Crédito do Trabalhador é inclusão financeira e economia aquecida
Nova medida do governo Lula enfrenta taxas de juros abusivas e inclui microempreendedores individuais no mercado de crédito, escreve Aquiles Lins
O governo Lula deu nesta quarta-feira (12) um passo importante para democratizar o acesso ao crédito e reduzir a dependência dos trabalhadores aos juros abusivos cobrados pelos bancos privados. Com a criação do Crédito do Trabalhador, empregados do setor privado poderão utilizar a Carteira de Trabalho Digital para contratar empréstimos consignados com taxas mais baixas, tendo como garantia recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Essa medida amplia o alcance do crédito consignado e favorece milhões de brasileiros que, até então, estavam excluídos dessa modalidade de financiamento.
A iniciativa do governo tem potencial para impactar diretamente uma grande parcela da força de trabalho do país. O Brasil conta atualmente com 47 milhões de trabalhadores formais, incluindo 2,2 milhões de empregados domésticos e quatro milhões de trabalhadores rurais, além de microempreendedores individuais (MEIs). Esses grupos, que antes não tinham acesso ao crédito consignado, poderão agora se beneficiar de taxas de juros mais acessíveis, reduzindo sua vulnerabilidade financeira e evitando a armadilha do endividamento com modalidades mais onerosas, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial.
Politicamente, o governo Lula pode colher ganhos significativos com o Crédito do Trabalhador, especialmente junto às classes médias e aos trabalhadores formais. Essa medida reforça a imagem do governo como um agente de proteção econômica para aqueles que historicamente sofrem com a alta dos juros e a exclusão do sistema financeiro. Além disso, ao oferecer crédito consignado com taxas menores, o governo se posiciona contra os abusos do setor bancário, um tema sensível que ressoa bem entre eleitores preocupados com endividamento e dificuldades financeiras.
Outro efeito positivo para o governo é a ampliação da base de apoio entre microempreendedores individuais (MEIs), um segmento que muitas vezes transita entre o voto em candidatos progressistas e liberais, dependendo das condições econômicas. Se a medida for bem implementada e gerar impacto visível na economia, o governo poderá capitalizar politicamente, mostrando-se como um defensor do crescimento do consumo e da inclusão financeira.
Essa política de crédito se soma a outra medida relevante do governo Lula voltada para as camadas médias da população: a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Em encontro com líderes de partidos na Câmara, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, informou que o governo enviará ainda em março ao Congresso o projeto de lei. Ambas as iniciativas demonstram um esforço concreto do governo para aliviar o peso financeiro sobre trabalhadores e pequenos empresários, oferecendo condições mais justas para o acesso a crédito e ao consumo.
A nova iniciativa do governo Lula pode ser um divisor de águas para equilibrar o mercado de crédito no Brasil. A aposta do governo parece ser a de que a redução dos juros para trabalhadores formais e MEIs resultará em um ciclo virtuoso: menos endividamento caro, mais capacidade de consumo e investimento, e um impacto positivo no crescimento econômico. Se essa equação se confirmar, mesmo setores do mercado financeiro poderão se beneficiar do aumento da liquidez e da estabilidade financeira dos consumidores.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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