CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
blog

Conciliar ou governar

Sem mais floreios, não creio no nome de Cappi para a condução da política econômica do país. Não é ortodoxia, mas lógica

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Pela primeira vez, Dilma Rousseff flerta com a abertura do núcleo duro do governo. Após 12 anos, a política econômica do país cogita estar sob a direção de um agente do mercado financeiro. Trata-se do presidente do Bradesco, Luiz Trabuco Cappi, cotado para assumir o Ministério da Fazenda.

Se, por um lado, a Bolsa de Valores respondeu com fogos de artifício a simples menção do nome de Cappi, por outro, paira uma dúvida sobre o caráter desta sinalização: o governo atrai um operador para conquistar um porta-voz ou recorre até o mercado por conta de uma bolha perto de explodir.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Na última década, o governo apostou, claramente, no manuseio de uma linha de resistência e de suporte dos preços intermediária, entre a condução econômica a partir da Esplanada dos Ministérios e a autonomia do Banco Central. Ou seja: quem abre e quem fecha os cofres é o governo. Não é o mercado quem atira primeiro para perguntar depois sobre a taxa Selic. A diferença consiste – basicamente – na defesa dos interesses do Estado em contraposição aos rompantes do mercado. Até então, todos os indicativos, apesar da cizânia de Neca Setubal e do Manhattan Connection, apontam um plano de voo sem turbulência capaz de garantir a política de Bem Estar Social em curso no país.

Soa, portanto, estranha a adesão de um operador financeiro apenas para servir de elo entre os empresários e o governo. No máximo, se a economia não passa por nenhum tipo de risco eminente de recessão, o nome de Cappi poderia vir a ser cotado para a presidência do Banco Central, a exemplo de Henrique Meirelles. Apesar da repercussão positiva do nome dele, o tiro sairia pela culatra, caso a linguagem neoliberal natural de quem tem origem no mercado financeiro prevaleça e o único ajuste fiscal possível seja aquele que prevê cortes em direitos, políticas sociais e investimentos de infra-estrutura. Ao invés de uma bolha econômica para conter, o governo pode vir a lidar com uma base social contrariada e repulsiva.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ao longo da história - não seria a primeira vez – volta e meia a economia e a nação ensaiam um divórcio, como diria o sociólogo Roberto Schwarz. "No Brasil corremos o risco de ver reprisado o desastre da abolição, quando os senhores, ao se modernizarem, se livraram dos escravos e os abandonaram à sua sorte". Sem mais floreios, não creio no nome de Cappi para a condução da política econômica do país. Não é ortodoxia, mas, lógica. É incoerente buscar soluções de diálogo com uma moeda de troca impossível de ser resgatada como o Ministério da Fazenda. Neste ínterim, conciliar é não governar.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO