COP30 e popularização das Ciências da Terra
A COP30 em Belém reforça a urgência de democratizar o acesso ao conhecimento científico para enfrentar a crise climática
As questões ecológicas e ambientais, que a cada dia vêm ganhando mais importância na vida das pessoas do planeta, levam os profissionais e pesquisadores que atuam em várias áreas da ciência a uma mudança em seu perfil de atividades. Em vários países, as instituições dessa área de atuação estão realizando reformulações estruturais para atuar nas diferentes relações existentes no meio ambiente.
Considera-se que as Ciências da Terra incluem tudo o que diz respeito ao conhecimento e ao manejo tecnológico dos aspectos inerentes ao nosso planeta, seus processos naturais e sua dinâmica, especialmente a que se manifesta em sua superfície.
É nesse contexto que deve ser melhor compreendido o ciclo da água, ou ciclo hidrológico. A origem da atmosfera e as primeiras manifestações de vida em nosso planeta estão intimamente relacionadas. As águas atmosféricas, que iniciaram o ciclo hidrológico, formaram-se a partir do resfriamento e do escape de gases das rochas há mais de 3,5 bilhões de anos.
Para formar essa atmosfera, também um grande número de cometas, compostos essencialmente por água congelada, foi sendo capturado pela órbita da Terra num passado remoto. E foi assim, graças a essas águas, que surgiu uma primeira sopa orgânica, onde se sintetizaram os primeiros organismos e depois proliferaram os seres vivos.
Desse modo, o caminho das águas na crosta terrestre é bastante complexo. Por causa da energia solar, uma molécula de água, por um número infinitamente grande de estímulos, pode ser evaporada do oceano e a ele retornar, precipitada pelas chuvas. Pode, também, cair sobre os continentes, infiltrando-se no solo, ser absorvida pelas plantas ou retornar indiretamente aos mares pelos rios e ribeirões.
E, por onde passa, a água produz modificações. Pode dissolver os minerais das rochas e arrastar seus componentes para locais distantes, onde serão depositados. Pode formar rios, lagos e oceanos, acumulando um volume considerável de espécies aquáticas. Pode transbordar em áreas de inundação e causar prejuízos econômicos em zonas urbanas. Pode se acumular no subsolo e constituir os aquíferos ou reservatórios de águas subterrâneas.
“O estado do Pará se prepara para receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. De acordo com estimativas da Fundação Getulio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da conferência. Desse total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada ‘família COP’, formada pelas equipes da ONU e delegações de países-membros.” [1]
Assim, nesse cenário da COP30 que se aproxima, considerando-se que a finalidade da educação é a constituição de uma consciência crítica, um plano de trabalho voltado para a difusão, a popularização de conceitos científicos [2] e a desconcentração da produção de conhecimento permitiria uma maior apropriação pública das informações, muitas vezes restritas à comunidade técnico-acadêmica, fortalecendo a participação cidadã.
A difusão e a popularização dessas informações poderão utilizar os recursos da mídia, hoje reorganizados em um novo padrão, no qual a transferência das informações disponíveis já se daria a partir da criação de um site na internet, para o desenvolvimento e aprimoramento de um sistema mais amplo e integrado.
Como a internet é o caminho mais fácil para essa intercomunicação, esta é uma etapa importante a ser vencida para que um processo participativo, com acesso livre às informações, se torne uma necessidade e uma estratégia de geração de impacto, visando ao acompanhamento e à atualização “em tempo real” das ações em andamento e/ou a serem concluídas nesta COP30.
“Este é o sentido em que há, hoje em dia, um consenso de que a missão do educador popular é participar do trabalho de produção e reprodução de um saber popular, aportando a ele, ao longo do trabalho social e/ou político de classe, a sua contribuição específica de educador: o seu saber erudito (o da ciência em que se profissionalizou, por exemplo), em função das necessidades e em adequação com as possibilidades de incorporação dele às práticas e à construção de um saber popular.” [3]
“A democracia é atividade criadora dos cidadãos e aparece em sua essência quando existe igualdade, liberdade e participação.” — Marilena Chaui.
Fontes
[1] “Rumo à COP30”.
https://www.gov.br/planalto/pt-br/agenda-internacional/missoes-internacionais/cop28/cop-30-no-brasil
[2] “Popularização das Ciências” artigo de Heraldo Campos de 13/07/2019.
https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2019/07/popularizacaodas-ciencias-de-heraldo.html
[3] Freire, P. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa. Editora Paz e Terra, São Paulo, 2002, 25ª edição, p.28.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

