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Heba Ayyad

Jornalista internacional e escritora palestina

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Conselho de Segurança da ONU discute situação das mulheres e crianças em Gaza

Sessão especial foi realizada a pedido das missões dos EAU e de Malta

Reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a Ucrânia (Foto: REUTERS/Carlo Allegri)

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Sima Bahouth, Diretora Executiva da ONU Mulheres, foi a primeira dos três oradores, saudando a notícia de que 50 reféns israelenses, todos mulheres e crianças, seriam libertados em troca da libertação de 150 mulheres e crianças palestinas e de uma trégua humanitária para o povo de Gaza ontem. Em seu discurso, Bahouth apelou à extensão da trégua como um cessar-fogo e à libertação incondicional dos restantes reféns. Também apelou ao fim imediato do bloqueio, começando pelas garantias de acesso à água. Ela afirmou: "A brutalidade e a destruição que o povo de Gaza é forçado a suportar sob nossos olhos atingiu um nível que nunca testemunhamos antes. As estimativas indicam que 67% das mais de 14.000 pessoas mortas em Gaza são mulheres e crianças, e que duas mães são mortas a cada hora e sete mulheres são mortas a cada duas horas."

Esta sessão especial foi realizada sobre as condições de mulheres e crianças em Gaza, a pedido das missões dos EAU e de Malta. Por parte das Nações Unidas, funcionárias da ONU Mulheres, da UNICEF e do Fundo de População das Nações Unidas falaram na sessão.

A Diretora Executiva da ONU Mulheres afirmou que a cada dia que passa representa 24 horas de medo e incerteza incalculáveis para os reféns, incluindo mulheres e meninas, detidos pelo Hamas. A pesquisa destacou que mais de dois milhões de palestinos em Gaza viveram 47 dias temendo por suas vidas, enfrentando condições extremas. 180 mulheres dão à luz diariamente sem acesso a água, analgésicos, anestesia para cesarianas, eletricidade para incubadoras e suprimentos médicos. Apesar disso, elas continuam a cuidar de seus filhos, dos doentes e dos idosos, enfrentando múltiplos riscos em abrigos sobrelotados.

As mulheres em Gaza expressaram suas orações pela paz, mas, se a paz não for alcançada, desejam uma morte rápida enquanto dormem, com seus filhos nos braços. A pesquisa também abordou a escalada na Cisjordânia, mencionando a demolição de infraestruturas públicas, cancelamento de autorizações de trabalho, aumento da violência dos colonos e detenções, afetando significativamente a vida e os meios de subsistência das mulheres.

A diretora da UNICEF, Catherine Russell, classificou os efeitos da violência em Gaza contra crianças como catastróficos, indiscriminados e desproporcionais. Ela enfatizou que tréguas humanitárias não são suficientes, apelando a um cessar-fogo imediato para interromper as mortes e a destruição.

Russell mencionou relatos alarmantes de mais de 5.000 crianças palestinas mortas em 46 dias, aproximadamente 115 por dia, representando 40% das mortes em Gaza. Ela destacou a gravidade, considerando Gaza o lugar mais perigoso para crianças no mundo. Mais de mil e duzentas crianças são relatadas como desaparecidas ou sob escombros. Comparou o atual aumento de mortes com dados anteriores, apontando que as mortes de 1.653 crianças foram registradas em 17 anos de monitoramento entre 2005 e 2022.

Na Cisjordânia, 56 crianças foram mortas nas últimas seis semanas, com dezenas deslocadas. A UNICEF estima que 450 mil crianças na Cisjordânia necessitam de assistência humanitária.

Russell, após visitar o sul da Faixa de Gaza, expressou choque ao testemunhar a situação no terreno, compartilhando histórias como a de uma menina de 16 anos gravemente ferida. No Hospital Nasser, descreveu crianças lutando pela vida em incubadoras, destacando a falta de combustível para dispositivos médicos.

Diretor do Fundo de População das Nações Unidas: A situação é mais do que um desastre

Também discursou perante o Conselho de Segurança da ONU a Diretora Executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Dra. Natalia Kanem, que afirmou que a situação enfrentada pelas mulheres e meninas envolvidas no conflito ia além do que descreveu como um desastre. Diante das condições terríveis em que aproximadamente 180 mulheres dão à luz diariamente, ela declarou: “O momento em que uma nova vida começa, que deveria ser um momento de alegria, é ofuscado pela morte, destruição, horror e medo”.

Kanem compartilhou a história de uma mulher chamada Reham, grávida de dois meses e sofrendo de sangramento: “Há um tratamento que eu deveria fazer, mas não consigo. Mulheres grávidas como eu deveriam beber leite e comer ovos. Todas as padarias foram bombardeadas. Não há pão nem água.”

Ela ressaltou que a falta de alimentos, água e produtos de higiene em toda Gaza cria fatores de risco para mulheres e meninas, enquanto os ataques militares e operações próximas a hospitais colocam suas vidas em perigo.

Kanem observou que o Fundo de População das Nações Unidas conseguiu até agora entregar cinco caminhões carregados com produtos de saúde reprodutiva para Gaza, mas enfatizou que isso não é suficiente para atender às enormes necessidades das mulheres e meninas.

Ela acrescentou: “Na verdade, há uma necessidade urgente de mais ajuda em Gaza para salvar vidas e interromper a torrente de sofrimento humano. O acesso irrestrito a trabalhadores e suprimentos humanitários, incluindo serviços de saúde sexual e reprodutiva, é uma questão de vida ou morte para mulheres e meninas.”

Ela apelou à proteção dos civis e das infraestruturas de que dependem, incluindo hospitais e abrigos. Kanem destacou que os hospitais de Gaza foram destruídos em grande escala e que aqueles que ainda prestam serviços muito limitados atingiram o ponto de ruptura.

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