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      Jean Menezes de Aguiar

      Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

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      CPI da Petrobras pode ser um tiro no pé – da oposição

      A sociedade está de olho na roubalheira havida na Petrobras, mas estará de olho no comportamento aventureiro, dândi ou inconsequente de qualquer político que se meta a besta

      Sempre as oposições quiseram 'incendiar' as instituições e entidades públicas com CPIs. Isso não é invenção do PSDB. Qualquer coisinha, uma CPI tinha que ser instaurada sob pena de a democracia e o sistema republicano estarem ameaçados. O PT também agiu assim.

      É claro que muitos perceberam o terrorismo legislativo que é esta dialética cênica. Gera danos, não se pensa no país e fica claro que a única intenção é fazer arder os inimigos.

      Agora parece vir a CPI da Petrobras. Se o parâmetro vultoso em milhões de reais comprometido com corrupção é, por si só, caso de CPI, a coisa até se justifica. Mas aí haveria outras CPIs históricas em diversas entidades e organismos públicos com lamaçais envolvendo também centenas de milhões de reais que precisariam ser 'investigadas'. E nunca se investigou nada. Mas tudo bem, um erro não justifica o outro.

      Algumas CPIs expuseram a debilidade que é o próprio sistema de 'investigação' pelo Legislativo. Vedetismos, vaidades, futricas, palco, shows personalistas e cenários de briguinhas quase que de comadres costumam ser ingredientes se não dantescos ou patéticos, pelo menos seriamente retiradores da seriedade que seria uma CPI.

      Dá para se perceber que a CPI e nada costuma ser mais ou menos a mesma coisa? Desgraçadamente sim. Em nome dela se alocam automóveis, motoristas, seguranças, médicos, estruturas milionárias. Nada pode faltar aos mimados do Legislativo remunerados como principezinhos pelo otário povo brasileiro – incluo-me aí.

      Hai de quem não chamar um desses caras aí de 'excelência'. É capaz de sair preso na hora. Enquanto que eles fazem questão de tratar as testemunhas, do povo, como 'senhoria', uma inversão tosca, afinal quem é excelência é o povo, não qualquer cargo público. Um ridículo provincianista só.

      Mas aproveitando o gancho, a Petrobras. O grande problema dos vitoriosos (vitoriosos?) da instauração da CPI da Petrobras é o efeito colateral que se lhes pode bater na cara. Ok, vão fazer o quê com a Petrobras? Demoli-la? Arruiná-la no mercado?

      Uma CPI é uma nota de desconfiança escrachada sobre o trabalho do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal. Vocês não sabem investigar, alguém grita, quem sabe somos nós, deputados e senadores. 'Ok'.

      O governo deveria parar de resistir à CPI e 'entregá-la' de presente e rápido à oposição. Início de governo, Dilma reeleita, ministro da Fazenda trocado para gosto dos conservadores. Vão fazer o que com a Petrobras? Vão investigar o que? O que vão conseguir diferentemente que um juiz – inclusive o Supremo Tribunal Federal- e investigadores hábeis não conseguem?

      Surfar na onda dos outros é bom. É isso que se busca com essa CPI. O problema é que a Petrobras é um patrimônio da sociedade, o governo não tolheu em nada a investigação pela sua Polícia Federal e o Judiciário com a autonomia constitucional de Poder que tem não deve satisfações a este ou aquele político. Apenas à sociedade.

      Que venha a CPI. Mas que saibam os que já prepararam a prancha para surfar que o mar está alto. A sociedade está de olho na roubalheira havida na Petrobras, mas estará de olho no comportamento aventureiro, dândi ou inconsequente de qualquer político que se meta a besta.

      A conquista do "O petróleo é nosso" é muito maior que qualquer CPI.

      Do blog Observatório Geral

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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