitido e o que não era –, em abril de 1928 entrou em vigor a ‘Gesetz über Schusswaffen und Munition’ (‘Lei de armas de fogo e munição’), que definitiva- e claramente regulava todos as questões envolvidas nela. Esta lei, considerada moderna e inovadora para a época, baseava-se no preceito de que o porte de armas deve ser estritamente regulado, afinal o desejo de certa parte da população em se armar é uma realidade que não desaparece das sociedades.

Em 1933 Hitler ascendia ao poder e a escalada do autoritarismo e da desconstrução do Estado de Direito se dava a olhos nus. Em 1938, já nos prelúdios da Guerra, já não havia cortinas propagandísticas que pudessem disfarçar qualquer plano de Hitler (e ele também já não se preocupava com isso). Assim, em março de 1938 a nova ‘Waffengesetz’ (‘Lei das Armas’) entrava em vigor. Esta lei desfazia grande parte da lei de 1928: restrições em diversas as áreas (tipos de armas, munição etc) foram reduzidas; membros do partido nazista estavam livres de restrições; a idade legal para a posse foi reduzida de 20 a 18 anos; permissões antes limitadas a um ano foram estendidas a três; entre outras.

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Um dos mais interessantes pontos seguiu-se em novembro do mesmo ano: preocupado que os judeus pudessem também se armar, uma nova portaria na lei foi aprovada, a ‘Verordnung gegen den Waffenbesitz der Juden’ (‘Portaria contra a posse de armas por judeus’), proibindo somente que judeus possuíssem armas. Não coincidentemente foi justamente na madrugada do dia 9 ao 10 de novembro de 1938 que a Noite dos Cristais ocorreu, na qual dezenas de judeus foram assassinados nas ruas, fora os espancamentos e a destruição de suas casas e comércios.

Hitler armou o povo justamente para ser seu exército pessoal pré-Guerra. Com a Guerra expansionista em mente desde o início, era muito mais fácil transformar o cidadão comum em soldado se só o que lhe faltava era a farda. A ideologia nazista já estava impregnada em seu caráter e a arma já estava acostumada ao seu punho.

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Bolsonaro não pretende uma Guerra, afinal o mundo de hoje é diferente do dos anos 1930 e 40, e o Brasil é diferente da Alemanha. Mas o princípio de produzir um exército de cidadãos cegamente beatos a ele e armados para defender tudo o que ele prega é a transposição contemporânea mais real que podemos ter do hitlerismo.

E é essencial que entendamos que o plano não parará por aí. Novas leis virão e novas formas de molde desta milícia serão arquitetadas. Cabe aqui uma reflexão: diante desta terrível realidade, o jornalista Breno Altman escreveu o seguinte em seu Twitter: “Devemos lutar contra decretos que ampliam direitos à compra e posse de armas, porque fortalecem milícias urbanas e rurais. Se forem aprovados, no entanto, militantes de esquerda deveriam exercer todos os direitos legais de adquirir e possuir armas, além de buscarem treinamento.”

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Não entrarei no mérito de sua opinião, afinal isto seria tema específico para um outro artigo. Quero somente me perguntar e perguntar à leitora e ao leitor: se a ideia de Altman começar a se concretizar e a Resistência anti-bolsonarista começar a comprar armas da mesma forma que os bolsonaristas, qual será o próximo passo de Bolsonaro? Uma lei como a de Hitler com relação aos judeus é hoje impossível. Provavelmente ele incentivaria então um mercado ilegal paralelo que dobrasse o fornecimento de armas exclusivamente aos seus seguidores, para que, mesmo que a Esquerda se armasse, estes estivessem ainda mais armados. Moral da história: não há fim para um círculo vicioso como estes. Com um chefe de milícia no poder e construindo seu exército diante de nossos próprios olhos, mais “Daniéis Silveiras” se sentirão confiantes para intimidarem quem quiserem e quando quiserem. Seja na câmara dos deputados, seja na rua, seja no escritório, seja no supermercado, sob a mentalidade “Assassinamos e quebramos a placa de homenagem de nome de rua, porque estamos protegidos por nossas armas e nossos líderes armados.”

Para quem conhece profundamente a história do Nazifascismo, é evidente e inequívoco que os passos de Bolsonaro seguem nitida - e abertamente os de Hitler e de Mussolini - com uma roupagem contemporânea, é claro. E este capítulo das armas é um dos mais marcantes, afinal sabemos que armas são compradas para serem usadas. E se há por trás delas um símbolo “mítico” que legitima o disparo em nome daquilo que chama de “Bem”, “Força” e “Liberdade”, fica fácil prevermos que o derramamento de sangue de seus opositores está a um dedo no gatilho.

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