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Juca Simonard

Jornalista, tradutor e professor de francês. Trabalhou como redator e editor do Diário Causa Operária entre 2018 e 2019. Auxiliar na edição de revistas, panfletos e jornais impressos do PCO, e também do jornal A Luta Contra o Golpe (tabloide unificado dos comitês pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro).

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Contra Lula e pelo golpe, direita prepara a Operação Huck

Com a campanha pela “terceira via” e da “renovação da política”, a direita quer enganar a população e realizar uma manobra para chegar ao poder e manter a política do golpe de Estado… mas sem Bolsonaro

Luciano Huck (Foto: Reprodução)
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Por Juca Simonard

A direita está preparando a ‘Operação Luciano Huck’. O cenário da eleição presidencial de 2022 ainda é incerto, mas os golpistas já preparam suas cartas para ganhar o pleito. Ainda há muito caminho pela frente. O “centro” político, que na realidade é o setor mais tradicional da burguesia, já anuncia os nomes mais prováveis para lançar a candidatura. Huck, João Doria e Ciro Gomes são os nomes apoiados pela imprensa para barrar a manutenção de Jair Bolsonaro e impedir a volta do PT à Presidência da República.

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O Estado de S. Paulo, nesta segunda-feira, 28, publicou seu podcast “Estadão Notícias” inteiramente para divulgar a candidatura de Luciano Huck. O apresentador que quase foi candidato em 2018 fala sobre seus desejos de “liderar uma geração” e, quando perguntado sobre sua possível candidatura, afirmou: “estou aqui”. O Estadão deu destaques a estas e outras declarações do apresentador.

No vale tudo para divulgar Huck, a imprensa golpista apresenta-o como um ativista político dedicado com o povo brasileiro e um cidadão comprometido com os rumos do País. O apresentador do “Caldeirão do Huck”, que fez campanha para Aécio Neves em 2014, aparece como um homem ativo nos bastidores da política, mas o podcast busca diferenciá-lo do restante da “classe política”. O termo confuso é proposital e faz parte de uma manobra da direita para “renovar” os seus quadros diante do esfarelamento do atual regime, mas mantendo políticos comprometidos com seus interesses.

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O apresentador é próximo dos grupos Renova BR e do Movimento Agora, ambos apoiados por instituições e institutos patrocinados pelos capitalistas. No geral, trata-se de uma enganação para, diante da atual crise política dos setores mais tradicionais, apresentar candidatos da “nova política” defendendo os mesmos velhos interesses. Um exemplo disso é a deputada federal Tábata Amaral (PDT), fundadora do Movimento Acredito, afilhada política de Ciro Gomes e representante no Congresso do empresário João Paulo Lemann. Ela votou pela destruição da Previdência social na “reforma” do governo Bolsonaro junto com a “velha” direita.

Huck não difere dela. O apresentador seria uma versão mais “popular” da deputada pedetista. A campanha pelo “novo” na política é uma fraude para substituir os velhos setores desmoralizados diante do povo por personalidades menos atingidas pela crise.

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Ainda, na mesma lógica do vale tudo, Huck é apresentado, diante de seus 20 anos como apresentador da televisão, como um homem do “popular”, que consegue, segundo os comentaristas do Estadão, ter um apoio da população mais pobre, roubando uma das bases da esquerda, ao mesmo tempo em que tem apoio do empresariado.

Assim, ele seria uma homem do “centro”, e os comentaristas querem comprovar isso falando de seu apoio entre políticos do DEM, de Rodrigo Maia, que seria de “centro-direita”, e do Cidadania, de Roberto Freire, que seria de “centro-esquerda”. Uma mentira, pois nem o DEM é de centro-direita, nem o Cidadania é de esquerda. 

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O primeiro é um remanescente da ARENA, partido oficial da ditadura militar, e que reúne até hoje os elementos mais reacionários da política brasileira: o latifundiário assassino de sem terras e indígenas Ronaldo Caiado, o oligarca nordestino sem escrúpulos Agripino Maia e assim por diante. O próprio presidente da Câmara, do DEM, é hoje um dos principais motivos pelo qual o governo Bolsonaro ainda se mantém em pé.

Já o Cidadania, de Roberto Freire - antigo PPS e, antes, PCB - tornou-se uma sublegenda do PSDB; participou do governo golpista de Michel Temer, no qual Freire foi ministro da Cultura; apoiou o impeachment ilegal contra Dilma Rousseff; e no Congresso vota junto com a direita e a extrema-direita para aprovar os interesses dos grandes capitalistas e atacar a população.

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Estes são os apoiadores “moderados” de Luciano Huck: golpistas que sustentam o governo podre de Bolsonaro e são inimigos da população. Porém, a mentira propagada pelo Estadão tem um interesse específico: apresentar Huck como um homem moderado, racional, alternativo, de “terceira via”, que vai além da disputa eleitoral entre PT e Bolsonaro - um reflexo da polarização criada pelo golpe.

O podcast do jornal paulista faz propaganda pela “união do centro” para derrotar o lulismo e o bolsonarismo. Essa união, entretanto, aparece justamente para impedir o desenvolvimento, dentro do âmbito eleitoral, da luta contra o golpe, que se expressa por meio da candidatura de Lula; e para favorecer a manutenção do golpe por um setor da direita que, apesar de ter estimulado o bolsonarismo e os fascistas, está perdendo o controle do Estado pela extrema-direita. 

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Um exemplo claro da briga de quadrilhas direitistas pelo poder aparece no Rio de Janeiro, onde ora há ataques contra Marcelo Crivella, ora ataques contra Wilson Witzel e Eduardo Paes…

Essa “terceira via”, além do mais, é uma manobra para garantir a estabilidade do regime político golpista, pois para ascender ao poder já organiza a política da frente ampla eleitoral junto com um setor da esquerda, que criminosamente está disposta a “apoiar qualquer um contra Bolsonaro”.

Desta forma, com os golpistas impedindo a candidatura de Lula, a tendência é os defensores da frente ampla apoiarem um candidato de direita “moderado” para “derrotar Bolsonaro” ou “defender a democracia”. Isto é, estarão dispostos a defender a manutenção do golpe de Estado para vencer o bicho papão Bolsonaro.

Com toda a campanha da imprensa, da esquerda e da oposição, essa candidatura deve ter apoio de um setor da classe média anti-Bolsonaro e dos bolsonaristas “arrependidos” (que continuam defendendo a aniquilação da esquerda e do movimento operário e popular). Assim, o governo assumiria com uma aparente legitimidade - naturalmente, se Lula não participar do pleito será novamente uma fraude.

Com a política criminosa de algumas lideranças da esquerda que se uniram com a burguesia, os golpistas vão conseguir o impossível: colocar no poder um setor sem apoio real dentre a população em um governo relativamente estável. Um prato cheio para a política do golpe de Estado.

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